Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 03 de agosto de 2005

Aos Treze

"Aos Treze" é um bom filme para se assistir com o filho, pois é um tipo de história que deixa bem claro a importância de conversar certos assuntos com as pessoas certas no momento certo.

Esse é mais um filme do tipo que trata os adolescentes como loucos inconseqüentes. Você já deve ter visto diversos filmes desse gênero e, durante o meio tempo em que o assiste, calcula parcialmente como será o final. Sim, por cima o filme é basicamente isso. Mas como “o melhor está nas entrelinhas”, precisamos ter uma visão um pouco mais apurada de como a diretora tratou essa projeção.

Tracy, mais uma garotinha americana com trejeitos de patricinha, tenta assumir fielmente a fisionomia de uma garota em seu colégio, porem essa não é nenhuma donzela e muito menos as que andam ao seu lado. Com o tempo, essa mesma menina passa a desacreditar nos seus ideais e a perder a fé na vida. Passa a se envolver com drogas, seu rendimento escolar cai e vai chegando cada vez mais perto do fundo do poço.

Ao longo do filme, a diretora estreante Catherine Hardwicke demonstra um paralelo impecável entre a relação mãe-filha e amiga-amiga. Algo trabalhado paulatinamente, diferente de como foi da transformação da boa garota Tracy, para a má. Há uma relação de amor e ódio para com a mãe, mas que por diversos motivos, prevalece o ódio, mesmo a mãe deixando claro que não vai abandonar a filha, enquanto que em relação a Evie, o amor predomina. De fato, estava havendo uma confusão irritante na cabeça de Tracy. Ela queria se aceitar como era antes, mas não vê como. Isso é bem relatado quando ela se arrepende após fazer algo de ruim para seu corpo. O filme demonstra essas reações com tamanha sutileza, de maneira tão delicada, que faz com que todos na platéia, de alguma maneira, se identifique e pense como seria se essa fosse também a sua realidade.

O elenco do filme conta com uma surpreendente e cativante atuação da jovem atriz Evan Rachel Wood (do seriado Once and Again), e com uma ótima – e irreconhecível – Holly Hunter no papel da mãe. Para a primeira, o resultado foi uma indicação ao Globo de Ouro na categoria de Melhor Atriz. Já para Hunter, além da indicação ao Globo de Ouro de Melhor Atriz Coadjuvante, recebeu outra indicação, nessa mesma categoria, para o Oscar.

Sua trilha sonora foi bem postada, pois é fácil de se fazer uma para filmes desse gênero. É só comparar com as outras de outros filmes e ver como é quase sempre a mesma coisa.

A câmera mais solta deu um tom de documentário. O que para algumas pessoas pode vir a causar náuseas, mas é algo suportável, pois comparando a ação da câmera com a confusão na mente e na vida de Tracy, deixa a opção da diretora aceitável.

O final é bom. Mostra-se agradável aos olhos de quem estava com pena da protagonista, porém para alguns, torna-se mais um dramalhão de um adolescente americano sem princípios bem fundamentados.

Seria uma boa opção assistir esse filme com o filho, pois é um tipo de história que deixa bem claro a importância de conversar certos assuntos com as pessoas certas no momento certo. Ah! Seria muito bom também levar todos os adolescentes que enchem o saco nas salas de cinema da cidade, não deixando as pessoas assistirem seus filmes, para assistir todos os filmes desse gênero. Talvez os faça pensar um pouco.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

Compartilhe

Saiba mais sobre