Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 16 de agosto de 2008

Star Wars: The Clone Wars (2008): uma animação para crianças. Mesmo!

Fãs da hexalogia "Star Wars" terão uma experiência agridoce com este "Star Wars - The Clone Wars". Se, por um lado, verão novamente um filme da saga nos cinemas, por outro, tal longa está muito, mas muito longe de ter o impacto da trilogia clássica.

Poucas franquias cinematográficas são tão adoradas quanto “Star Wars”. Desde o lançamento nos cinemas do primeiro filme da saga, em 1977, a série arrebata uma verdadeira legião de fãs em qualquer mídia que passe, desde HQs até séries animadas. Após o sucesso da animação 2D sobre as Guerras Clônicas, George Lucas resolveu produzir mais uma série animada sobre o afamado conflito.

Lucas, sabendo que os fãs não perderiam uma oportunidade de assistir qualquer coisa relacionada a “Star Wars” nos cinemas, encomendou uma edição com o arco inicial de episódios da nova série em um longa-metragem, justamente este “Star Wars – The Clone Wars”. O resultado é mediano, para dizer muito.

A história se passa alguns bons meses depois de “Star Wars – Episódio II: O Ataque dos Clones”, com as Guerras Clônicas avançando a toda, com o conflito entre a República Galáctica e os Separatistas em seu auge. O exército republicano encontra-se impedido de mandar reforços para suas forças na orla exterior, já que tais rotas são controladas pelos seus inimigos e pelo clã criminoso dos Hutts. Sabendo que o filho de Jabba, líder dos gângsteres, havia sido seqüestrado, o supremo chanceler Palpatine pede aos Jedis que resgate o pequeno Hutt para consolidar uma aliança entre a República e Jabba.

No entanto, os dois únicos cavaleiros Jedi que podem realizar tal missão são Anakin Skywalker e Obi-Wan Kenobi, que encontram-se sitiados em um planeta distante, e ainda são perturbados pela chegada da aprendiza padawan de Anakin, a impetuosa Ahsoka Tano. Conseguindo se livrar de tais problemas, eles terão de negociar com Jabba e organizar o resgate do filho do criminoso, se envolvendo na perigosa trama criada por Darth Sidious e Conde Dookan, além de reencontrar a perigosa Asajj Ventress, uma aprendiza de Sith.

O que incomoda em “Star Wars – The Clone Wars” é que, de modo algum, se trata de uma produção para o cinema. Enquanto na telinha as imagens do filme seriam aceitáveis, nos filmes temos imediatamente a lembrança dos longas da Dreamworks ou da Pixar, que era um braço da própria Lucasfilm. Isso é somente na parte técnica. Na questão de roteiro, a situação se complica mais ainda.

Considerando que a cronologia de “Star Wars” é um dos aspectos mais presentes da franquia, ela é constantemente desrespeitada aqui, principalmente no terceiro ato, no qual Anakin enfrenta o Dookan (no “Episódio III” é dito que eles não se enfrentavam desde o “Episódio II”) e principalmente na facilidade com que Ahsoka se livra dos dróides finais, sendo que eles deram trabalho até mesmo para Anakin e Obi-Wan no já citado “Episódio III”.

Além disso, os dróides de batalha mais simples estão toscos, com uma inteligência extremamente limitada. Eles não sabem nem contar ou lidar com cadeia de comando, estando excessivamente “cômicos”. Além disso, os diálogos entre Anakin e Ahsoka são irritantes, já que um personagem fica alfinetando o outro o tempo todo. Ahsoka não tem uma desobediência mais “respeitosa” de Anakin para seu mestre no “Episódio II”, mas sim fica chamando o futuro Darth Vader de “SkyCara”, algo que não combina com a atitude de uma aprendiz de Jedi.

Enquanto o design de equipamentos e roupas é bastante desenvolvido, os personagens humanos jamais agradam, parecendo simples bonecos, lembrando mais a série “Os Thunderbolts” do que uma animação mais fluida. Simplesmente não combina com o visual estabelecido para a saga “Star Wars”.

O diretor Dave Filoni não trabalha muito bem com a linguagem do cinema, até porque não se trata originalmente de uma obra para cinema, mas sim de uma série de TV. Isso reflete na própria narrativa, que simplesmente não é organizada de uma maneira cinematográfica. Personagens aparecem e desaparecem sem grandes explicações, algo que realmente incomoda.

O tom é um pouco infantilizado demais para os fãs mais tradicionais. Basicamente um “Star Wars” para crianças, o longa tem o atrativo da marca, mas deve decepcionar um pouco aqueles que acompanham a saga desde seu início.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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