Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 23 de agosto de 2005

Horror em Amityville

Enfadonho e chato. Mas, ainda bem, não chega ao nível de mediocridade de "O Pesadelo".

Na crítica de “Casa de Cera”, comentei que estava muito feliz pela nova safra de filmes de terror. Exemplos que me faziam pensar que o gênero do titio Freddy Kruger havia voltado com toda força não me faltavam. Entretanto, vou ter que pagar pela minha língua: infelizmente, à cada nova produção lançada, minhas esperanças vão por água abaixo. E esse “Horror em Amityville” é uma das pás que estão enterrando esse gênero tão amado por muitos e odiado por poucos.

O filme conta a história ‘real’ – na verdade, está mais para um lenda urbana do que um fato provado – da família Lutz, à partir do momento que eles se mudam para, o que parecia ser, a casa dos seus sonhos. Estava indo tudo bem – já que compraram a casa por uma bagatela – até que o comportamento dos novos moradores começa a mudar drasticamente. Contudo, os Lutz não atentaram para um pequeno fato: um ano antes, nessa mesma casa, o jovem Ronald DeFeo Jr. assassinou seus pais e os quatro irmãos menores na maior frieza. Após ser preso, o jovem disse que fez o que fez porque era ordenado por vozes que ele escutava. Reza a lenda que a casa, mesmo após o assassínio da família DeFeo, continuou sendo assombrada. Fato que fez com que os Lutz se mudassem exatamente vinte e oito dias depois da mudança.

Essa história caiu no gosto popular e até hoje é motivo para que fãs loucos tentem entrar na casa, perturbando a santa paz dos atuais moradores. Verdade ou mentira, não cabe a mim descobrir, mas apenas desconfio muito de sua veracidade, pois as duas versões sobre os tais espectros da casa – uma do jovem DeFeo e outra dos Lutz – são controversas. Anos depois, o jovem DeFeo e o próprio padre, Ralph Pecoraro – encomendado para um exorcismo – disseram que era tudo uma invenção dos Lutz para ganharem uma graninha com a história e que a real causa dos assassinatos foi o desequilíbrio mental de DeFeo Jr.

Bom, voltemos agora ao Longa. O filme é ruim. Não tão ruim quanto “O Pesadelo” (até porque algo ser pior do que aquilo é um pouco difícil), mas deixa muito, mas muuuuuuuuito mesmo, a desejar. A história segue, mais ou menos, a linha do original de 1979, procurando se ater mais aos ‘fatos’. Mas, infelizmente, o filme tem tantos clichês que faz as pessoas abandonem a sala rapidamente.

Outra coisa, que também não é nem um pingo interessante, é a produção desse filme. Novamente estão presentes: o momento com as ‘cenas rápidas e bizarras’ (pensei que essa característica era apenas dos remakes de filmes de horror japoneses), a criança que tem um amigo imaginário (isto já está virando epidemia em Hollywood, vide “Amigo Oculto” e “Água Negra” :oP) e, obviamente, as lentes que deixam os olhos do vilão vermelhos (pensei que só o Darth Vader/Anakin e o Lula Molusco, quando fica nervoso, ainda utilizavam esse recurso).

Mas nem tudo são pedras: apesar de ser altamente bobo, a produção tem alguns momentos inspirados como a cena do início, onde são apresentados os atos de DeFoe Jr somente por meio de flash de luz causados por relâmpagos ou a primeira cena que a finada Jodie aparece. (Pronto. Também são só esses! :o|)

Bom, recomendaria que você fosse assistir a qualquer outro Longa atual de terror (com exceção do “O Pesadelo”), pois provavelmente meterá muito mais medo do que esse. Para os que insistirem em conferir esse filme, quando levarem algum (esporádico) susto, não levem a sério e continuem à parte do clima que é tentado ser imposto. Ah! E, na boa, essa onda de refilmagens já está saturando.

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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