Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 24 de abril de 2017

O Novato (2015): bons tempos da infância!

Um longa descomplicado sobre os aprendizados da pré-adolescência, que emociona por abordar os assuntos caros à quase todas as pessoas do mundo. Uma agradável, engraçada e emocionante volta ao passado.

Preciso começar este texto dizendo que é impossível escrever sobre “O Novato” sem um tom de pessoalidade. É primordial, para aceitar a atmosfera proposta pelo filme do diretor Rudi Rosenberg (“O Tango de Rashevski”), que você deixe fluir todo o sentimento de nostalgia acumulada desde sua pré-adolescência e se deixe emocionar com a mais simples e clichê história de crescimento que o cinema já criou.

Em um colégio de Paris, o garoto Benoit (Réphaël Ghrenassia) é um novato, vindo do interior da França, tímido e por isso não consegue se enturmar. É claro que na escola existem todos aqueles tipos chavões que todos nós um dia conhecemos na vida: o estranho, o CDF, o gordo, os bullies, as garotas descoladas e, no caso de Benoit, Joanna, uma outra novata vinda da Suécia (Johanna Lindstedt), por quem o garoto se apaixona. De alguma forma, um grupo de excluídos forma-se de maneira natural, trivial e absurdamente familiar. Você sabe exatamente o que vai acontecer naquela história e, mesmo assim, percebe-se atraído e até feliz pela falta de surpresas. É como se você fosse um amigo daquelas pessoas – porque um dia você foi! -, ao mesmo tempo que torce e se irrita com as ações delas.

Os personagens e as atuações são tão cruas e singelas que fica muito difícil separar ali o que é real e o que é interpretação. O novato Réphaël Ghrenassi lidera a molecada com muita simplicidade e verdade. Johanna ou Joanna é delicada e apaixonante. O CDF Constantin (Guillaume Cloud Roussel) é a síntese do menino legal que ninguém conhece de verdade. Aglaée (Géraldine Martineau, de “Atirador de Elite“), apesar da deficiência física, se mostra muito mais confiante que todos os outros. O tio adulto e malucão de Benoit (Max Boublil, de “Tudo Por Alice”), é um “encostado” que adora ensinar coisas erradas e trotes bobos para os jovens. Para finalizar, o destaque do filme, o “gordinho estranho”- eu!!! – Joshua (Joshua Raccah), que com suas manias, solidão e brincadeiras fora de hora, nos faz rir e chorar.

Apesar de ser uma constante no cinema mundial, filmes sobre adolescência, passagem e crescimento podem ou não refletir alguma verdade do nosso mundo. Em “O Novato“, fica clara a intenção de simplesmente retratar algo que praticamente todo mundo já viveu na vida. Sem filtros e sem medo de abraçar o clichê. Mas a vida “real”não é um deles?

PS: Peço desculpas se escrevo esta crítica (bem)pouco técnica e um tanto – muito – emocionada, afinal, estou ouvindo repetidas vezes, com lágrimas nos olhos, a música “When Loves Takes Over”, de David Guetta e Kelendria Rowland, que toca em um momento marcante do filme. Espero, de verdade, que você tenha a mesma sensação que eu tive e sinta o mesmo que senti quando o assisti, porque é uma sensação muito, muito boa!

Rogério Montanare
@rmontanare

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