Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 31 de outubro de 2005

Plano de Vôo

Um avião. Um desaparecimento. Uma mulher nervosa. Alguns suspeitos. Parece mais um filme como tantos outros, certo? Mas não é. “Plano de Vôo” não necessariamente é uma pérola original, mas é um filme bom, que prende a atenção e diverte, mesmo que faça isso abusando da tesão!

Sou fã incondicional de “O Silêncio dos Inocentes” e aprecio muito a obra de “Táxi Driver”. Duas pérolas de cinema que nenhum cinéfilo pode morrer sem ver. Dois filmes que além da qualidade em comum, trazem a atriz Jodie Foster no elenco. Depois desses dois, lembro de tê-la visto em “Quarto do Pânico”, um suspense que me agradou bastante. Agora, reencontro a ganhadora do Oscar de 13 anos noutro trama maravilhoso, no filme “Plano de Vôo”.

Só por tê-la no elenco já arrecadaria uns pontos positivos no meu julgamento. Sim. Não quero endeusa-la, mas Jodie é uma atriz faz bem a tarefa de casa e não faz questão de fazer gracinhas na frente de câmeras que não sejam de um diretor competente.

Mas, sim, vamos ao filme. Ele trás a história de uma recente mãe-viúva, Kyle Pratt (Jodie Foster), que viaja de Berlim para Nova York com sua filha de 6 anos, Julia Pratt (Marlene Lawston). Levando o caixão do marido para ser velado junto a família, as duas mulheres Pratt estão sofrendo com a perda súbita de David.

Vale lembrar que Kyle Pratt é engenheira aeronáutica. Mas vou deixar a dúvida com vocês sobre a importância desse detalhe. O avião que serve de cenário para a trama é enorme! Quase um Titanic de asas! São mais de 400 passageiros que deverão ser atendidos por uma tripulação não muito feliz em atende-los.

O mistério começa desde cedo. O início do filme não é algo cronologicamente linear. Você não sabe ao certo o que aconteceu ou há quanto tempo. Quem morreu e de quê. Durante as conversas no avião é que se esclarece tudo. E logo após a decolagem do avião, começa a tensão: Julia some. Mas some de forma estranha, pois não leva seu ursinho de estimação.

A mãe entra em desespero e começa a exigir procedimentos imediatos em busca da filha. A tensão e a ansiedade se espalha pelos passageiros e logo, todos no avião estão sabendo do ocorrido. O capitão não sabe ao certo o que fazer e a tripulação não parece muito preocupada com o sumiço da menina. Afinal, ela não poderia ter ido longe…

Melhor ainda, o diretor vai longe. Até a idéia de que a mãe estaria louca parece ser verdade. E não deixa de ser lá uma verdade… Pessoas envolvidas alteram dados e forjam uma situação fictícia para cima da viúva, aparentemente sofrendo trauma psicológico.

Mas Kyle Pratt não descansa. Eis que aparece um suposto policial Carson (Peter Sarsgaad) que se diz responsável pela segurança do avião e passa acompanhar Pratt em todos seus movimentos. De tudo acontece durante o vôo: paqueras, piadas, brigas, desespero… São várias as reações. E o mais divertido é a interação dos passageiros e os comentários que saem em segundo plano.

Um detalhe interessante do filme é que ele trás diversos estereótipos de pessoas, personagens secundários, que se intercalam no drama e representam determinados comportamentos.

Não vou entregar o desenrolar das coisas, muito menos como acaba o filme. Faço questão que vocês assistam, por que vale a pena! Mas adianto que ele, certamente, deve ter sido inspirado nos ataques terroristas do World Trade Center. Não vou nem dizer que também tem árabe no meio, certo? Mas cabem a vocês verem se é tão óbvio assim. O 11/9, definitivamente, influenciou os roteiros e os aviões voltaram à cena. Perigoso é que esses filmes passem a ensinar os terroristas a seqüestrarem aviões ou, no mínimo, fermentarem suas idéias!

Enfim, vale a pena conferir. Como meu colega Bruno Sales escreveu na sua crítica, quando a protagonista acha que nada pode ficar pior, tudo piora!

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

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