Cinema com Rapadura

Entrevistas   segunda-feira, 18 de novembro de 2019

[ENTREVISTA] Bate Coração | “Há várias possibilidades de se fazer uma comédia”, diz o diretor Glauber Filho

O Cinema Com Rapadura conversou com o diretor e os protagonistas de "Bate Coração", longa cearense que aborda o humor de uma maneira simples e diferente.

[ENTREVISTA] Bate Coração | “Há várias possibilidades de se fazer uma comédia”, diz o diretor Glauber Filho>

Dirigido por Glauber Filho (“As Mães de Chico Xavier“) e estrelado por André Bankoff e Aramis Trindade, “Bate Coração” é a primeira comédia do diretor cearense e marca sua quinta parceria com a produtora de filmes espíritas Estação Luz. Inspirando-se nos textos teatrais “Acredite, um espírito baixou em mim” e “O coração safado”, ambas do dramaturgo Ronaldo Ciambroni, as temáticas espíritas são uma base para discutir assuntos como machismo, LGBTfobia e doação de órgãos.

Cinema Com Rapadura teve a oportunidade de realizar uma entrevista por telefone com Glauber Filho, André Bankoff e Aramis Trindade, abordando como o filme promete tratar de assuntos muito importantes de forma simples e delicada.

Glauber Filho (Diretor): “Bate Coração”  não é uma obra baseada em psicografias ou biografias, ele é um filme de uma livre criação. Porém, existe questões que são postas ali que fazem parte do universo espírita e também do pensamento mais humanístico, da relação humanitária, da relação de um ser humano com o outro. Então, nesse sentido, o filme dialoga não somente com a questão restrita em si do espiritismo, mas, sobretudo, com algo muito mais amplo.

Nós entendíamos que ao longo da história do cinema, a comédia sempre utilizou a figura dos LGBT’s, do gay de uma forma caricata para ser ridicularizada e provocar o riso a partir de um trejeito feminino. Sempre eram estereotipados dessa maneira. Então, nosso trabalho no roteiro foi desconstruir isso. O que nós trabalhamos como caricatura para se chegar ao riso, de fato, seria o Sandro. Em nossa discussão, nós invertemos isso. A partir da fobia do Sandro, a gente poderia construir uma caricatura, justamente porque assim, a gente mostraria o quão ridículo é um preconceito. Assim, trazer a reflexão sobre as questões que envolvem a transfobia, o machismo e trazer essa caricatura para causar o pensamento crítico.

André Bankoff (Sandro): Eu acho que o humor do filme é mais refinado, não é uma comédia rasgada como nós estamos acostumados a ver no cinema nacional, que às vezes força em cima de um humor já entregue no texto e na situação. Nós estamos acostumados a consumir uma comédia quase forçada goela abaixo e, por isso, acabamos perdendo a sutileza. Acho que “Bate Coração” tem sido muito feliz com isso. É uma comédia onde o humor já está empregado, a situação já está implícita. 

Eu vou ser bem sincero, eu não esperava que o Sandro fosse ser a história central do filme, para mim foi uma surpresa, porque no roteiro, eu não era a história central. No roteiro, a história central era mais o outro lado, era o lado da Isadora, e o Sandro meio que “costurava” a história. É lógico que o filme se faz na edição, né? De acordo como a história vai ser contada. E eu fiquei muito feliz de puxar o filme junto com o Aramis, podendo contar a história no lado do Sandro e da Isadora.

Aramis Trindade (Isadora): Olha, desde o princípio, o roteiro já pede uma certa carga dramática na personagem. Então, eu procurei me inspirar em uma coisa mais branda, tranquila, mais para Laerte do que para Rogéria, justamente para evitar correr esse risco do caricato. 

Eu e Glauber Filho tivemos uma boa relação no filme, tivemos uma identificação muito forte e isso foi muito positivo. Nas primeiras leituras, quando eu apresentei a ele, me pediu que eu ficasse nesse dez por cento mesmo, porque se fosse para oitenta ou noventa por cento poderia ficar over demais, entendeu? Mas, embora tenha esse tom ameno, digamos assim, não significa que não há carga dramática.

Eu acho que esse é o grande enfoque do filme, além da questão do preconceito. Acho muito importante que o filme fale sobre a doação de órgãos. Então, para mim, “Bate Coração” vem com essa sobrecarga emocional, sobrecarga no bom sentido. De significado. 

“Bate Coração” já está em cartaz em cinemas no Brasil.

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Ana B. Barros
@rapadura

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