Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 30 de maio de 2005

Melinda e Melinda

Novo filme de Woddy Allen segue a linha do jazz e dos bons diálogos, sempre com novos pontos de vista e situações inusitadas. Sem muitos nomes famosos ou grandes estardalhaços, ele prova que bons filmes podem ser feitos a partir de frases simples e diretas.

"Melinda e Melinda", a última obra do polêmico Woody Allen, é uma ótima pedida de filme quando se quer ver algo mais que rostos bonitos e piadinhas infames. O ínicio do filme já agrada ao seres pensantes: quatro amigos descontraídos sentados à mesa de um café francês discutindo sobre a seguinte frase: a vida pode ser uma comédia ou uma tragédia, tudo depende de como você a observa. A partir daí é gerada uma situação-história por um dos amigos, e outros dois, que discutiam fervorosamente qual seria a essência da vida – comédia ou tragédia, começam a desenvolver seus pontos de vistas, a fim de fazer valer seus argumentos anteriores.

A história começa com uma garota à procura de um endereço numa noite chuvosa… A partir disso, o filme se desenrola com momentos diversos, mas que não saem da linha inteligente e essencial da vida, digo, do filme!

Radha Mitchell interpreta as duas Melindas de forma convincente. A diferenciação das histórias é feita tanto através da mudança de atores, quanto da mudança do estilo de Melinda. Entretanto, o mais interessante é que Woody Allen conseguiu manter a idéia original presente nos dois takes, tanto o trágico quanto o comédia. Radha está começando a carreira em Hollywood agora, tendo participado em "Por Um Fio", com Colin Farrel, "Chamas da Vingança" com Denzel Washington e "Em Busca da Terra do Nunca", com Johnny Deep e Kate Winslet. Espero que ela mantenha o nível!

De qualquer forma, o filme dispensa grandes nomes, mas está encenado com bons atores. O comediante Will Ferrell (Hobie) do conhecido Saturday Night Live, a charmosa Amanda Peet (Susan) de "Meu Vizinho Mafioso 2" e "Alguém Tem Quer Ceder", a desencanada Chloë Sevigny (Laurel) de "Kids" e "Garotos Não Choram".

Essa turma toda deixa claro e óbvio o estilo Allen de fazer filme: contrastante, persuasivo e diferente. Para não fugir à regra, o filme é recheado com maravilhosas canções, trilhas de jazz sensacionais. Isso não poderia faltar, jamais! Afinal, toda terça-feira, Woody Allen toca num pub inglês um pouco de jazz com seu sax, para quem bem quiser ouvir.

"Melinda e Melinda" trás pequenos detalhes que te fazem se identificar com as situações e emoções dos personagens. É um filme sem máscaras, apenas. Envolvente e sem muitas apelações.

Enfim, tudo depende do modo de como você ver o mundo. Eu vi este filme da melhor maneira possível! Recomendo e defendo, sim.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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