Cinema com Rapadura

Colunas   quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Dragonball Evolution tem um jogo tão ruim quanto o filme. Imagina?

Limitado ao extremo, o game é desagradável mais por causa do filme do que pelo jogo. Cenários limitados e extremamente repetitivo.

Akira Toriyama ficou popular no mundo por ser o criador de dois mangás (histórias em quadrinhos feitas no estilo japonês): Dr. Slump e a interminável/fantástica saga Dragon Ball. Esse último, lançado em 1986, ganhou fama quando tornou-se um anime, que até os dias de hoje passa na TV. Assim como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball está no imaginário daqueles que eram adolescentes nos anos 90 no Brasil. Toriyama também trabalhou como desenhista de personagens nos jogos da série Dragon Quest e do clássico do Super Nintendo Chrono Trigger.

Dito isso, em 2009 a 20th Century Fox decidiu adaptar para os cinemas a saga do jovem Goku. Lançado como Dragonball Evolution, o filme foi um desastre de crítica e público. Ficou totalmente diferente do esperado. A Fox disse que o Evolution do nome era para representar que a adaptação seria uma “evolução” dos personagens para o mundo real. Não deu certo. Muitas das caracterizações foram fracassadas e fugiram totalmente do original. Não que precisem ser idênticas, mas toda a essência que ficou popular nos desenhos foi jogada no lixo.

A Namco Bandai Games produziu um jogo com exclusividade para PSP (Playstation Portátil) baseado no filme. Trata-se de um game de luta em três dimensões baseado fielmente na história e no visual dos personagens das telonas. Tem todos os ingredientes para dar errado e repetir o fracasso do filme nos cinemas, mas alguns pontos se salvam.

O jogo transcreve perfeitamente a desastrosa adaptação da história do personagem Goku, que é interpretado nos cinemas por Justin Chatwin. Portanto, não tinha como ser diferente, o carro chefe é o modo Story. Nele você começa jogando com o protagonista e vai se aventurando com os demais personagens, como o Mestre Kame (Chow Yun-Fat), Chi-Chi (Jamie Chung) e Gohan (Randall Duk Kim). Acontece uma narração extremamente mal feita e estática da história, e acabamos só tomando controle da situação durante as lutas.

O sistema de batalha é muito limitado. É tão simples que acaba ficando muito fácil e desanimador. Ao terminar todos os modos, você esquecerá o jogo. Dá para usar seis botões para jogar, sendo um para defesa, um para encher a barra de energia (Ki), um para acelerar o ataque, dois para fazer combos e um para fazer especiais. De resto, basta apertar todos os botões ao mesmo tempo que acaba saindo alguma coisa. Se você apertar Start, tem como conferir uma lista de sequências e especiais. Só se salvam a velocidade e as sequências de especiais, que chegam a ser fieis ao desenho, não ao filme (que mal tem magia).

Os gráficos e a trilha são tão repetitivas que com uma hora de jogo você não aguentará mais olhar para tela. É cansativo. Cenários precários e pouquíssimas músicas, que não lembram nem de longe o carisma das canções do anime. A caracterização dos personagens das telonas para o videogame é fiel, mas como ter carisma por uma adaptação que foi totalmente deturpada do original? Impossível gostar, exceto a Bulma, que está linda, como sempre. A limitação gráfica dos cenários é resultado do grande esforço da Bandai em focar nos personagens e nas animações do modo Story. Uma pena que ela acabou esquecendo do resto.

A grande motivação para jogar é a possibilidade liberar os extras, já clássicos em videogames portáteis e consoles de última geração. São acumulados pontos onde podem ser usados para ter acesso a storyboards (que são melhores que o filme), fotos dos sets de filmagens, roupas alternativas dos personagens e dois curtas extras.

Limitado ao extremo, Dragonball Evolution é desagradável mais por causa do filme do que pelo jogo. É até um pecado ter esse título perto dos vários outros de luta disponíveis para o PSP. Recomendamos que vá atrás dos jogos da série Dragon Ball Z: Budokai. Mesmo não sendo as maiores maravilhas do mundo, nos jogos da série temos acesso aos clássicos personagens do anime e explosões magníficas, dignas da série. No site oficial do jogo, você pode conferir algumas informações extras, para desistir de vez de jogar.

No final do modo Story aparece: “Thank You for Playing” (obrigado por jogar). É um baita favor jogar esse game. Namco, você está me devendo uma…

PRÓS
– Velocidade na batalha e grandes especiais
– Extras variados a serem liberados

CONTRAS
– Pobre graficamente
– Músicas quase inexistentes
– Mais fácil que encontrar água no mar
– Personagens limitados ao filme
– Jogabilidade simples
– Falta de replay

Jurandir Filho
@jurandirfilho

Compartilhe

Saiba mais sobre


Conteúdos Relacionados