Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 23 de dezembro de 2006

Amor Não Tira Férias, O

Com uma história simples, mas envolvente, e sem abusar dos clichês clássicos do gênero de uma forma irritante, "O Amor Não Tira Férias" consegue se transformar em uma boa pedida de diversão descompromissada.

As comédias românticas costumam consistir num gênero produzido em grande escala em Hollywood e que acabam, inevitavelmente, seguindo uma fórmula padrão em todas as produções. Dessa forma, quando um filme enquadrado nessa categoria consegue se sobressair, temos aí uma produção notável e digna de uma atenção especial. "O Amor Não Tira Férias" chega sem grandes pretensões – embora traga um elenco considerável – e consegue agradar dentro da sua simplicidade.

O roteiro não é uma trama exatamente grandiosa. Amanda é uma executiva de Los Angeles que é traída pelo namorado e precisa urgentemente mudar de ares, apesar de ser tão insensível que não consegue derramar uma lágrima pelo relacionamento acabado. Íris é uma inglesa apaixonada por seu colega de trabalho, que vai se casar com outra, mas continua dando esperanças à ela. De repente, ambas se deparam com a opção de um intercâmbio de casas, em que trocariam de ambientes para ficarem longe de complicações amorosas. No entanto, como em toda boa comédia romântica, o que elas acabam encontrando são novas possibilidades de amor.

Logo no início do longa, pode-se perceber o estilo de Nancy Meyers para quem já conhece algum outro trabalho da diretora. O jeito de conduzir a comédia de uma maneira mais "madura" é um trunfo que ela demonstra novamente possuir nesse filme. Dessa forma, a história acaba se tornando mais próxima da vida real e mais atraente aos olhos do espectador. Íris e Amanda se mostram, ainda que de maneira um tanto exagerada, personagens perfeitamente plausíveis de existir e, por assim dizer, carismáticas. Os diálogos do longa também formam um ponto a ser comentado, com boas tiradas sobre o amor, ainda que algumas vezes possam parecer um tanto açucaradas para o público menos sentimental.

O elenco, formado por atores de certo respaldo, parece perfeitamente sincronizado e com uma química que aparenta funcionar muito bem. No papel de Amanda, temos Cameron Diaz, que talvez seja a mais "fraca" do time, mas que demonstra estar à vontade no personagem. Kate Winslet, mais bela do que nunca, vive a apaixonada Íris, sem cair num estereótipo. Jude Law, que vem se mostrando um dos mais talentosos atores de sua geração, prova novamente sua versatilidade ao interpretar o sensível irmão de Íris, Graham, que se divide entre a tarefa de pai viúvo e homem solteiro, e Jack Black completa o grupo de protagonistas como Miles, um compositor de trilhas sonoras que também vive alguns conflitos amorosos em particular.

A metalinguagem também se faz presente no filme através do personagem de Jack Black e do veterano Eli Wallach, que vive um antigo roteirista de Hollywood. Em várias cenas em que estão presentes, estes fazem referência a grandes títulos do presente e passado. O artifício utilizado com o personagem de Cameron Diaz também se torna algo bastante interessante: já que Amanda é uma produtora de trailers cinematográficos, ouvimos constantemente aquela clássica voz que narra os trailers falando das situações que a personagem está vivendo. Uma sacada brilhante!

Para fechar os pontos positivos, temos a bela trilha sonora de Hans Zimmer, nome clássico e com um currículo admirável. Como saldo final, temos um longa bastante agradável (até mesmo sua pouco usual grande duração não se faz incômoda). Uma comédia romântica com toques de filme natalino que se torna bastante adequada para quem procura uma diversão leve nesta época do ano. Vale a pena conferir!

Amanda Pontes
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