Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 22 de julho de 2016

Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina (2016): uma boa opção para as crianças

Continuação leve e divertida que deve agradar aos fãs mirins sem aborrecer os adultos.

Em 2015, as crianças da Escola Mundial tomaram as salas de cinema e arrastaram multidões de crianças por todo o país, o que levou a uma continuação quase imediata, com apenas um ano de intervalo. Agora, em “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina” a turminha enfrenta uma nova aventura, dessa vez com um clima urbano, em vários pontos importantes da cidade de São Paulo.

Esse clima urbano é evidenciado desde os créditos, que são uma verdadeira declaração de amor à maior cidade da América Latina. Vários monumentos arquitetônicos e artísticos são homenageados, desde o edifício Copan, o parque do Ibirapuera, Estação da Luz, MASP, Avenida Paulista, SESC Pompeia entre muitos outros. Além de um belíssimo trabalho de design, ainda possui uma função narrativa, pois adianta vários locais por onde as crianças irão passar durante a projeção.

A história tem início com um pequeno flashback, com a professora Helena e uma amiga brincando na escola. Muito tempo depois, essa amiga se torna a famosa cantora Didi Mel (Miá Mello). Apesar de terem seguido rumos bastante diferentes, as duas permaneceram amigas. E por conta disso, Didi Mel resolve chamar os alunos da professorinha para participarem de um show especial, na data do seu aniversário, pegando carona no sucesso que o clipe “PanáPaná” fez na internet. Porém, todos são pegos de surpresa quando Gonzales (Paulo Miklos) e Gonzalito (Oscar Filho), recém saídos da prisão, sequestram Maria Joaquina (Larissa Manoela) durante um ensaio.

Apesar de tocar em um tema sério, o filme fica longe de ser sombrio ou pesado, muito pelo contrário. A leveza da trama é tal, que permite até que vários absurdos sejam relevados, como o modo que Maria Joaquina trata seus algozes, o fato da professora Helena não chamar a polícia ou alguém querer se vingar de crianças inocentes. Depois de superado isso, a aventura tem momentos divertidos, pontuados por participações especiais, como o jogador de Futsal Falcão, o chef Carlos Bertolazzi e a eterna Elke Maravilha como uma simpática velhinha surda.

Além de reforçar algumas características e bordões de seus personagens na novela como “Isso é tão romântico” de Laura, “Eu só quis dizer” de Cirilo, a arrogância de Maria Joaquina e a obsessão de Valéria (Maísa Silva) o texto também faz alguns críticas leves a algumas situações corriqueiras na vida das crianças e pré-adolescentes, como o exagero no uso de jogos eletrônicos e celulares, uma importância demasiada a bobagens e repercussões em redes sociais, questões de higiene pessoal e até mesmo alguns percalços inerentes ao crescimento, como as primeiras paqueras e o tempo de amadurecimento diferente pra cada um. Além dos absurdos citados que abusam da suspensão de descrença do espectador, aquela que deveria ser a grande reviravolta do roteiro pode até agradar e surpreender as crianças, mas aquela parte do público responsável por acompanhar os pequenos às salas de projeção vai bocejar e revirar os olhos com uma solução extremamente previsível.

Apesar dos pesares, em uma época que a produção voltada para o público infantil que chega aos cinemas brasileiros é quase em sua totalidade formada por animações estrangeiras, “Carrossel 2 – O Sumiço de Maria Joaquina” é um sopro de leveza e diversão inocente, que ainda consegue fugir do lugar comum das produções nacionais de ensinar às crianças a importância do meio ambiente.

David Arrais
@davidarrais

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