Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 04 de setembro de 2005

Coisa de Mulher

O que esperar de um filme que tem em seu elenco Adriane Galisteu, é produzido pelo Sistema Brasileiro de Televisão (essa mesma, a empresa do Patrão) e tem no cartaz a frase: "UMA COMÉDIA PARA VOCÊ GOZAR DE RIR"? Mesmo esperando pouco, é dificil gostar disso.

Em plena sexta-feira, lá se vou eu ir ver a nova empreitada do Seo Silva: um filme. E, para os que sempre acreditaram no Homem do Baú, infelizmente sua estréia nos cinemas não foi das melhores. Tudo bem que uma comediazinha raza não faz mal a ninguém, até porque errar a mão em um filme desses não é das tarefas mais difíceis; contudo, o filme é apelativo pacas e, pior ainda, não provoca um riso verdadeiro e sim algo forçado (leia-se: muitos palavrões e flatulências em cena).

A história (haheuaheuahueahea… hum… desculpe, não pude me conter) é sobre quatro estereótipos femininos e um ser que tem que entender a alma feminina para continuar no seu trampo e, durante a produção ‘se metem nas maiores confusões, e acabam se encontrando a si mesmos’. Então, quando isso começa, entram em cena:

a) Catarina (Lucilla de Assis), a esposa insatisfeita com o esposo porque este não quer transar;

b) Mayara (Adriane Galisteu), a mulher que sofre porque quer ter filho e não consegue, ou por problemas relacionados ao seu lado biológico ou pelo fato de seu esposo ter a dificuldade que o viagra reduz;

c) Mônica (Suzana Abranches), a mulher casta, pudica, pura e, acima de tudo, virgem que só irá transar depois do casamento;

d) Graça (Cláudia Ventura, que é a cara da Cláudia Rodrigues do “A Diarista” ), a jovem interiorana que largou o noivo no altar para viver com a prima na cidade grande;

e) Dôra (Carmen Frenzel), a quarentona recém-separada que não quer mais nenhum homem na sua vida e sim, apenas torrar o dinheiro da pensão do seu ex;

e, o grand finale:

f) Murilo (Evandro Mesquita), o homem que precisa entender a ‘alma feminina’ para poder continuar no seu trabalho, já que é colunista de uma revista feminina e trabalha sob o pseudônimo de Cassandra.

Some isso a caricaturas da ‘Lésbica Bonitona’, ‘Esposo(s) Que Não Quer(em) Transar’, ‘Garoto Que Quer Ficar Com a Amiga da Mãe’ e ‘Garota Rebelde’. Pronto: você tem em mãos uma das coisas mais bizarras do cinema brasileiro.

Ë nesses momentos que dá para concordar com aquelas pessoas pessimistas quanto ao cinema brasileiro. Onde estava com a cabeça o Homem das Historinhas-Infantis-Narradas quando resolveu patrocinar isso? A produção é bem fraquinha e não dá para se comparar em momento algum às da Globo Produções (que de tempos em tempos lança um “2 Filhos de Francisco” da vida), mas, com certeza, apesar dos cenários serem breguíssimos (que coisa horrorosa é a casa da Mayara, parece mais uma casa do Castelo Rá-Tim-Bum, aquele programa clássico da TV Cultura) e ser tudo um pouco escuro demais, a grande culpa é, indubitavelmente, do roteiro. Escrito por, nada mais nada menos, cinco (!!!!!) mulheres, ele chega a apelar para frases como “Ah! Hoje eu preciso dar”, “Faz esse pinto ficar duro”, “Ah! Vá chupar uma pleura!” Portanto, dá para se perceber o nível de inteligência do filme. Enfim, algo parecido com o idiota, imbecil, medíocre e apelativo “Tudo Para Ficar Com Ele” – sim, é aquele filme que tem aquela música horrorsa sobre o tamanho do dito cujo. :o|

Creio que comentar alguma coisa acerca do recitais de frases do roteiro é uma tarefa inútil e redundante, já que todas – todas mesmo – não conseguem ser melhor do que as marionetes do “Team América – Detonando o Mundo”.

Entretanto, apesar de tanta coisa ruim, dá para se dar algumas risadas, seja em detrimento da horripilância do roteiro ou pela falta de talento de TODOS os que estão em tela. E assim, termino essa resenha apenas dizendo que, se for ver isso, não me chame e não chame qualquer pessoa. Quer se lascar, se lasque sozinho. Hehehe. :oD

Ah! 1: Olhem a Funcionária do Século Hebe fazendo história no primeiro filme da SBT Filmes. Gente, creio que já está na hora de empalhar essa mulher! O.o

Ah! 2: Pelamordedeus! Que coisa mais horrorosa é o Evandro Mesquita vestido de mulher!! Tava mais para os meus amigos prontos para a Festa do Avesso do que para a tal da Cassandra.

Ah! 3: Finalmente encontramos alguém para fazer companhia ao Sergio Malando*: Eliana Fonseca, a diretora desse “Coisa de Mulher”.

*Como todos sabem, Sérgio Malandro está em algum cativeiro mantido em quarentena por Crimes Cometidos Contra a Humanidade (Porta dos Desesperados, Glu-glu-glu?).

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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