Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 08 de abril de 2007

Família do Futuro, A

Usando o lema de Walt Disney, criador do estúdio, 70 anos após o lançamento do primeiro clássico Disney, chega aos cinemas uma "Família do Futuro", que promete ser o começo para uma possível nova Era de Ouro do estúdio.

Depois de assistir a duas vezes ao animado "A Família do Futuro", novo clássico Disney, sendo o segundo a usar animação feita no computador, me sinto preparado para comentar a animação que a muitas pessoas surpreendeu depois de fazer um grande sucesso nos EUA nas salas em 3D, na qual consegui ver também, na única sessão que existe em São Paulo no Shopping Eldorado.

Baseado no livro "A Day with Wilbur Robinson", de William Joyce, o filme conta a história de Lewis, um menino brilhante responsável por invenções inteligentes e surpreendentes. Seu último e mais ambicioso projeto é o Memory Scanner, uma máquina que o ajudará a encontrar sua mãe biológica para que ele possa ter uma família. Porém, antes de encontrá-la, o malvado Bandido do Chapéu Coco, junto com seu diabólico parceiro, Doris, roubam a máquina. Mas nosso herói está longe de perder as esperanças no futuro quando um jovem misterioso, chamado Wilbur Robinson, o transporta em uma máquina do tempo e os dois se unem para capturar o Bandido do Chapéu Coco em uma luta decisiva que terminará com uma inesperada e inacreditável reviravolta do destino.

Essa é a sinopse oficial da Disney que apresenta o seu primeiro grande lançamento do ano, "A Família do Futuro", que chega 70 anos depois do grande lançamento de "Branca de Neve e os Sete Anões", em 1937. O animado vem trazendo o lema de Walt Disney, "siga em frente", e parece que é isso mesmo que a Disney deverá fazer a partir de agora, prometendo novamente decolar e se tornar mais uma vez o melhor estúdio de animação.

Eu pude conferir no dia 30 de março a versão normal do animado e dia 07 de abril no Encontro Animations a versão 3D, e posso dizer que o pessoal que não pode conferir a versão 3D, só sentirá mesmo falta do curta "Trabalhando por Nozes" ("Working for Peanuts"), no qual podemos conferir os personagens Tico, Teco, o pato Donald e a elefante Dolores numa divertida aventura também em 3D. O curta de aproximadamente 7 minutos de duração fora lançado originalmente em 11 de novembro de 1953 e dirigido por Jack Hannah.

Na versão normal dos cinemas, antes do filme vale citar que é exibido também um curta, "Engenheiros Desastrados" onde o trio de amigos, Mickey, Donald e Pateta juntos decidem construir um navio em homenagem a Minnie, tudo dá certo na hora das montagens, tirando as confusões básicas de sempre, mas as coisas dão errado quando o trio coloca o barco no mar. Um divertido curta de 1938, a Disney volta a trazer antes de seus filmes um agrado e como não daria tempo para que um novo curta fosse produzido em tão pouco tempo, decidiram resgatar um antigo curta, que recebeu um tratamento novo com restauração de som e imagem.

A tal versão 3D está fazendo o maior sucesso nos EUA e todo esse sucesso se deve mesmo à novidade, já que em "A Família do Futuro" o que mais notamos é o estilo de profundidade, visto que raramente os personagens saltavam para fora da tela. Mas mesmo assim a nova idéia da Disney de produzir o animado nessa nova tecnologia é um bom atrativo a mais para tentar combater a pirataria que a cada dia mais está dominando todos os lugares.

Antes do filme começar vale lembrar que fora exibido a nova vinheta do Walt Disney Animation Studios, nova idéia do estúdio para dividir e mostrar ao público o que é clássico, o que é filmes PIXAR, entre outras coisas, no novo logo vemos um bloco de papel se movimentando e nele começam a aparecer rabiscos que vão se transformando no personagem Mickey Mouse (símbolo do estúdio e conhecido mundialmente) em sua cena clássica de seu primeiro curta sonoro, "Steamboat Willie".

Sobre a história, o que dizer? Uma divertida aventura que a Disney traz aos cinemas, sendo que não chega aos pés dos grandes clássicos do estúdio como "A Pequena Sereia", "A Bela e a Fera", "Alladin" e "O Rei Leão", mas com certeza é a grande surpresa, já que o animado consegue se diferenciar da chuva de outros lançamentos que estão chegando aos cinemas com animaizinhos fofos e piadas que o público no começo achou graça, mas agora está cansando, já que todos os estúdios estão usando a mesma fórmula que deu certo com outros filmes. Vale destacar a surpresa no final do filme, já que a Disney tem a fama de lançar filmes com finais previsíveis, haja vista que logo no início no filme já sabemos como será o final, como aconteceu em "O Galinho Chicken Little". Vale citar que, a meu ver, na história, a única parte que me entristeceu foi o fato de o grande clímax do filme onde Lewis teria que lutar com a vilã Doris foi reduzida em segundos. Acho que a Disney poderia ter dado mais algum tempo para que esse clímax tão esperado durante o filme fosse pelo menos melhorado, sendo que, a meu ver, essa é a única coisa que deixa a desejar no animado.

Outra coisa a se notar é que o filme num todo não fica devendo em nada, mesmo com a presença de muitos personagens. O longa, de um certo jeito, acaba dando um final para tudo e deixa muito pouco por contar. Com uma família inteira para ser apresentada durante um projeto cinematográfico de no máximo duas horas de duração, ficou o medo da Disney pecar e acabar estragando o animado, deixando os fios soltos, mas toda a família é apresentada de um jeito divertido e todos têm seu fim. Vale destacar o personagem Wilbur Robinson, que acaba de um certo jeito roubando a cena do protagonista Lewis, por ser mais carismático e divertido que o personagem.

