Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 14 de abril de 2007

Tartarugas Ninja – O Retorno

Nenhum tapete vermelho é bastante para o retorno triunfante de Leonardo, Raphael, Michelangelo e Donatello. Quatro mutantes-tartaruga dos quais aprendemos a gostar quando ainda éramos crianças, pré-adolescentes ou até adolescentes mesmo.

Acho que já disse isso em outras críticas, mas vale a pena repetir. Sinto um receio quando vejo notícias dizendo que títulos antigos – que inclusive me fizeram bem no passado – estão sendo ressuscitados. Falo dos famosos "O Retorno" que estão em moda ultimamente. Felizmente, minhas más expectativas estão sendo contrariadas de uma por uma.

O retorno das quatro tartarugas mais conhecidas do mundo está aí. Eu curti tanto o auge das sagas de Leo, Rapha, Mic e Don que me sinto um membro da família para chamá-los pelo apelido. E o filme vem para isso, ou seja, criar uma nova legião de fãs. Além, é claro, para proporcionar ótimos momentos de nostalgia para os marmanjos.

Como ponto forte da nova aventura dos comandados do saudoso Mestre Splinter está isso que acabei de falar: a nostalgia. Acho muito difícil aqueles que curtiram os desenhos animados, quadrinhos ou mesmo os jogos para videogame não se sacudirem ao ver o título Tartarugas Ninja numa sala de cinema, comercial de TV ou outdoor espalhado pela a cidade. Dá logo saudade dos personagens já citados e de outros, como April O'Neil (que agora é arqueóloga e não mais jornalista) e o atrapalhado Casey Jones. Para o bem da nação Kowabanga, todo esse pré-clima de nostalgia acaba por ser muito bem correspondido durante o filme, sobretudo na (re)apresentação dos queridos personagens.

Nada mais correto para o retorno das tartarugas do que ser por intermédio da animação 3D. Hoje em dia não dá mais para aceitar a técnica utilizada nos três primeiros filmes. Também não seria interessante para os fãs mais antigos verem uma animação em 2D. De início, os responsáveis já dão um tiro perfeito, pois a animação em 3D tanto anima os mais velhos e, até mais, os mais jovens. Por outro lado, a qualidade não é lá tão inebriante, todavia o objetivo geral é atingido, haja vista que o título não se vende como uma obra de animação. Longe disso! O título Tartarugas Ninja já tem um gênero próprio; único.

Não é só a qualidade da animação que não faz o filme ser perfeito. Infelizmente, o roteiro ficou raso. Não que seja ruim, mas o pouco tempo de duração estragou nesse aspecto. Vejo que, já como o filme se propôs a ser um "Retorno", deveras coerente seria que ele apresentasse melhor os personagens. De início isso foi até feito, mas depois Michelangelo e Donatello foram deixados um pouco de lado. Infelizmente, são poucos os momentos de humor do Mic e menos ainda de genialidade de Don. Parece que esqueceram do fato cativante que é o Mic com seus nunchakus, sem falar também das inteligentes, e sempre boas, tiradas do Donatello.

O que faz esses pequenos errôneos detalhes ficarem de lado são as boas sacadas do diretor e roteirista Kevin Munroe. Não haveria como ser melhor a luta entre Raphael e Leonardo no momento crucial do filme. Sem dúvidas esse foi o ponto forte da trama. Outro fato louvável é a dublagem. Não seria mais interessante mostrar os garotos com aquelas vozes infantis das dublagens globais. As vozes deram uma conotação mais humana e até adulta para os personagens. Até porque eles precisavam desse tipo de evolução para que fossem mais bem aceitos.

"Tartarugas Ninja – O Retorno" é um filme que dificilmente cativará aqueles que nunca curtiram nada sobre os mutantes verdes. Porém, fatalmente trará ótimos momentos nostálgicos para quem já foi fã de carteirinha deles – ou vai dizer que você não assistia ao desenho animado antes mesmo de tirar a farda do colégio? – e, por cima, criará uma nova facção de pequeninos fãs. Então, o que resta dizer? Kowabaaanga!!!

Raphael PH Santos
@phsantos

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