Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 07 de outubro de 2020

O Halloween do Hubie (Netflix, 2020): assustadoramente sem graça

Adam Sandler utiliza exatamente a mesma proposta de todas as suas comédias: muito humor físico, piadas repetidas e seu elenco de amigos. A única diferença é que se passa no Dia das Bruxas.

Adam Sandler não precisa provar mais nada para ninguém, isso já está claro, seus filmes na Netflix são um sucesso de audiência e rendem muito dinheiro. Após a elogiada atuação em “Joias Brutas”, em uma entrevista para o locutor Howard Stern, ele prometeu fazer o “pior filme possível”, caso não conseguisse uma indicação no Oscar. De fato, a nomeação não aconteceu e seu próximo longa-metragem finalmente foi lançado na plataforma de streaming – trata-se de “O Halloween do Hubie”. E a resposta é não, este não é o pior filme do ator, mas sem dúvidas, entra forte na briga.

A história se passa em Salém, uma cidade na costa norte de Massachusetts, conhecida pelos julgamentos de pessoas acusadas de bruxaria em 1692. Sandler interpreta Hubie, que vive sofrendo bullying de todas as pessoas da vizinhança, menos da sua mãe (June Squibb) e Violet (Julie Bowen), por quem sempre foi apaixonado. Com a chegada do Halloween, o protagonista é o responsável por salvar a cidade quando um paciente de um hospital psiquiátrico foge justamente na noite em que as crianças vão às ruas em busca de doces ou travessuras.

Sandler interpreta mais uma vez o personagem inocente de quem todo mundo fica debochando. Ele busca uma interpretação mais introspectiva pela timidez do personagem ao mesmo tempo em que faz caras e bocas a cada susto que o personagem leva ao longo do filme. Além do time de sempre, que são presença garantida, como Kevin James, Rob Schneider e Maya Rudolph, o enorme elenco conta com nomes como Ray Liotta, Kenan Thompson, Steve Buscemi, Noah Schnapp e até uma pequena participação de Ben Stiller, repetindo o mesmo papel de “Um Maluco no Golfe“, de 1996. O longa, no entanto, não conta com a tradicional ponta de Jackie Sandler, esposa de Adam, o sobrinho Jared e as filhas Sadie e Sunny.

Entre 2016 e 2020, Steve Brill dirigiu três filmes com o protagonista: “Zerando a Vida”, “Sandy Wexler” e o especial de televisão “100% Fresh”. Nada mudou em relação aos dois primeiros, a proposta de humor é exatamente a mesma, com a comédia pastelão na sua essência. O roteiro fica por conta do próprio Sandler em conjunto com Tim Herlihy (de “Gente Grande 2”). A dupla usa o humor para levantar a importância do combate contra o bullying, uma proposta válida para alcançar o público mais jovem.

Mesmo com pouco mais de uma hora e meia de duração, o ritmo é rápido, com uma montagem que auxilia o humor físico com cortes rápidos. O problema aqui é a repetição. Por exemplo, duas piadas especificamente são repetidas praticamente à exaustão: uma acontece quando Hubie se assusta e dá um grito; a outra quando está andando de bicicleta e vários objetos são atirados em direção a ele. Nas primeiras duas vezes é engraçado, mas lá para a quinta ou sexta fica insuportável. Outra reincidência em relação às outras comédias do ator é o fato de sempre ter uma mulher apaixonada pelo personagem principal, independente das besteiras que ele faça.

“O Halloween do Hubie” aproveita a janela de lançamentos referente ao Dia das Bruxas, porém se alguém ajustar o roteiro e retirar tudo que é relativo a celebração, o filme continuaria exatamente igual. Do mesmo jeito em que a comédia continua a mesma coisa e este é só mais um filme do Adam Sandler, a mesma coisa de sempre. Para quem já gosta das comédias da Happy Madison, é um prato cheio. Para quem não gosta, corra como se um monstro estivesse te perseguindo e sua vida dependesse disso.

Fábio Rossini
@FabioRossinii

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