Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 27 de julho de 2009

Halloween – O Início (2007): uma das melhores aparições de Michael Myers

O novo filme sobre o temido Michael Myers chega atrasado ao País e quase bate com a sua sequência, que deve estrear em breve. Ainda assim, “Halloween - O Início” apresenta cenas de puro terror aliado a uma direção eficaz que resultam em uma boa surpresa.

Na história, o garoto Michael Myers, de 10 anos, sofre por ser problemático e, por isso, recebe a indiferença de todos. Isso acaba o motivando a praticar crimes cada vez mais horríveis que separam o garoto da sociedade, contribuindo ainda mais para o desenvolvimento de sua mente doentia. Além disso, o filme mostra que, desde criança, o assassino já tinha o hábito de usar máscaras. Isso, na verdade, era a forma do garoto se esconder do mundo. Assim, o longa detalha a vida do assassino, seus massacres, principalmente no dia das bruxas, e até seus sentimentos. Isso mesmo, ele tem sentimentos.

O diretor Rob Zombie, que tem apenas uma fraca experiência em filmes de terror e como próprio diretor no longa “Rejeitados pelo Diabo”, procurou mostrar um assassino que em nenhum momento foge de seu perfil e que até os poucos sentimentos que lhe restam aparecem confusos e pouco relevantes. Isso foi eficiente à medida que afasta o filme dos clichês bobos que estão cada vez mais presentes em projetos deste tipo. Além disso, a história do assassino é mostrada de forma bem fiel ao instinto do personagem, ou seja, cruel e aterrorizante, um prato cheio para o gênero.

O destaque de “Halloween – O Início” é a boa atuação do menino que interpreta Myers quando criança. Daeg Faerch, desconhecido até então, demonstra muita segurança ao pegar a única parte da vida do assassino em que se observam suas expressões faciais, uma vez que ele, aos poucos, vai incorporando a sua vida o hábito de utilizar máscaras. Só o olhar que o garoto faz já vale o título de melhor atuação do filme. Um olhar que mistura uma vida problemática com uma mente doentia. Um verdadeiro psicopata, como diz o autor de um livro sobre o menino na história.

O clima sombrio e a câmera nervosa estão presentes durante os 109 minutos e dão um interessante clima perturbador à história, próximo ao existente na mente doentia do assassino. Esses recursos utilizados principalmente nas cenas de ataque de Myers caem como uma luva na história e o resultado é positivo. É só observar a cena em que o assassino mata um rapaz, o pendura e fica observando o mesmo como um verdadeiro psicopata.

Os cortes feitos em cenas que o assassino irá fazer uma nova vítima tiram um pouco da obviedade do ato e dão um aspecto agradável, já que mostra um compromisso com a história e não com o espectador. O que adianta mostrar mais uma violenta morte em que o assassino não perdoa nem a pessoa que cuidou dele durante anos? Uma cena interessante é a que uma mulher implora a Myers que não a mate. A cena termina ali e não mostra nada além do gesto da mulher desesperada.

A franquia “Halloween” ganha um grande gás com este novo filme da série. “Halloween – O Início”, embora venha com um roteiro bem previsível, abusa da ousadia do diretor Rob Zombie e de recursos bem interessantes ao gênero que fazem deste filme uma das melhores aparições de Michael Myers, ou piores, dependendo do ponto de vista.

Marcus Vinicius
@

Compartilhe