Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 11 de abril de 2006

Filho de Chucky, O

Ao contrário do que possa parecer, o filme não assusta. Se você quer ver um filme de suspense, passe longe desse. Mas, se você estiver afim de dar muitas risadas, essa é a escolha certa.

Depois de seu último filme -que agora é cult- , “A Noiva de Chucky” (1998), parecia enfim que a saga do bonequinho tomado por um espírito assassino havia chegado ao fim.Parecia.Em 2003, soube que os produtores de Hollywood queriam lançar o quinto filme da série.Faz sentido, já que o quarto filme havia terminado com o popular “gancho” (um mal que atingiu o cinema nos últimos tempos) para um próximo filme.

As notícias corriam, e diziam que o novo filme seria baseado no filho que Chucky e Tiffany (a noiva do quarto filme) tiveram. Daí fiz minha lógica: o filme estava já com seu formato desgastado, devido a superexposição do boneco durante os últimos 12 anos, no mínimo. Logo, o filme não daria certo. Passou o tempo, e um dia no ano passado passo em frente ao cinema e vejo o cartaz do filme, intitulado Seed of Chucky (no Brasil, “O Filho de chucky).Fiquei naturalmente curioso para ver, já que sou fã do boneco.

Dia 20 de fevereiro. Entro no cinema, devidamente acompanhado de duas amigas, as irmãs Nathalia e Natascha, para finalmente ver o filme. E o que ví descrevo agora. O filme começa com o pequeno filho do casal de assassinos, sendo ‘escravizado’ por um ventriloqüo mau-caráter. Ele tem o sonho de conhecer seus pais, que ele acredita serem japoneses, por causa da ‘tatuagem’ em seu pulso escrito “Made in Japan” (?!).Eis que ele, asssistindo a TV, vê que em Hollywood seus pais estão sendo astros do filme que conta a história deles.Consegue fugir e sair de Londres (cidade onde ele está) e chegar a Los Angeles.Encontra os seus pais, e sem querer acaba ressucitando-os.

E é aí que começa a comédia. Chucky está mais sarcástico do que nunca.Ao ver o boneco (baseado no Ziggy Stardust de David Bowie), o casal chega no impasse: ao dar o nome ao filho, Chucky o chama de Glen.Já Tiffany o chama de Glenda. Glen ou Glenda? (referência ao filme “Glen or Glenda” , de Ed Wood).Enquanto isso, a atriz decadente Jennifer Tilly (interpretada por ela mesma) procura um trabalho decente, e sua secretária a avisa que o famoso rapper que se transformou em diretor de cinema chamado Redman (ele faz o papel dele mesmo) quer fazer um épico biblico (?!) e precisa achar a atriz para interpretar a Virgem Maria. Ela se oferece, mas é recusada, pois o diretor prefere Julia Roberts (de quem ela tem grande inveja). Ela se oferece a ele (em outros sentidos, se é que me entendem) e ele acaba repensando o assunto. E, em certa altura do filme, o caminho de Jennifer Tilly e da familia de bonecos acabam se cruzando. E cruzam também com um paparazzo intrometido (o diretor de filmes B, John Waters) e fazem de Britney Spears (?!!) uma de suas vítimas.

Contar mais sobre o filme pode estragar a grande piada que se desenvolve durante o pouco mais de uma hora e vinte de filme. Mas uma das cenas mais engraçadas do filme é quando Tiffany, que quer fazer uma inseminação artificial quando possuir o corpo de Jennifer Tilly, pede para que Chucky retire sêmen, da maneira mais…mais…convencional.

Não é a toa que muitos veículos dizem que esse filme é ótimo. Jennifer Tilly, além de dublar a boneca Tiffany, tira sarro de si mesma na pele da atriz decadente, já indicada ao Oscar, que não consegue mais achar trabalhos decentes. Atriz essa que é ela mesma! Billy Boyd (de “Senhor dos Anéis”) dubla o horroroso fillho do casal, Glen (ou Glenda?) ,que protagoniza a cena mais bizarra do filme. E Brad Dourif (de “Um Estranho no Ninho” e “Senhor dos Anéis 2”) volta a fazer uma das vozes mais conhecidas do cinema, a de Chucky.

Enfim, se você quer ver um filme de suspense, passe longe desse. Mas, se você estiver afim de dar muitas risadas, essa é a escolha certa.

Sandra Katia
@

Compartilhe

Saiba mais sobre