“Caninos Brancos” foi lançado em 1991 e marcou as Sessões da Tarde de muita gente. O título vem do nome do protagonista animal, que é parte lobo, parte cachorro; dado a ele por um dos vários donos que acaba tendo durante a história.

A trama se passa na época da corrida do ouro em Yukon, no Alasca, onde muitas pessoas foram atrás de fortuna. O jovem Jack (Ethan Hawke) chega em uma cidade pequena por ter herdado um terreno do pai, onde deseja restaurar a moradia abandonada e tentar sua sorte. A história do garoto segue paralela à do animal, que começa como filhote e vai crescendo ao longo do filme.

O longa é baseado no livro homônimo de Jack London, e há inúmeras diferenças entre os acontecimentos de ambos. Entretanto, o que importa ao subir dos créditos é que esta pode até não ser uma boa adaptação, mas é um bom filme por si só. Aliás, a obra de London é tão famosa que já teve doze adaptações em filmes, incluindo uma sequência desta própria, chamado “Caninos Brancos 2: A Lenda do Lobo Branco”.

O foco da trama é quando os caminhos de Caninos Brancos e Jack se cruzam, mas até lá o animal tem uma vida cheia de altos e baixos. Quando filhote, é capturado e criado por índios como um animal de serviço, e a filosofia deles é que ele serve apenas para isso, não se dá carinho aos bichos. Cuidam bem deles, mas não criam uma ligação emocional. Por manipulação de homens brancos mal caráteres, o chefe da tribo se vê obrigado a vender o animal, que infelizmente acaba sendo usado em rinhas.

Toda essa história é muito sofrida, mas passa rápido demais. Ele logo é resgatado por Jack, e aí começa o conto do menino que topa o desafio de ajudar o cachorro a aprender a confiar em um ser humano novamente. É bonito, mas como a parte que mostra ele ficando violento e sendo maltratado foi atropelada, boa parte da carga emocional se esvai.

Dirigido por Randal Kleiser (do famoso musical “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”), o filme tem belíssimos cenários, frutos das filmagens em locação no próprio Alasca. A fotografia de Tony Pierce-Roberts escancara as paisagens exuberantes da região, que são de cair o queixo. A natureza selvagem do local é um atrativo em si. Além do mais, as cidades pequenas que nasceram no local para hospedar as muitas pessoas que iam para lá em busca de fortuna são um impecável retrato da época, onde poucos realizaram seus sonhos e a maioria precisava sobreviver no difícil clima do local.

Ethan Hawke vinha do aclamado “Sociedade dos Poetas Mortos”, e se já tinha feito um bom trabalho no filme de Peter Weir, acerta novamente aqui. Ele passa por um processo de amadurecimento que é bem visível, mas não perde sua índole positiva. Também há a presença do ator Klaus Maria Brandauer, que faz um garimpeiro mais velho e experiente, com ótima mistura de alguém endurecido pela vida, mas ainda esperançoso pelo sucesso financeiro.

“Caninos Brancos” está disponível no Disney Plus, e tem potencial para entreter qualquer pessoa, independentemente da idade. É uma aventura empolgante, com a dose certa de drama e perigo para trazer tensão.