Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 09 de dezembro de 2006

Natal Brilhante, Um

Contrariando o seu título, "Um Natal Brilhante" é um filme que não tem absolutamente nada de brilhante. É repleto de situações previsíveis e que não conseguem divertir em praticamente nenhum momento o espectador. Quem deseja assistir à uma boa comédia, deve ficar longe desse longa.

Fim de ano, enfeites e mais enfeites natalinos disponíveis em lojas especializadas, pessoas mobilizadas a decorar suas casas com adornos, compras de presentes, planos para preparação de ceias, resumindo, o Natal está chegando e, com ele, outros aspectos comuns da época. Nada mais comum do que também existirem filmes no cinema com esse tema como assunto principal. E "Um Natal Brilhante" traz basicamente todos aqueles fatos descritos anteriormente, dos enfeites às ceias, e, como outros projetos cinematográficos, tenta resgatar o verdadeiro natalino em cada um de nós. Mas, convenhamos, tudo o que o longa consegue despertar é o tédio.

A história se passa em uma cidadezinha de Massachussets e é centrada em dois vizinhos. O primeiro, Steve (Matthew Broderick), é um oftamologista certinho e adorador da época natalina. Todos os anos, ele planeja minuciosamente os dias de dezembro, visando passar um ótimo Natal com a sua esposa Kelly (Kristin Davis) e seus filhos Madison (Alia Shawkat) e Carter (Dylan Blue). O outro é Buddy (Danny DeVito), um vendedor de carros que acabou de se mudar com a sua família, composta por sua mulher Tia (Kristin Chenoweth) e suas filhas Ashley e Emily (Sabrina e Kelly Aldridge). Buddy sempre procurou fazer algo que trouxesse sentido para sua vida. Um dia, quando as suas filhas adolescentes estão navegando pela Internet, mais precisamente em um programa chamado My Earth (que seria o Google Earth, feito para localizar lugares em todo o mundo), o sujeito nota que a sua casa não é possível de ser vista via este satélite, mas a de Steve sim. A partir dessa idéia, tentando não ser invisível, Buddy decora a sua moradia com luzes e mais luzes para que seja vista até mesmo do espaço! Com o tempo, também vai se transformando no especialista em Natal da região, tomando, assim, o lugar do seu vizinho. Steve, por sua vez, fica bastante irritado com essas afrontas de Buddy. E, daí, surge uma "pequena" rixa entre os dois.

Apenas por essa trama, o espectador já está um pouco avisado à respeito do que o espera no cinema, afinal, uma briga que gira em torno basicamente de luzes? Tenha paciência! Não é querendo ser mal-humorada, mas, se é para fazer uma comédia natalina, que esta possua elementos mais envolventes que esse. Em toda a projeção, risadas são praticamente inexistentes. As piadas, além de sem graça, são totalmente previsíveis. Logo que uma situação começa, já somos capazes de adivinhar o que virá. Nada mais decepcionante do que isso em uma comédia, visto que o caso passa a não ser natural e, com isso, incapaz de arrancar risos. Incrível como o diretor John Whitesell (de "Vovó… Zona 2") demonstrou, nesse filme, não possuir timing nenhum para comédia. Algumas cenas, na verdade, tornam-se "engraçadas" por serem tão ridículas e mal feitas como, por exemplo, o momento em que o personagem de Matthew Broderick se vê em um trenó sem saber guiá-lo. Sinceramente, é de se questionar o que Whitesell tinha na cabeça para gravar cenas como essa.

O roteiro escrito por Matt Corman, Chris Ord e Don Rhymer é outro que não contribui em nenhum momento para o desenvolvimento da trama. Traz situações completamente artificiais e forçadas. Quem realmente acreditaria que Steve e Buddy conseguiram fazer aquele caminho de luzes até a casa para que as suas respectivas famílias seguissem? Não quero dizer que projetos cinematográficos têm que ser repletos de situações plausíveis, na verdade, acredito que certos filmes necessitam exatamente do contrário. Mas, em uma comédia familiar, não dá para exagerar na falta de realidade. A trilha sonora é um dos únicos fatores que realmente consegue repassar o espírito natalino buscado pela produção. As canções são simpáticas, todavia nada mais do que isso, o que é uma pena, uma vez que seria até bom poder elogiar plenamente mais de um quesito desse filme.

O cineasta sequer conseguiu administrar bem os atores que tinha em suas mãos. O elenco em si não foi ruim, mas é visível que isso é mérito exclusivamente da equipe de atores. Danny DeVito reafirma que é uma das pessoas de Hollywood mais competentes para fazer comédia. Não destacou-se tanto neste longa, visto que as tiradas de seu personagem eram bastante reduzidas, mesmo assim, demonstrou ser capaz de cumprir de forma correta o seu dever. Matthew Broderick, por sua vez, tem as suas falhas, seu personagem tem sempre a mesma cara de bobo. É incrível. Talvez tenha sido uma tentativa de dar maior graça/simpatia para o papel. No entanto, para mim, foi totalmente infundada. Kristin Davis, a Charlotte de "Sex and the City", para o que se propõe, é regular. Sua feição quase sempre captou momentos de comédia. Já a atuação de Kristin Chenoweth foi feita de momentos. Mas, em geral, a atriz dotou Tia, sua personagem, com a personalidade certa, simpatia realmente não falta a Chenoweth.

O aspecto mais positivo de "Um Natal Brilhante" realmente fica por conta das suas luzes. A cena em que Buddy dá um show de iluminação através de sua casa é notável, fazendo com que o espectador realmente quisesse estar presente no local. Todavia, o filme traz, em geral, situações que sequer conseguem arrancar risadas do público por serem óbvias demais. Afirmo, sinceramente, que seria muito melhor apenas ver o trailer (até porque a melhor cena do projeto, como de praxe, está presente nele) do que desperdiçar em torno de 95 minutos com situações entediantes como as repassadas por esse longa.

Andreisa Caminha
@

Compartilhe

Saiba mais sobre