Antes de “Mistério no Mediterrâneo”, Adam Sandler e Jennifer Aniston já tinham atuado juntos em “Esposa de Mentirinha”, de 2011. Entre acertos e erros, a química natural da dupla foi um dos pontos de destaque do filme. Já na sexta parceria entre o comediante e a Netflix, além da dupla com a eterna Rachel, de “Friends”, o ator acerta e consegue subir mais um degrau ao apostar também na temática de mistério. Na trama, Nick (Sandler) é um policial que acaba de ser reprovado pela terceira vez na prova para virar detetive. Ele é casado com Audrey (Aniston), uma cabeleireira apaixonada por livros de mistérios, que sonha com uma viagem para a Europa quando o casal completa 15 anos de união. Pego de surpresa, Nick acaba comprando as passagens e o casal embarca para o velho continente.

O diretor Kyle Newacheck (“Perda Total”) inclui elementos de mistério ao apresentar Charles Cavendish (Luke Evans, de “Ma”), um bilionário que convida o casal para acompanhar o Grande Prix de Fórmula 1 de Mônaco no iate do seu tio Malcom Quince (Terence Stamp, de “A Casa Torta”). Como a agenda feita por Nick constava apenas um passeio em um ônibus velho lotado de crianças, foi fácil aceitar o pedido, mesmo vindo de um estranho. No iate, Quince afirma que toda a sua fortuna será herdada por Suzi (Shioli Kutsuna, de “Deadpool 2”), sua jovem esposa, ignorando toda a família e amigos de longa data que foram convidados. Porém, antes de assinar o papel que define o destino das suas finanças, as luzes se apagam e um tiro é disparado. As luzes são acesas e Quince aparece morto com uma adaga no peito.

Finalmente é levantada a questão tradicional de todas as pessoas que já jogaram o jogo de tabuleiro Detetive: quem é o assassino? Entre os suspeitos, estão: o filho de Quince, uma atriz, um coronel , um marajá, um piloto de corrida e, claro, o casal americano. O inspetor Laurent de la Croix (Dany Boon, de “Uma Agente Muito Louca”) é chamado para investigar o caso e, óbvio, Nick e Audrey logo são apontados como os principais suspeitos pelo crime. Agora, são obrigados a tentar solucionar o caso para não serem presos.

O roteirista James Vanderbilt (“Zodíaco”) brinca com os grandes clichês de detetive, como o mordomo ser o primeiro a ser considerado culpado e as histórias de crimes acontecerem sempre por causa de herança, vingança ou amor. Inspiradas em casos de crimes clássicos, as referências são de livros de escritores do gênero como Agatha Christie e Arthur Conan Doyle.

O elenco é muito carismático e todos entram na proposta de exagero do clichê impulsionado pela direção de Newacheck. Para quem não gosta das piadas de Sandler (em um de seus melhores trabalhos em parceria com a plataforma de streaming), elas continuam aqui, mas vale a pena tentar de novo por causa da adição do mistério. Não que seja algo super difícil que decifrar, mas definitivamente trouxe um refresco em meio ao humor. Aniston também faz uma boa dupla com o protagonista, trazendo piadas curtas que puxam o foco para o casal em meio às cenas de ação.

No final das contas, a proposta de detetive adicionou muito à obra, levando o roteiro para um caminho interessante. “Mistério no Mediterrâneo” deixa o gênero “Adam Sandler” para se transformar em um divertido longa de mistério/comédia/ação.