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OPINIÃO   sexta-feira, 12 de novembro de 2021

#RapaduraRecomenda – Os Caça-Fantasmas 2 (1989): alegre e assombrosa sequência

Lançada cinco anos após o original, esta sequência é mais boba e ingênua, mas o carisma do elenco e o universo criado ainda divertem bastante.

Cinco anos após o primeiro filme, “Os Caça-Fantasmas 2” chegava aos cinemas. A inevitável sequência de um dos longas mais marcantes e rentáveis dos anos 80 não chega ao nível da obra original, mas diverte mesmo assim.

Na história também se passaram cinco anos, mas os Caça-Fantasmas fecharam seu negócio devido a perseguições políticas que os fizeram pagar pelos danos causados no primeiro filme. Descreditados e proibidos de trabalhar com o sobrenatural, tocam a vida como podem. Egon (Harold Ramis) voltou a fazer pesquisas científicas, Ray (Dan Aykroyd) abriu uma loja de quinquilharias do oculto e faz bicos com Winston (Ernie Hudson), aparecendo em festas de aniversários de crianças (que não conseguem conquistar), e Peter (Bill Murray) é apresentador de um programa de charlatões que afirmar ter habilidades psíquicas e encontros com alienígenas.

Aliás, na cena da festa, uma das crianças é Jason Reitman, filho do diretor, que cresceu para dirigir “Ghostbusters: Mais Além”, que será lançado em breve nos cinemas.

Na abertura, é revelado que Peter e Dana (Sigourney Weaver) não estão mais juntos, que ela se casou, teve um bebê e se divorciou. Ela trabalha no museu, onde precisa lidar com seu asqueroso e excêntrico chefe Dr. Janosz (Peter MacNicol), que diariamente a chama para sair. Uma pintura misteriosa e gigantesca, retratando um tirano insano e maligno chega para análise. Obviamente, o próprio assombra a pintura e está a busca de um corpo físico de um bebê para possuir. Ele escraviza Janosz para executar tal serviço e este, pela sua obsessão pela sua funcionária, escolhe seu filho.

A presença dessa entidade maligna faz com que a maldade dos habitantes de Nova York se materialize num rio de gosma viva que faz fantasmas aparecem, e não demora para que o time seja autorizado a trabalhar. A premissa de que pessoas serem babacas umas com as outras gere representações físicas do mal é, de fato, piegas, evidenciando o teor mais infantil pretendido pelo diretor Ivan Reitman e roteiristas Aykroyd e Ramis.

Um grande responsável por isso foi o desenho animado “Os Caça Fantasmas: A Série Animada”. Lançado em 1986, a obra teve enorme sucesso com crianças, público que o time criativo desse filme tentou conquistar. Com isso, houve mudanças como cigarros praticamente desaparecerem, Venkman se tornar um homem menos egoísta e até o visual dos fantasmas ficou mais cartunesco.

Essa mudança de humor cínico para algo mais amigável para todas as idades não caiu bem nas graças de críticos da época, e não conquistou o grande público, fato ilustrado pela bilheteria bem abaixo da esperada. É inegável que a qualidade do produto final não condiz com a obra original, mas esse filme está longe de ser ruim.

Durante toda a aventura, a química do quarteto continua tinindo. Murray se destaca, entregando sarcasmo e ironia como poucos. A cena dele como apresentador do programa é hilária, com bom texto para que ele zombe dos convidados vigaristas de forma indireta, mas ele é tão dissimulado que ninguém, além dos espectadores, percebem os insultos velados.

Há humor também quando os novos comerciais dos Caça-Fantasmas aparecem, já que a empresa agora está de volta, vendendo até mercadorias para ganhar mais dinheiro. Trazer Rick Moranis de volta e colocá-lo como advogado do time interagindo com Janine (Annie Potts) rende bons momentos e boas gargalhadas.

Outro fruto do desenho foi o fantasma verde Geleia. Ele aparece brevemente no primeiro filme, mas a animação traz o conceito de que ele mora na empresa dos Caça-Fantasmas como um mascote. Ele acaba fazendo participações aqui com conceito similar.

Ao subir dos créditos – que servem como epílogo – o saldo ainda é positivo. O elenco é fantástico, a nova música On Our Own fez grande sucesso, os efeitos especiais tiveram boa melhora e é debatível se algo que aparece em determinado momento pode ser chamado de um mecha. O tema da maldade humana fortalecer o vilão pode ter tido uma conclusão altamente piegas, evidenciando que “Os Caça-Fantasmas 2” é realmente brega, mas este universo espirituoso ainda tem bastante a oferecer.

Bruno Passos
@passosnerds

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