Com a pandemia do COVID-19, as salas de cinema se viram obrigadas a fechar suas portas temporariamente para conter o avanço da doença. Desta forma, estúdios e distribuidores se viram obrigados a encontrar diferentes formas de lançar seus filmes, como no streaming. Mas outro modelo também se mostrou possível: com a reabertura dos cinemas, algumas produtoras apostaram em um lançamento simultâneo nas salas e em plataformas de video on demand.

Nos Estados Unidos, um exemplo de estúdio que fez essa aposta foi a Universal, que fez um acordo firmando que os filmes do estúdio serão disponibilizados em VOD 17 dias após suas estreias nas salas de cinemas da rede – e teve um retorno positivo. Já aqui no Brasil, o mesmo está começando a acontecer. O longa “Não Vamos Pagar Nada”, com Samantha Schmütz e Edmilson Filho, foi lançado no último dia 8 nas poucas salas de cinema abertas no país, e agora estreia no novo serviço sob demanda do Telecine, o Première Telecine. 

Diferente do Telecine Play, que funciona como um catálogo de streaming, o Première Telecine exibirá somente longas com exclusividade, ou seja, que ainda não foram exibidos fora das salas de cinema. O serviço entrou no ar em 16 de setembro com o longa brasileiro “Três Verões”, de Sandra Kogut.

Em “Não Vamos Pagar Nada”, adaptação de peça italiana de 1974, Samantha Schmütz interpreta Antônia, que está desempregada e sem dinheiro até mesmo para comer. O marido (Edmilson Filho) não recebe salário há meses e o país todo está mergulhado em uma crise na qual o preço das mercadorias é remarcado sem parar e as pessoas perdem o emprego de um dia para o outro. Com raiva, Antônia sem querer cria uma revolução dentro da quitanda do bairro e todos os clientes saqueiam a loja. Ela, então, se vê obrigada a esconder o crime de seu marido e da polícia, que está atrás de todas as pessoas que levaram os itens do mercado. O longa também conta com Fernando Caruso, Flavia Reis e Flávio Bauraqui no elenco.

Aqui, João Fonseca faz sua estreia como cineasta depois de uma longa carreira no teatro e também no comando da série de comédia “Vai que Cola”, do Multishow. Ele usa o humor e até mesmo alguns jogos teatrais de cena para adaptar a obra quase nos moldes da economia brasileira durante o governo Sarney: economia em frangalhos, inflação alta, desemprego desenfreado. O resultado é uma comédia que escolhe o caminho mais absurdo para apontar as desigualdades que o homem é capaz de cometer em situações de desespero.

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