Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 28 de março de 2005

Starsky & Hutch – Justiça em Dobro

Uma ótima química entre Ben Stiller e Owen Wilson garantem boas risadas, mas a história fraca tira um pouco do brilho dos atores.

É, está na moda trazer ‘velharias’ as telonas. Será que estão perdendo a criatividade? Será que os cineastas não conseguem mais criar nada que possa atrair a atenção do público? Não, este não é o problema. Tarantino, Spilberg, Charlie Kaufman e até o polêmico Michael Moore estão ai para provar o contrário. Reviver um sucesso não é certeza de dinheiro no bolso ou de uma boa realização nas telonas. A certeza que os cineastas tem quando revivem estes clássicos é que os mais novos, que não puderam acompanhar estas séries ou filmes antigos, tenham a oportunidade de assistir essas obras que foram 'esquecidas' no tempo (boa parte).

Para quem não conhece a série de TV americana Starsky e Hutch, na qual é filme é baseado, tem uma história bem simples: dois policias linha-dura combatem o crime. Este seriado foi sucesso absoluto na década de 70. David Starsky (Ben Stiller) é o mais dedicado policial das ruas de Bay City, na Califórnia. Quando ele está em serviço, nenhum crime fica sem punição, tamanha sua dedicação ao trabalho. E ele sempre está em serviço – o que é uma coisa boa, pois precisa corresponder a expectativas muito altas uma vez que sua mãe se tornou uma lenda na corporação, como uma das melhores policiais da história de Bay City. Mas enquanto a mãe permaneceu com o mesmo parceiro durante toda a carreira, Starsky, devido ao estilo de trabalho extremamente zeloso por ele adotado, troca de parceiro mais rápido do que seu adorado Gran Torino (lindo carro por sinal) gasta velas de ignição.

Ken "Hutch" Hutchinson (Owen Wilson) vem enfrentando problemas em sua carreira – é um bom policial, mas sua personalidade perigosamente informal e o gosto por dinheiro fácil nem sempre o ajudam a concluir o serviço. Ele tem um ótimo caráter, só precisa de um pouco de direcionamento para manter-se do lado reconhecidamente menos lucrativo da lei. O capitão Dobey (Fred Wulliamson), do Departamento de Polícia de Bay City, encontrou a solução perfeita para dois de seus maiores problemas: juntar Starsky e Hutch e mandá-los às ruas.

Logo que os incompatíveis e insatisfeitos combatentes do crime iniciam o primeiro dia de patrulha como parceiros, um cadáver aparece boiando na costa de Bay City. Com a ajuda do explosivo informante de Hutch, o malandro de rua, cujo apelido é Branca de Neve (Snoop Dogg), os dois começam a desvendar o misterioso assassinato. Ao investigar a primeira pista, conhecem Staci (Carmen Electra) e Holly (Amy Smart), chefes de torcida do time de Bay City, que estão mais do que ansiosas para ajudar como puderem.

Todos os indícios parecem apontar para o rico comerciante Reese Feldman (Vince Vaughn), mas Starsky e Hutch simplesmente não conseguem incriminá-lo. Sem o conhecimento deles, Feldman armou um plano para enganar a Divisão de Narcóticos e está traçando a maior e mais lucrativa transação de drogas de sua carreira. A improvável dupla usará de toda sua engenhosidade para criar disfarces, da esperteza de malandros de rua da pesada e da impressionantemente boa aparência para solucionar o crime e garantir que o criminoso seja preso.

O ponto forte do filme, sem dúvida alguma, são os dois personagens principais. Ben Stiller e Owen Wilson tem uma sincronia em cena que não é vista a muito tempo nas telonas. Ouso até comparar com Dean Martin e Jerry Lewis, que eram fantásticos atuando juntos. Não é por nada que eles são os dois atores americanos que mais estão trabalhando em filmes de comédia. No papel de Starsky, Ben Stiller dá um show. Ele conseguiu retratar perfeitamente o policial certinho que zoado por seus companheiros de distrito e que sempre cumpre a lei. Conseguiu fazer isso de uma forma muito divertida. Algo muito típico de Stiller. Owen Wilson, no papel de Hutch, traz de volta toda a malícia do policial garanhão e trapaceiro. Essa química entre os dois não é de hoje, porque eles já trabalharam juntos em filmes bem sucedidos como ‘Entrando Numa Fria’, ‘Os Excêntricos’ e ‘Zoolander’.

Podemos escrever muitas linhas sobre o filme, mas de fato, ele se resume a duas pessoas: Ben Stiller e Owen Wilson. Não tem pra onde correr. Eles são o ponto forte do filme. Eles são engraçados em todas as situações. Em especial uma cena de disfarce, próximo ao final do filme na qual Starsky muda a voz para interpretar um personagem criado por ele. Quando ele fica dizendo repetidas vezes: “Faça … Faça … Faça”. É de matar de rir.

Por outro lado, a história é muito fraca, limitada, cheia de clichês e tem um final no mínimo bizarro. Achei interessante Todd Phillips (diretor) trazer aquele zoom típico de filmes dos anos 70. Existem umas passagens interessantes como na boate, onde Starsky mostra seu talento para a dança e a curiosa aparição dos atores que fizeram os personagens originais, Paul Michael Glaser e David Soul.

Resumindo, é uma boa comédia. Não é um clássico, mas dá para assistir sem pretensão e sair satisfeito. Não espere muito, mas uma coisa você tem que concordar comigo: os dois personagens têm uma ótima química. Você que assistiu, não concorda?

Jurandir Filho
@jurandirfilho

Compartilhe

Saiba mais sobre