Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 30 de março de 2006

Footloose – Ritmo Louco

Um filme que eu intitulo “filme sobre dança”. Footloose não é um musical como falam, é um filme sobre dança e com dança. O filme é chato, besta, com roteiro fraco e atuações fraudulentas.

Só porque aborda o assunto música e dança não significa que seja um musical, para ser um musical é necessário que as personagens cantem para expressar seus sentimentos, o que não ocorre nesse fraco filme. Footloose é um drama que chega a passar dos limites de qualquer pessoa, piegas, cheio de clichês e chato. Esse é mais um filme com roteiro batido que entrou na onda de “Os Embalos de Sábado a Noite”, que já não é lá essas coisas. Sinceramente, o único filme desses que pegaram carona com o sucesso que marcou época e a revolução da discoteca, é Dirty Dancing, principalmente por ser um bom romance.

O fraco diretor Herbert Ross só iria acertar atrás das câmeras em “Flores de Aço”, pois esse Footloose é decadente, um filme sem nenhuma convicção ou senso de ridículo. Ross não soube conduzir a câmera, levando a cortar o ritmo de certas cenas devido ao mau enquadramento, além do fato de ser antiquado e pouco convincente. Ross também não teve sorte na hora de concluir o filme, ao passar por todo aquele dramalhão completamente inútil e absurdo, ele opta por fazer um péssimo “videoclipe” da música “Footloose”, que fez um sucesso estrondoso. A câmera vai e vem, os personagens que dançam, mal são focados e centralizados, ou seja, a superfamosa dança de Kevin Bacon tem seu lugar ocupado por uma espécie de baile, com todos dançando como se estivessem nos bailes de formatura americano. Chega a ser deprimente saber que a única coisa que poderia ser bom no filme, em termos de história e cenas, é arruinado pela falta de brilhantismo do diretor.

Ren MacCormack (Kevin Bacon) é um rapaz da cidade grande que se muda com sua mãe para uma cidade pequena do interior. Fazendo o papel de revoltado e degenerado na cidade, começa a chamar a atenção das garotas, entre elas Ariel Moore (Lori Singer), por quem se apaixona, e acontece de ser a filha do reverendo Shaw Moore (John Lithgow), uma pessoa conservadora até o extremo, que após o acidente que mata seu filho, alega a culpa à música, à dança e às bebidas. Ren por dizer que a dança é o único meio de expressão verdadeira vai a justiça lutar pelos direitos da música, da dança e dos jovens “injustiçados”.

Este foi um dos primeiros trabalhos de Bacon, que após ser descoberto no divertido “Sexta Feira 13”, ele emplacou, se tornando um dos astros da moda com esse filme. Provavelmente devido ao sensacionalismo e estereotipo desses. Sua atuação viria a melhorar bem com o tempo, mas nesse filme sua interpretação é tão boa quanto em “Sexta Feira 13”, imaginem a qualidade! Lori Singer é uma atriz razoável que nunca mais foi vista, ela está, digamos assim, suportável. Eu gostei mais da atuação dos veteranos. Dianne Wiest está ótima como mãe conservadora e preocupada. Assim como John Lithgow está muito bem como reverendo revolucionário e reacionário. São o ponto alto do filme. O filme ainda revelou uma estrela da TV americana, Sarah Jessica Parker, que faz um papel insignificante e sem utilidade para o filme, mas uma atriz que despontaria se tornando famosa pelo aclamadíssimo “Sex and the City”.

O filme conta com grande ajuda da ótima trilha sonora, embalando hits como “Footloose” de Kenny Loggins, além de “Dancind in the Streets” e “Holding out for a Hero”. A fotografia é embaçada e escura, prejudicando a cenografia que pouco encantadora. O fato de ser passado na década de 50 tira a credibilidade do filme, pela falta de boa vontade da equipe técnica que em nada contribui para sua ambientação. Fora o fraco desempenho do roteiro em fazer isso. Sem sombra de dúvida isso contribui para o naufrágio o filme. Sem contextualização, o filme tenta confrontar a autoridade dos mais velhos de uma maneira a lá “Juventude Transviada”, como rebelde sem causa, por que a vida dele é dançar, se ele fizer isso é condenado pela sociedade como mau exemplo, mas isso não afeta em nada… Nada mudará, ele ainda estará livre, e podendo dançar.

Eu esperava bastante desse filme, pensei que era um musical, e dei com a cara na porta. Uma perda de tempo, que não me acrescentou nada, além de desgosto por ter gastado meu dinheiro com algo tão sem graça e metido a filme sério. Pensar que tinha tantas melhores opções para locar e fui justamente escolher isso, mas agora já foi. O filme é chato, besta, com roteiro fraco e atuações fraudulentas. Não me agradou nenhum pouco. Querer transformar num drama judicial foi o cúmulo, não convenceu. Uma grande bobeira de Hollywood para ganhar dinheiro. Se gostarem desses filmes com dança, assistam a “Dirty Dancing”, e se quiserem ver um musical de verdade optem por “Amor, Sublime Amor”, “Moulin Rouge” ou “Grease”, entre outros.

Sandra Katia
@

Compartilhe

Saiba mais sobre