Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo

Na nova aventura da Turma da Mônica, a ausência de quaisquer celebridades fez bem à criançada do Rua do Limoeiro. Num filme simples, bem feito e divertido, Mônica e seus amigos embarcam numa aventura através do tempo e encontram vários outros personagens criados por Maurício de Souza.

Se lembram do tempo de criança? Ir ao cinema com os pais (ou irmãos ou primos mais velhos) a tiracolo, geralmente encarando você como Jesus deve ter encarado a cruz, mas você lá, todo animado e saía do cinema mais animado ainda? Acabei por encarnar essa criança durante a exibição de "Turma da Mônica – Uma Aventura no Tempo", ignorando totalmente meu lado de adulto chato que achava que assistir aquilo no cinema seria uma perda de tempo. De fato, ninguém vai assistir a um filme desses querendo ver uma obra-prima da sétima arte, mas para que este encante os pequenos você acompanha e se diverte (mesmo que seja um pouco e que você não reconheça JAMAIS). E a produção cumpre com louvor essa missão.

Tempo, aliás, é o grande mote do filme. O inventor-mirim Franjinha (Rodrigo Andreatto) acaba de terminar sua mais recente tentativa de criar uma Máquina do Tempo. A geringonça funciona ao unir os quatro elementos (água, ar, terra e fogo), formando um quinto, que seria um portal. O que ele não contava era com a intervenção de Mônica (Marli Bortoletto) e sua turma, que, acidentalmente, acabam por mandar os elementos para momentos históricos diferentes, ameaçando o contínuo espaço-temporal. Então, Mônica, Cebolinha (Maria Angélica Santos), Cascão (Paulo Cavalcante) e Magali (Elza Gonçalves) são enviados para resgatar os elementos e salvar o mundo. Mônica acaba na pré-história e é ajudada por Piteco. Cebolinha vai para o futuro e acaba na nave do Astronauta, encarando uma sedutora pirata espacial. Cascão vai para a aldeia do Papa-Capim, na época dos Bandeirantes, enquanto Magali não sai da Rua do Limoeiro, indo para a época que ela e seus amigos eram bebês.

O filme resiste (durante a maior parte do tempo) à tentação de cair no excesso de politicamente correto, com cada uma das crianças tendo uma pequena "falha" de personalidade que as distinguem das demais (e dá aos pequenos espectadores algo real com que se relacionar). O gênio ruim de Mônica, a gula de Magali, a covardia de Cascão… Mas o filme é mesmo do Cebolinha. O menino de cinco fios de cabelos espetados rouba a cena toda vez que aparece. Esperto (apesar de desastrado) e sempre aprontando, é impossível não gostar desse pequeno pestinha (mas de bom coração) e presenciar o início de sua "amizade não tão amizade assim" com a baixi… ops, com Mônica, é um deleite.

Pena que a dona da rua também seja dona do filme. Não que esta seja chata, pelo contrário. Mas um pouco mais de destaque aos outros personagens não seria nada mau. A pobre Magali, por exemplo, não faz muita coisa durante o filme além de comer e reclamar da falta de comida…

Quanto aos aspectos técnicos, fora uma falha ou duas, temos uma animação bem fluida, o que ajuda a mergulhar no filme sem maiores distrações. O elenco de vozes está muito bem (somente a voz de Piteco que me incomodou, mais por conta do sotaque de seu dublador que pela interpretação em si) e é muito bom ver que os personagens principais são dublados pelos mesmos profissionais dos filmes antigos da turminha.

Uma diversão de primeira para os pequenos, que não insulta a inteligência dos maiores e, apesar de um escorregão aqui e ali (principalmente na conclusão, onde o tal do politicamente correto finalmente aparece – e muito) é melhor do que 70% dos exemplares atuais de animação infantil. Para falar a verdade, só em ver essa turma num filme bacana sem nenhum pseudo-astro aparecendo, já vale a conferida!

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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