Cinema com Rapadura

OPINIÃO   terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Caminhando com Dinossauros 3D (2013): animação problemática não convence

Baseado na minissérie da BBC, esta produção chega no fim das férias escolares para entediar igualmente adultos e crianças.

Caminhando com DinossaurosCreio que já disse isso antes, mas não custa repetir: a única coisa que uma animação voltada para o público infantil não pode ser é chata. E é isso o que define este “Caminhando Com Dinossauros 3D”. Fica difícil se importar com os impressionantes animais quando eles passam por uma jornada tão batida e contada de um modo extremamente problemático.

É uma pena, pois o visual da fita é espetacular. Os dinossauros e os ambientes onde eles estão inseridos possuem um ótimo design, que busca recriá-los de modo realista, algo que o “peso” que as criaturas digitais aparentam ter em cena ressalta. Mas todo esse clima é destruído nos momentos em que os bichos começam a conversar.

O roteiro de John Collee recicla muito do que o escritor havia colocado no ótimo “Happy Feet – O Pinguim” e conta a história de Patchi, um tímido e inteligente paquirinossauro, filho do líder da manada e o menor de sua ninhada, sempre deixado de lado por todos. Ao crescer, ele acaba obrigado a enfrentar seu irmão maior pela liderança do grupo e pelo coração de sua amada.

Não é apenas a péssima qualidade dos diálogos que afunda a fita, mas também o modo como eles são travados. Enquanto os animais rugem, esses barulhos são traduzidos em palavras, em algo que lembra muito a tradução simultânea que as TVs nacionais fazem em premiações como o Oscar ou o Globo de Ouro. Não é culpa da equipe de dublagem nacional, o filme foi sim lançado pela produtora deste modo.

Caso o roteiro de Collee fosse aplicado com uma narrativa mais ousada e uma condução sem diálogos convencionais, conforme o trailer inicial apontava, talvez a fita tivesse alguma salvação. Do jeito que está, o resultado é tosco, para dizer o mínimo. O longa tenta divertir e ser educativo, e falha nos dois objetivos.

Para completar o desastre, ainda temos atores em cenas live-action, claramente filmadas às pressas para tentar fazer com o que o público se identificasse com a trama, mastigando os motivos pelos quais devemos nos importar com aqueles personagens, o que torna o roteiro ainda mais previsível. Chega a dar pena de ver Karl Urban pagar um mico (ou seria T-Rex?) desses, mas ao menos o ator deve ter reformado o banheiro com o cachê.

Maçante e sem graça, “Caminhando Com Dinossauros 3D” é uma das piores pedidas para o fim das férias, revelando-se uma experiência igualmente monótona para crianças e adultos, com suas únicas qualidades depositadas em seu visual.

Thiago Siqueira
@thiago_SDF

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