Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 26 de junho de 2005

Madagascar

"Madagascar" é aquele filme que ao assistir o trailer, você cria milhares de expectativas, mas quando chega a hora H, não passa de um simples divertimento para os momentos de tédio.

Com certeza, a expectativa em cima de "Madagascar" é muito grande. O que eu mais escuto por aí são as pessoas loucas para verem o filme. Tudo bem, assisti-lo não mata nem faz você se arrepender por ter gasto uma grana, mas quanto à expectativa mencionada anteriormente, a mesma vai para o espaço. Apesar de os estúdios aplicarem bastante "esforço" em uma campanha publicitária de sucesso, nós precisamos sempre ter uma certa dúvida. Há casos em que o trailer te agrada mais que o filme todo, como "Madagascar".

Ben Stiller empresta sua voz ao leão Alex que é o sucesso do zoológico do Central Park em Nova Iorque. Chris Rock dubla o personagem Marty, a zebra que, de repente, decide fugir do zoológico pra tentar a vida na selva. Ao contrário do que se pensa, o filme tem esses dois personagens como os protagonistas de toda a história. Já os personagens de Jada Pinkett Smith e David Schwimmer são meros coadjuvantes. A hipopótamo Glória e a girafa Melman apenas complementam um elenco que de fato, só deveria nos fazer rir. Cada um com personalidades diferentes acabam dando um certo conflito de opiniões e sentimentos, pois o leão Alex é o "playboy" da turma, a zebra Marty é o sonhador, a hipopótamo Glória é a apoiadora e a girafa Melman é a palhaça medrosa. Ao invés dos personagens se completarem, o que acontece é que enquanto dois dividem opiniões, os outros dois só correm atrás dos principais.

Quando Marty decide fugir, Alex tenta mostrar de todas as formas como a vida no zoológico é boa e que Marty não deveria trocar o certo pelo duvidoso. Já os "coadjuvantes" Glória e Melman, apenas apóiam Alex na busca pela zebra que, ao acordarem, ela já não está mais no seu recinto. A busca acaba numa tentativa sem sucesso de fuga, quando os quatro são pegos por um grupo radical que luta em defesa dos animais e são levados para a África, mas no meio do caminho acabam perdidos em uma mata totalmente desconhecida, a ilha de Madagascar. Lá eles descobrem como a vida selvagem pode ser perigosa e divertida.

A história é tola e quando você mais espera o ápice, aquele momento que mais te divertirá, ele simplesmente não existe e quando você se dá conta o filme acabou. O fato é que quanto ao humor, os personagens principais tiveram as cenas roubadas pelos pingüins fugitivos. Nesse ponto o filme é um sucesso. Pode ter certeza que quando os pingüins aparecem, é risada na certa, que o diga a cena da estação de trem.

A verdade é que o roteiro deveria ter sido mais bem trabalhado. Apesar de não agradar, temos uma história que, apesar de tola, diverte, mas isso não torna o filme bom. Você fica com o gostinho de quero mais, como se o que você tivesse acabado de ver, fosse apenas uma "amostra grátis". Algumas falhas do filme são algumas cenas que foram montadas apenas com o intuito de fazer rir, se tornando forçadas demais. Infelizmente, em questão de animação, esse tipo de problema acontece aos montes, como aconteceu em "Robôs".

Diante de todas as infelicidades da produção, até que conferi-lo não faz mal, afinal, o máximo que pode acontecer é você ficar desapontado por estar esperando algo mais.

Bruno Sales
@rmontanare

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