Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Alien vs. Predador (2004): não tem sangue e você dá risadas

O filme tem uma idéia interessante, ótimos vilões e efeitos bem bolados. Por que não funciona? Porque transformaram o suspense clássico numa comédia pastelão assim como em "Jason vs. Freddy".

É, realmente pegou a moda de fazer “crossover” (batalhas entre personagens séries diferentes) com grandes vilões, ícones e estrelas de “filmes”. Tivemos um encontro de desenho animado a alguns (muitos) anos atrás dos pré-históricos Flinstones com os futurísticos Jetsons. Funcionou, sem dúvida alguma. Pegando um exemplo mais recente e de gênero semelhante, tivemos “Jason vs. Freddy” se digladiando em um horroroso filme, com péssimo roteiro e abominável clima de comédia com os maiores vilões do terror cinematográfico (um desrespeito, de fato). E em 2004 chegou à vez dos maiores vilões da ficção-científica se encontrarem em “Alien vs. Predator”.

O fascínio pelo personagem futurístico Predador começou em 1987 no filme de mesmo nome. Como protagonista havia o major Alan “Dutch” Schaefer, interpretado pelo atual governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger. Fortemente armado e com um poder de camuflagem fantástico, o Predador aterrorizou a equipe de resgate que estava na selva da América Central atrás do ministro estrangeiro que desapareceu. O filme foi um grande sucesso e rendeu uma indicação ao Oscar na categoria de Melhores Efeitos Especiais. O orçamento gasto foi de U$ 10 milhões. Incrível como se gastava “pouco” na época para se fazer um filme de qualidade. Em 1990 chegou seqüência, “Predador 2”. Havia Danny Glover como protagonista e agora o camuflado ser estava em Los Angeles. Uma curiosidade é que nesse filme aparecem crânios de duas criaturas que lembram muito as mostradas em “Alien, o 8º Passageiro” (1979) e “Aliens, o Resgate“ (1986). Há também uma participação do ser camuflado no filme “DNA – Caçada ao Predador” em 1997, que foi lançado somente em vídeo no Brasil.

Do outro lado da moeda temos o Alien. Sua primeira aparição foi em “Alien, O 8º Passageiro” no ano de 1987 e que tem Sigourney Weaver como protagonista do filme e da maior parte dos 4 filmes (exceto o filme desta crítica) lançados da saga Alien. A aceitação foi tão boa, que o filme ganhou o Oscar de Melhores Efeitos Especiais, além de ter sido indicado como Melhor Direção de Arte. E ainda recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora. A partir dai sucederam vários filmes: “Aliens, o Resgate” (1986) – que ganhou 2 Oscar’s, “Alien 3” (1992) e “Alien – A Ressurreição” (1997).

Um currículo de sucesso fez com que uma batalha entre os dois seres fosse travada neste filme. Uma pirâmide até então desconhecida é encontrada na Antártica através de satélites, fazendo com que uma equipe de cientistas e aventureiros seja enviada para investigar o local. Porém lá eles fazem uma descoberta aterradora: a pirâmide serve de abrigo para duas raças alienígenas extremamente violentas, que estão em guerra.

A idéia é interessante, sem dúvida alguma, mas quando ela é colocada em prática sai da pior forma possível. Não chega a ser um filme ruim, mas como as coisas caminham da metade para o final do filme fazem você dizer: mas que droga é essa? O começo que o diretor Paul W.S. Anderson (já acostumado em criar climas interessantes como em “Resident Evil”) expõe é excelente. Não há o que criticar, já que ele quis introduzir algo sobre as raças até porque nem todo mundo assistiu aos filmes clássicos dos Aliens e dos Predadores. Apesar de clichê, o início não chega a prejudicar ao filme, só ajuda na ânsia das batalhas. Eu particularmente não via a hora de chegar nessas benditas e aguardadas batalhas. Essas aconteceram e fiquei satisfeito (pelo menos isso de bom).

O que parecia ser um ótimo filme de ficção com pitadas de suspense acaba se tornando um filme de comédia. Presenciamos em “Alien: A Ressurreição” um contato amoroso entre o Alien e o Humano (humana, no caso). Neste vemos o lado inverso. Fiquei triste. Esperava bem mais. Um dos poucos momentos de suspense do filme fica por conta de um pingüim. Não entendo, sinceramente. Se o que fez desses dois personagens clássicos foi suspense enigmático de seus filmes, porque nesse não aconteceu o mesmo?

No final das contas você acaba de assistir com sensação que acabou de assistir um filme da Sessão da Tarde que não tem sangue, não assusta e você dar boas risadas. Se você tiver a coragem de assistir, me diga se você não deu sorrisos no final, tudo bem? Chorável! Poderia ter acabado em 1 hora de exibição, ao término das primeiras lutas. Já estaria satisfeito …

Jurandir Filho
@jurandirfilho

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