Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 18 de fevereiro de 2006

Pantera Cor-de-Rosa, A

Steve Martin vem mais uma vez mostrar que seu potencial cômico continua em ótima forma e é o maior mérito de “A Pantera Cor de Rosa”.

O técnico da seleção de futebol francesa é assassinado com um dardo envenenado em pleno campo depois que seu time ganha um importante jogo. Ninguém tem a menor idéia de quem poderia ter sido o assassino, já que a vítima, Yves Gluant, foi atacada misteriosamente enquanto comemorava cercada pelos jogadores. Para desvendar esse crime, o comissário de polícia Dreyfus convoca o super atrapalhado inspetor Jacques Clouseau com um plano secreto: enquanto Clouseau se desdobra para resolver o mistério, o comissário mantém uma equipe paralela trabalhando no mesmo caso para solucioná-lo primeiro, acarretando na sua premiação com a cobiçada “Medalha de Honra”.

Jacques Clouseau, conta com a ajuda de um parceiro, Ponton e da simpática secretária Nicole em sua empreitada e sai em busca do criminoso.

O risco de reavivar certos filmes que já se tornaram clássicos – como é o caso aqui – é a inevitável comparação com o original. No aspecto geral da condução do filme, a atual versão das aventuras do inspetor Clouseau acaba tendo um saldo inferior ao dos originais, dirigidos por Blake Edwards. Os primeiros filmes da série tinham um ritmo mais dinâmico, que parecem ter se perdido aqui. O diretor Shawn Levy, diretor de filmes medíocres como “Doze é Demais” e “Recém-Casados” parece não ter um timing para a comédia muito aguçado.

Quanto ao personagem principal, Jacques Clouseau, esse sim está digno do original interpretado por Peter Sellers. Não de maneira igual, mas imprimindo certas características que o tornam mais atual sem perder a sua essência. Steve Martin (que também co-assina o roteiro) abusa do humor físico para manter o ritmo da comédia e do sotaque altamente forçado, que é inclusive responsável por umas das mais engraçadas cenas do filme.

O resto do elenco também está muito bem. Jean Reno, que interpreta o parceiro de Jacques Clouseau, Ponton, é outro notável mérito de “A Pantera Cor de Rosa”. A dupla de atores (Martin/Reno) mostra um entrosamento fantástico em cenas que chegam a beirar o ridículo. Kevin Kline, que vive o comissário Dreyfus, está muito bem ao interpretar um vilão cuja maldade se mostra sutilmente no decorrer da trama e Emily Mortimer, que interpreta a secretária Nicole fecha a turma dos “bons moços”.

O clássico tema de “A Pantera Cor de Rosa”, composto por Henry Mancini e conhecido por quase todo mundo, está sempre presente no filme, dando o toque característico às aventuras do inspetor Clouseau. O tema instrumental é a marca registrada do nome “A Pantera Cor de Rosa”.

Beyoncé Knowles interpreta a namorada do técnico assassinado, Xania, que também é (pasmem!) uma pop star do mundo da música. A personagem aparece em poucas cenas, porém suficientes para mostrar que na categoria “catora-pop-que-quer-ser-atriz” ela não é das piores. O nome de Beyoncé nos créditos deve ter tido motivos essencialmente comerciais, já que sua imagem vem se mostrando cada vez mais como um catalisador de vendas.

No final, como se repete (com alguma variantes) em todos os filmes de Jacques Clouseau, o inspetor acaba se dando bem depois de um árduo caminho de trapalhadas e desastres. Nada mais apropriado a uma comédia desse tipo.

Apesar das falhas, “A Pantera Cor de Rosa” é um filme que causa boas risadas. Para a geração que conheceu o inspetor Clouseau com outra cara, no entanto, a versão original sempre é considerada melhor. Steve Martin, no entanto, promete ser a nova cara do famoso personagem.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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