Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 13 de outubro de 2006

Torres Gêmeas, As

Uma verdadeira obra prima de Oliver Stone. Alucinante, emocionante e, sem sombra de dúvidas, um dos melhores filmes do ano até aqui. Além de misturar diversos elementos que deixam o espectador sem fôlego durante grande parte do filme, não será exagero nenhum relatar que vi, por algumas vezes, durante a metade final da exibição, espectadores na sala enxugarem algumas lágrimas.

A história conta basicamente o dia 11 de setembro de 2001, no qual lamentavelmente aviões terroristas atingiram os prédios do World Trade Center, as famosas "Torres Gêmeas", patrimônio de cidade de Nova York. No filme, Nicolas Cage é o sargento John, que vive com sua mulher Donna e seus quatro filhos. Michael Peña é o policial portuário Will Jimeno, casado e que tem uma filha, além de estar à espera da segunda (sua mulher está grávida). No dia 11, mais um dia normal de trabalho inicia-se para eles e para toda a cidade de Nova York. Porém algo de estranho acontece nas Torres Gêmeas, e John tem a função de organizar uma equipe para tentar socorrer as vítimas nos prédios. É quando a tragédia chega ao seu ápice: os prédios desmoronam em cima da equipe de John (incluindo Will). A partir daí, uma inacreditável trama dramática tem início para os policiais, suas famílias e, claro, para a população em geral.

Já inicio aqui meus elogios à produção. Seu roteiro não retrata com tanta relevância o terrorismo dos aviões, mas, sim, a história de alguns dos verdadeiros protagonistas da situação. É claro que é impossível fugir e não falar sobre o ato dos terroristas, já que este foi o causador de tamanho desespero e agonia. Porém o filme trata de focar sua atenção nas conseqüências do tal ato e este fator foi essencial para o desenvolvimento mais do que sensacional da trama, não se prendendo aos ataques.

É mais do que óbvio que não podemos saber ao certo como foi estar na situação de John, Will e de todas as outras pessoas que sofreram com o acontecimento. No entanto, caso seja possível, a imagem retratada no filme chega a assustar devido às diferentes sensações que sentimos ao assisti-lo e pode ser considerada como extremamente fiel, já que passou pela aprovação dos próprios envolvidos na vida real. Pode-se até dizer facilmente que, apesar de retratar uma história real, "As Torres Gêmeas" consegue ao mesmo tempo relatar brilhantemente esse drama da situação e manter as características de um bom blockbuster. Portanto, a adaptação deve ser considerada, no mínimo, competente.

O motivo disto pode ser considerado, dentre outros, a divina e impecável direção de Oliver Stone. O cineasta demonstra muita segurança e o controle da situação em todas as cenas. Também vejo como positivo as pausas do filme, deixando toda a tela preta, fazendo com que um suspense inevitável tome conta do público. Como exemplo, cito a cena do desmoronamento dos prédios em que essa pausa ocorre, trazendo uma intensa curiosidade nos espectadores, além de diferentes reações à situação. Stone mescla um incrível repertório de emoções, trazendo nas horas certas e nas medidas certas desespero, pavor, sensacionalismo, agonia e, acredite se quiser, até um certo humor algumas vezes. Destaque também para o uso dos planos do diretor, usando, por exemplo, closes em momentos apropriados para ressaltar as diferentes reações das personagens, além do plano geral no ótimo início do filme, mostrando a cidade "acordando" para mais um dia.

O que poderia falar sobre o elenco? Quanto a Nicolas Cage, sou extremamente suspeito pra falar. O cara é sensacional! Não imagino outro ator para representar a difícil missão que ele teve neste filme e, por mais difícil que tenha sido, ele soube de maneira impecável assumir tal responsabilidade com segurança, firmeza e, com certeza, talento. A surpresa mais do que agradável fica por conta de Michael Peña. Uma atuação incrível do jovem ator que, até então, não tinha tanto destaque a não ser por uma atuação menos chamativa em "Crash – No Limite". Aplausos para a dupla que merece ser exaltada e reconhecida pelo trabalho que realizou. A equipe de coadjuvantes não chega a tanto, mas também soube desempenhar de forma gratificante e competente sua função. Maria Bello, por exemplo, alternou entre bons e razoáveis momentos, mas conseguiu manter uma constante positiva, principalmente na metade final do filme. Um melhor resultado teve a mulher de Will Jimeno, Maggie Gyllenhaal, que conseguiu mostrar aos poucos o seu talento, mesmo que em alguns momentos também não aparentasse tanta emoção (assim como Maria Bello). Em um aspecto geral, ambas cresceram junto com a magnitude da produção, assim como o restante da equipe.

Enfim, "As Torres Gêmeas" é um tremendo espetáculo. Triste? Sim, é verdade. Mas o que esperar de um filme que retrata essa terrível tragédia? Acredito que as lamentações e aquele famoso "nó na garganta" serão até surpresa para alguns que não esperavam tamanha comoção quando entraram no cinema. No entanto, para outros, o filme será ainda melhor do que aparentava ser. De qualquer maneira, não deixe de conferir, caro leitor! É um blockbuster que merece, sem sombra de dúvidas, sua atenção e, em minha modesta opinião, as dez estrelas que aqui deixo registradas são poucas para elogiar sua beleza.

Ícaro Ripari
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