Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 09 de abril de 2006

Caverna, A

A Caverna é o tipo de filme de suspense (por que um filme de terror não se parece nada com esse estilo de filme) descompromissado. Pra se ver relaxado e não esperando nada além de monstros, cenas que talvez lhe deixe nervoso e saindo do cinema com um sentimento de vazio, que não dá nem para comentar com o amigo.

Chegando nos cinemas de Fortaleza com um pouco mais de dois meses de atraso em comparação ao resto do país (o filme teve estréia em alguns locais do país no dia 27 de janeiro desse ano), a Caverna tem início com uma expedição de exploradores que encontram uma ruína de uma abadia do século XIII. Logo eles descobrem que a abadia foi construída sobre a entrada de uma caverna que, ao que parece, possui algo de terrível. Acreditando possuir um ecossistema completamente novo nas profundezas do local, biólogos locais chamam um grupo de exploradores americanos para poderem juntos, identificar esse novo ecossistema. Logo eles descobrem que dentro desse novo ecossistema existe algo mais aterrorizante, que eles não imaginavam.

Uma premissa simples, que já foi utilizada algumas vezes em outros filmes, A caverna é tipicamente para divertir, e nada mais, e mesmo assim ainda corre o risco de não fazer o seu serviço bem feito. O filme possui um fundo de verdade, já que rodado na Romênia, um dos locais onde mais existem cavernas (cerca de 12 mil), e espécies completamente desconhecidas foram encontradas nesses locais.

Bruce Hunt estréia na carreira de diretor, mas suas experiências vão desde segundo diretor assistente na trilogia Matrix, como responsável pela fotografia dos efeitos visuais em Cidade das Sombras. Infelizmente ele ainda não aprendeu o suficiente pra assumir a batuta de mestre na direção de um filme. A péssima iluminação (que em momentos não dá para enxergar direito – e não foi artifício usado intencionalmente não) e os costumeiros balanços da câmera em cenas de suspense chegam a incomodar um pouco no filme.

As atuações são básicas. Nada de excepcional, e até meio comum com caricaturas do mocinho, da donzela que fica em perigo, da trupe que está no filme só para morrer nas garras dos monstros. Mas dentre os atores e atrizes é sempre bom ver Piper Perabo (pra quem já assistiu Show Bar, ela é a mocinha do filme) que sempre traz seu carisma e sorriso que desarma qualquer um. Eddie Cibrian, que recentemente pode ser visto pela série de TV Invasion também está presente no filme. E para os alucinados pela série Lost, Daniel Dae Kim (o Jin da série) também se faz presente. Os atores sofreram durante as gravações do filme, já que tiveram que passar cerca de 12 horas por dia enfurnados em roupas de mergulho, ou mais da metade do corpo submersos dentro de água (haja vitamina C para não gripar).

Um cenário gigantesco reproduzindo a caverna onde se passa mais de 60 a 70% do filme foi construído e cerca de 750 mil litros de água foram usados para causar a ambientação. Cerca de 30 milhões foram gastos na produção do filme (e infelizmente deram o azar de entregar na mão de um principiante) e que acabou levando um prejuízo, já que o filme arrecadou apenas 15 milhões de dólares (e o filme ainda conseguiu distribuição no Brasil, incrível!)

O filme com certeza poderia fazer mais sucesso nas locadoras do que nos cinemas, já que seu estilo é uma diversão descompromissada de suspense, por isso se puder esperar para sair em DVD, seria o melhor a se fazer. Garanto que há filmes mais interessantes no circuito do que esse… mas como eu disse, esse é uma diversão descompromissada, então se é isso o que procura, esta é uma boa pedida.

Leonardo Heffer
@

Compartilhe

Saiba mais sobre