Depois de ver diversas animações nos cinemas, finalmente a Disney resolve voltar a trazer às telas um grande vilão para sua história, já que nos últimos animados, pelo menos do estúdio, faltava um grande vilão, coisa que em "A Família do Futuro" não faltou, para crianças que cresceram odiando personagens como Gaston, Jafar, Scar, Frollo, Medusa, a Rainha Madrasta, Malévola ou até adorando odiar os vilões engraçados como Yzma, Ades, Cruela Cruel, entre outros, estávamos sentindo falta de um bom vilão para os animados, já que sem um vilão bom o filme não rende, e o personagem Homem do Chapéu Coco veio para trazer os velhos vilões cômicos de volta que vinham ficando de fora das produções, visto que filmes como "Lilo & Stich", "Irmão Urso", "O Galinho Chicken Little", entre outros, não traziam em si um vilão, e além de toda a inocência do vilão percebemos que ele apenas é uma pessoa amargurada que tem somente uma motivação realizar seu sonho de destruir a família Robinson. Ao passar do animado, percebemos que em si o grande vilão da história mesmo é Doris, que é cruel e manipuladora, sendo que é ela que vai ser a vilã que vamos odiar durante todo o animado e com certeza ela entrará para a história das grandes vilãs Disney junto com o Homem de Chapéu de Coco.

Depois de criticar com razão as escolhas péssimas de "Ponte Para Terabítia", o maior medo dos fãs dos animados era a escolha de famosos para dublar o animado Disney, pois, assim, mais propaganda seria feita para o filme, mas graças a Deus a Disney deve ter percebido que o animado não precisava disso. Nada contra chamar famosos para dublar, o problema é chamar qualquer famoso. E as vezes chamam pessoas que mal sabem atuar e vão se aventurar na dublagem. Vale destacar que a Disney assustou muitos ao escolher Flávia Alessandra, Daniel de Oliveira, Selton Mellho, Marieta Severo, entre outros globais que vieram dublar outros animados e que surpreenderam positivamente a todos que assistiram aos animados, mas dessa vez nenhuma famoso fora chamado e a dupla de protagonistas foi dublada (e muito bem, por sinal) por Charles Emmanuel, que deu voz ao Wilbur Robinson, já Lewis fora dublado por Luciano Monteiro, o mesmo que empresta a voz para Zack e Cody no seriado do Disney Channel. Vale citar que a direção do animado dessa vez não ficou nas mãos de Garcia Junior, mas foi o famoso dublador Guilherme Briggs que dirigiu o animado e também dublou o professor de Educação Física. A meu ver, novamente seu trabalho foi muito bom e Briggs cada vez mais se mostra melhor, mas vale destacar que, por estar fazendo muitos personagens, sua voz vai ficando muito parecida em quase todos os personagens, já que vamos pegando já a voz do dublador e o reconhecemos logo de cara, isso faz com que a magia da dublagem seja um pouco perdida, visto que, para mim, o legal é você não descobrir logo de cara quem é o dublador e com os últimos trabalhos de Briggs eu de cara saco que é ele quem está dublando.

Sobre a animação, percebemos que a PIXAR fez muito bem em "se vender" para a Disney, já que a Disney em questão técnica já chegou ao mesmo patamar dos animados da PIXAR, sendo que com apenas dois filmes sendo feitos inteiramente em animação no computador (CGI), o potencial já é o mesmo da PIXAR. A compra do estúdio parece que foi feita para que a Disney volte a ter o mesmo gás de antigamente, tanto que o final do filme e as mudanças no vilão, foram ótimas, já que não são previsíveis (para mim foi, pois saquei na hora o final da história) como acontecia nos outros animados. Os cenários tanto futuristas como normais são bem feitos e só a Disney mesmo poderia criar um mundo futurista com tanta graça, com pessoas flutuando em bolhas. Vale até destacar com as mudanças que aconteceram no futuro, vemos que até o céu no animado se torna azul bem claro no futuro, sendo que no presente ele é bem mais escurecido.

O filme tem uma trilha sonora muito boa é de Danny Elfman que já trabalhou nas trilhas sonoras do seriado "Os Simpsons" e também está trabalhando na música do filme da série que chega esse ano nos cinemas, destaque para a versão brasileira que não ficou tão ruim como eu imaginava, mas dessa vez dou o braço a torcer dizendo que a versão original ficou melhor, mas vale destacar as músicas "The Future Has Arrived" interpretada por The All-American Rejects e canção tocada nos créditos finais, "Jids of the Future" interpretada pela banda Jonas Brothers que ganhou clipe e tudo.

Para finalizar, o público em ambas as sessões que pude conferir se comportou muito bem, sendo que em ambos a maioria eram pais acompanhando seus filhos, que nem pais e nem as crianças se distraíram durante a exibição do animado que prendeu a atenção de todos durante a sessão. É claro que a Disney tem que melhorar, mas com certeza "A Família do Futuro" foi um grande salto do fraco, mas engraçado "O Galinho Chicken Little" e torcemos que os próximos projetos da Walt Disney Animation Studios venha cada vez melhor e tragam novidades e boas histórias, já que Walt era um grande contador de BOAS histórias. E vale lembrar que como o lema usado durante todo o filme, "Siga em Frente", o mesmo que durante anos Walt Disney implantou em seu estúdio, parece que a Disney vai mesmo seguir em frente, e se acha que paramos por aí, o lembre que mês que vem tem "Piratas do Caribe: No Fim do Mundo", o grande lançamento do estúdio para esse ano.

O animado merece um 9,0 por sua bela história que muito me lembrou as antigas produções do estúdio, que parecia ter se perdido com o tempo. Fica a dica de uma boa história sobre família e amizade para todos os membros de sua família.

Léo Francisco
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