Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 25 de junho de 2005

Madagascar

Configurando-se como uma das produções mais fracas em animação 3D lançadas recentemente, o filme deixa muito a desejar. Não sei ao certo o por que. Ou foi pela exagerada expectativa que a Dreamworks insistiu em criar ou é pela falta de qualidade mesmo do longa. Novamente o valho chavão será dito: a Pixar é imbatível.

O trailer foi exaustivamente exibido nos cinemas brasileiros. A Dreamworks, distribuidora do longa, fez uma maciça campanha de marketing para tentar promovê-lo. E conseguiu. Mas, infelizmente, “Madagascar”, a nova produção da empresa do titio Spielberg, é uma das produções de animação 3D mais fracas lançada recentemente.

O filme conta a história de um grupo de animais que vivem em um Zôo. Alex é o leão, Gloria o hipopótamo, Melma a girafa e Marty a zebra. Juntos eles formam uma das maiores atrações do local. Tudo vai indo muito bem, até o momento em que Marty se vê curioso em conhecer a natureza e todas as suas peculiaridades. A priore, todos relutam, mas, devido a alguns infortúnios que não convêm contar, eles vão parar na selva de Madagascar. A partir daí as (poucas) piadas do filme se resumem a closes flechados nos olhos de um certo personagem fofinho (que, cá pra nós: ô bichinho pra se parecer com um Gremilin antes de sofrer as transformações).

Apesar do quarteto escolhido para ser o foco do filme não ser tão engraçado, há outro quarteto que rouba a cena quando aparecem: a trupe de pingüins neuróticos que sempre estão tentando fugir do Zôo. Sendo uma mistura de “A Fortaleza” ou “A Fuga das Galinhas” com os filmes de 007, é nas falas e nos gestos deles que estão as melhores tiradas do longa.

Algo que também deixou a desejar, e que foi uma espécie de “defeito” na concepção do filme, é a sua direção de arte. Ao contrário dos outros filmes de animação, como o magnífico “Os Incríveis”, o visual estilizado dos personagens era um ponto a favor dele (quem não lembra do enorme queixo do Sr. Incrível? da cabeça bizarramente redonda do bebê? da comicidade que a personagem Edna Moda tinha, por ser pequena e ao mesmo tempo, invocada?). Neste filme eles são tão artificiais, os movimentos não fluem e não possuem o timing necessário para poder gerar a habitual empatia com o público.

A trilha sonora ficou a cargo de ninguém mais, ninguém menos, que Hans Zimmer. Só para citar alguns filmes em que o garoto participou: “Gladiador”, a continuação de “Piratas do Caribe” e “O Chamado 2”, todos como compositor das trilhas sonoras. Apesar de tanta experiência no ramo, Zimmer fez um trabalho competente, mas que não se torna tocante e imponente como em praticamente todos os longas em que trabalhou. Se me dissessem que foi um Zé Ninguém que havia feito a trilha de "Madagascar", eu acreditaria.

No mais, apesar deu ter apenas citado os defeitos, o filme ainda é bom. Há duas cenas que realmente são engraçadíssimas (uma ao som da trilha de “Carruagens de Fogo” e outra ao som da trilha de “Beleza Americana”). Vá sem esperar muito e pode ser que você goste; vá empolgado pelos trailers que foram exageradamente exibidos nas salas e pode ser que saia um pouco decepcionado. É o tipo de “filme-pizza” (ou Kalzone, como queiram): você entra na sala, assiste, vai para a praça de alimentação do shopping, come a clássica pizza, vai embora e durante o caminho, se alguém lhe perguntar algumas cenas do filme, você provavelmente não irá se lembrar.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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