Cinema com Rapadura

OPINIÃO   domingo, 10 de março de 2013

Killer Joe – Matador de Aluguel (2011): William Friedkin volta em grande estilo

Cineasta volta às origens e traz um filme que revela a vida obscura de uma família que não tem limites para violência que é capaz de fazer.

Killer JoeApós um período de filmes medianos na década de 90 William Friedkin, especialista do gênero horror e autor de obras como “O Exorcista” (1973) e “Possuídos” (2006) retorna a parceria com com o roteirista Tyler Bates para retornar ao gênero que o consagrou como cineasta.

“Killer Joe – Matador de Aluguel” se passa em Dallas, onde vive a família de Chris (Emile Hirsch), um aspirante a traficante de drogas de 22 anos que tem uma grande dívida com os mafiosos da região, após ter o estoque de cocaína roubado pela própria mãe. Desesperado, Chris pede ajuda ao pai (Thomas Haden Church) para solucionar o problema.

Sem muitas alternativas, a solução encontrada por ele é matar a mãe para obter o seguro de vida, avaliado em US$ 50 mil. É assim que conhecem Joe (Matthew McConaughey), que inicialmente aceita o trabalho sujo, mas quando percebe que não há dinheiro disponível para o pagamento imediato propõe que a irmã virgem e inocente de Chris, Dottie (Juno Temple), seja entregue a ele como garantia de pagamento.

É nesse mundo obscuro que Friedkin joga o espectador em uma trama que vai do trágico ao cômico, fazendo uso inteligente do humor negro. Temos várias cenas fortes de nudez e tortura, mas são totalmente coerentes com o enredo, querendo assim mostrar o quão deprimente é uma pessoa desesperada e sem expectativas.

Assim, esse não é um filme de violência gratuita, mas uma forma concreta de como contar um bom terror, sem ter a necessidade de ser apelativo e fazer uso de clichês já esperados pelo público. A construção das cenas não são feitas para  assustar o espectador o tempo todo, mas para mostrar como o ser humano pode ser deprimente em uma situação de desespero, quando esse não sabe lidar com a situação e o drama familiar dá lugar ao medo de uma família que esta nas mão de um policial assassino que, aos poucos, demonstra toda sua crueldade.

A rede de equívocos que amarra cada um dos membros dessa família, e que consequentemente sela o seu destino, passa também por Sharla (Gina Gershon), a nova mulher de Ansel, que pretende receber sua parte do bolo. O longa é surpreendente na sua construção narrativa e conta com diálogos inteligentes e personagens complexos. Emile Hirsch surge como um pequeno marginal, enquanto Gershon exibe um ar sempre calculista e vulgar.  Juno Temple vive Dottie, uma  jovem adorável, pura, mas claramente instável, sendo até cômico o nível de alienação diante da grave situação em que sua família se encontra.  Joe tem uma grande afeição por Dottie e isso é mostrado em todo o filme, mas para o desespero do irmão, ela não se importa e acredita em cada gesto de falso afeto de Joe.

Destaque principal para a atuação de Matthew McConaughey que mostra o lado frio e calculista de um assassino que não tem nada a perder, chegando a amedrontar com a seriedade exigida de um personagem psicopata. “Killer Joe – Matador de Aluguel” é um filme que desperta diferentes emoções no público e, para aqueles que gostam de um filme de terror dramático, vale apena assistir.

Adriana Cruz
@

Compartilhe