Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sábado, 27 de março de 2010

H2: Halloween 2 (2009): filme peca por mostrar mais do mesmo

O novo filme da franquia mostra uma interessante tentativa do diretor Rob Zombie de retomar o clima original da série de John Carpenter, iniciada em 1978. Embora tenha conseguido no longa anterior, neste ele fica apenas na tentativa.

Um dos matadores mais indestrutíveis do cinema está de volta. O atormentado Michael Myers volta para Haddonfield, sua cidade natal, para acertar contas com sua família e principalmente sua irmã que acha que o matou. No meio do caminho, ele não dispensa ninguém. E seus ataques são cada vez mais cruéis e indispensáveis ao longa. Além disso, o drama psicológico do matador também é explorado e explica um pouco o que realmente fez e faz com que Myers tenha tais atitudes.

O diretor Rob Zombie (“A Casa dos 1000 Corpos“) conseguiu, em sua primeira releitura da série, mostrar um terror misto que envolve o instinto cruel do matador e seu drama psicológico, algo bem original para os tempos atuais, mas ao contrário do aconteceu no primeiro filme, neste o mesmo drama não tem tanta força e as atrocidades cometidas pelo assassino tomam conta da trama.  O clima bem pesado, em muitos momentos, torna-se insuportável por tamanha lentidão e previsibilidade.

É interessante observar a cena em que Myers passa um bom tempo esfaqueando uma garota. Além de mostrar a mente doentia do assassino, a cena traz também um tipo de terror bem clássico que é difícil de ver nos atuais filmes do gênero, já que sua maioria cai no caricato. E esse é o lado mais atrativo da obra. O problema é que, depois de tantas mortes seguidas, chega um momento que cansa e a obra torna-se chata e previsível. E acaba sendo difícil segurar o público em suas quase duas horas de duração.

Nas cenas que exploram a doentia mentalidade de Myers e suas ilusões, o filme beira ao ridículo. Ao conversar com sua mãe que aparece em sua mente, o lado lúdico fica em segundo plano e o que mais chama a atenção é péssima caracterização e ambientação da cena. Realmente, parece que é um filme dos anos 80, não pela originalidade da história, mas sim pela fraca qualidade visual.

A releitura feita por Rob esquece que o fator atrativo do longa original que em sua época trouxe algo novo, algo que encantava os fãs do gênero. O que acontece nesta obra é o inverso. Nada atrai. Nada inova. Aguardamos um desfecho que já sabemos como será, ou ao menos, imaginamos. E até lá, temos que agüentar um desenvolvimento mais comum possível.

Fracasso nos cinemas norte-americanos, o longa deve fracassar também por aqui. “Halloween 2” peca por mostrar mais do mesmo. O tom original do filme anterior, não mostra mais efeito e, assim, a obra torna-se mais uma sequência descartável. E para não dizer que nada tem valor, a trilha sonora é um espetáculo. De longe, o que mais agrada no filme. A cena final, ao som do clássico “Love Hurts”, é sensacional; além dos créditos de encerramento com o tema da série que também já se transformou na marca da franquia.

Marcus Vinicius
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