Academia defende decisão de não exibir quatro categorias no Oscar 2019; entenda
Presidente da Academia afirma que ninguém será prejudicado; diretores de fotografia, editores e cineastas continuam a criticar a medida.
Na segunda-feira (11) a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que quatro categorias não seriam televisionadas ao vivo no Oscar 2019, e o discurso dos vencedores seriam exibidos nos comerciais. A decisão não foi bem recebida pelo público nem por muitos membros da indústria, inclusive alguns indicados da premiação deste ano. Por conta da repercussão negativa, o presidente da Academia, John Bailey, reforçou em outro comunicado (via The Hollywood Reporter), que a medida não tem intenção de menosprezar as categorias em questão, e que os vencedores não serão afetados.
“Nenhuma categoria no 91° Oscars será apresentada de maneira que mostre que as conquistas de seus indicados e vencedores são menos merecedoras que as outras”, afirma parte da carta.
Bailey e os membros da diretoria não têm planos de reverter a decisão, e a declaração culpa a forma que a mídia tratou o assunto, como “uma cadeia de informações equivocadas que compreensivelmente chateou muitos dos membros da Academia”. De acordo com Bailey, um vídeo demonstrando como seria o formato das categorias editadas foi mostrado para os comitês de diversos ramos da Academia, que o classificaram como “respeitoso”. A medida foi aprovada em comum acordo, depois que membros das categorias de Fotografia, Edição, Maquiagem e Cabelo, Curta-Metragem e mais outras duas se voluntariaram para o processo, segundo o presidente da Academia.
No entanto, em nova declaração, a Associação de Diretores de Fotografia (ASC) negou que seus membros foram consultados sobre o assunto.
“Parece que quase ninguém sabia sobre isso e nenhum dos nossos membros foi consultado ou teve sua opinião aceita no processo dessa decisão”, diz parte da declaração.
A ASC também refutou a visão da Academia de que a imprensa estaria divulgando informações equivocadas sobre a questão, afirmando que “não há espaço para interpretação errada, pois a imprensa cobriu bem o assunto, e deve ser elogiada por estar cobrindo os dois lados da história igualmente”.
A organização dos Editores de Cinema Americanos também emitiu uma declaração, condenando a decisão da Academia, afirmando que os cortes das categorias “não diminuirão mais do que alguns minutos do tempo de exibição”, e assim, não afetaria a estratégia de fechar a cerimônia em três horas de duração.
“Mesmo que entendamos a tremenda pressão que a ABC está colocando na Academia para diminuir o tempo da cerimônia, nós não concordamos com qualquer ideia que diminua o esforço pelo qual lutamos tanto: promover e reconhecer a Edição como posição criativa chave no processo cinematográfico”, diz a declaração.
Ainda assim, a Academia defende sua posição, e garante que a cerimônia celebrará todas as categorias igualmente e de forma satisfatórias para os indicados e o público. Por fim, uma das produtoras do Oscar 2019, Donna Gigliotti, concluiu:
“Você tem 90 segundos: você faz seus discurso, você vai ter o Oscar na sua mão, será um ótimo momento. O que acontece na versão editada é que o público não verá você andando para o palco. Mas se eles se mantiverem no tempo de 90 segundos, ninguém vai editar nada do discurso”.
Muito do problema desta medida foi discutido nesta postagem. Desde então, vários outros cineastas e membros da indústria cinematográfica expressaram seu descontentamento com a decisão, publicando uma carta, que já foi assinada por nomes como Martin Scorsese, Quentin Tarantino, Spike Lee, Christopher Nolan, Roger Deakins, Emmanuel Lubezki e vários outros.
A cerimônia do 91° Oscars acontecerá no dia 24 de fevereiro, às 22h (horário de Brasília).
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