Cinema com Rapadura

OPINIÃO   segunda-feira, 11 de março de 2013

O Quarteto (2012): estreia de Dustin Hoffman na direção é regular

Longa mostra a velhice pelos olhos de músicos eruditos aposentados.

O quartetoBaseado na adaptação da peça de Ronald Harwood e roteirizada pelo mesmo, Dustin Hoffman estreia na direção de um longa que tem no elenco atores consagrados, oferecendo um filme leve, simples, despretensioso, baseado no equilíbrio entre drama e comédia. A trama tem como foco a união que supera obstáculos, com o quarteto lírico do título Cissy (Pauline Collins), Reggie (Tom Courtenay), Wilfred (Billy Connolly) e Jean (Maggie Smith) sendo forçado a se reunir em uma apresentação para arrecadar fundos e salvar a luxuosa casa de repouso onde vivem.

Como obstáculo desta reunião estão relações pessoais mal resolvidas, a velhice e a compreensão da decadência, da voz que constantemente falha e não corresponde mais ao talento que antes era aclamado. A idade é obsessão temática do filme, com muitas cenas focadas nas mãos enrugadas e nos olhos cansados, tendo como contraste a juventude da médica que administra a casa (Sheridan Smith) ou dos jovens que visitam o local para aprender sobre ópera.

A direção de Hoffman é segura e livre.  Na história, não há chantagens emocionais ou truques de roteiro para ganhar a afeição do espectador. Porém,  Hoffman aparentemente parece discutir a própria velhice mostrando que a terceira idade não é um fim da vida, mas sim só mais uma fase que pode sim ser vivida de intensamente.

Já o drama é gerado por Maggie Smith e Tom Courtenay, interpretando um casal desfeito há décadas. Os dois se apaixonaram e se separaram, e agora se reencontram nesta casa. Boa parte do filme se passa no diálogo entre eles de como poderia ter sido caso não tivesse acontecido a separação. Infelizmente, este romance é a parte mais fraca do filme, porque aparece sem contexto e cai para segundo plano.

Mesmo a parte dramática sendo mais fraca, a parte musical surpreende durante os ensaios do quarteto e cria grande expectativa para a apresentação final, colocada por Dustin Hoffman de forma inteligente e eficaz. Com o típico humor britânico cínico e diálogos afiados, “O Quarteto” é uma obra simples, previsível e um tanto irregular, mas conta com uma direção bastante competente.

Adriana Cruz
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