Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 14 de abril de 2007

Caçados

O fraco e previsível suspense "Caçados" não tem nada de surpreendente ou interessante. Três pessoas presas dentro de um carro para sobreviver a um ataque de leões ferozes e famintos fazem com que os leões se tornem heróis além de Animal Planet.

A natureza é assustadora. Animal Planet faz questão de documentar a voracidade dos animais a cada programa. Mas, convenhamos, não é para tanto.

Peter Weller (“Robocop”) é um engenheiro, pai de família que, após sua separação da esposa, se casa novamente com uma mulher mais jovem, interpretada por Bridget Moynahan (“Eu, Robô”). Os dois filhos de Tom Newman (Weller), a adolescente Jéssica (Carly Schroeder, de “Firewall – Segurança em Risco”) e David (Conner Dowds, iniciante na indústria), são levados para uma viagem à África ao lado de Amy, a nova esposa, para tentarem conhecer melhor a moça.

Os primeiros dez minutos de filme já denunciam o quanto Jéssica dará problemas a Amy, o quanto o pequeno David será um mero coadjuvante irritante e o quanto Tom se esforçará para fazer com que Jéssica desista de sua revolta despropositada. Personagens rasos e, por que não dizer, chatos. Um drama familiar não seria tão ruim. Uma aventura pela África também não seria um problema. Mas, quando o diretor e roteirista Darrell Roodt (“Drácula 3000”) resolve desenvolver a trama, o rumo é tão incerto quanto o lançamento desse clássico nos cinemas.

Tom, ocupado trabalhando em uma construção milionária no local e desesperado para unir filha e esposa em uma relação de respeito mínimo, faz com que as duas e o filho mais novo saiam em um passeio pela savana. Após alguns quilômetros de nada, o guia sai da estrada (grande erro, certo?) e, como se não bastasse, o pequeno David precisa ir ao banheiro. Agora estão expostos aos leões o garoto e o guia. Alguém se surpreende quando o guia (sim, o guia experiente e não o garotinho fraco) é atacado e morre? A cena inteira é grotesca, com direito a mão ensangüentada batendo no vidro do carro. Restaram as inimigas Jéssica e Amy e o assustado menino. O carro é o único refúgio que lhes resta e os leões querem apenas uma coisa: comida. O desenrolar do enredo é simplesmente descartável. O roteiro é cheio de falhas e os personagens são tão irritantes que você torce para que todos virem almoço, café da manhã e jantar dos felinos. Garanto que, se fosse esse o caso, a última hora de película não seria tão enfadonha como foi.

Sustos? Inexistentes. O que acontece são risadas e não creio que tenha sido essa a intenção do diretor. Sangue, mutilações… Simplesmente cansativo. Já vimos, por exemplo, em “Kill Bill”, “Sin City” e o recente “300” e não são quatro leões e algumas cenas com visíveis robôs que vão surpreender uma platéia treinada.

Já passou a época em que suspenses desse tipo interessavam. E, com certeza, não será um filme mal escrito e mal feito, em todos os sentidos, que vai mudar a mentalidade dos espectadores da geração “Jogos Mortais”.

Lais Cattassini
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