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Notícias   quarta-feira, 06 de maio de 2020

Cinemas ao redor do mundo planejam reabrir entre junho e julho, a tempo para a estreia de Tenet, de Christopher Nolan

Associações de cinema da Europa e Austrália se mostram otimistas, vendo o novo filme de Nolan como oportunidade para o retorno à ativa.

Cinemas ao redor do mundo planejam reabrir entre junho e julho, a tempo para a estreia de Tenet, de Christopher Nolan>

A pandemia do novo coronavírus causou uma crise mundial, expondo a vulnerabilidade dos sistemas de saúde pública de diversos países, e paralisando a economia. Com o risco de contaminação da doença sendo alto, desde meados de março os governos têm decretado a paralisação de serviços não essenciais, e a ordem para que os cidadãos fiquem em casa. Naturalmente, as redes de cinema, tanto como não essenciais e como grande perigo de contaminação, tiveram suas salas fechadas. Já faz cerca de dois meses de paralisação da indústria, e enquanto os estúdios lidam com adiamentos de grandes lançamentos e de gravações, as redes de cinema elaboram estratégias para voltarem a funcionar.

Com o calendário do verão americano de 2020 quase vazio, a próxima estreia é a de “Tenet”, novo filme de Christopher Nolan, programado para 17 de julho nos Estados Unidos. A Warner Bros. não adiou a data de estreia da produção, e o cineasta está trabalhando ativamente para que seu filme possa chegar aos cinemas na data prevista. Tendo isso em vista, algumas redes ao redor do mundo se preparam para que o longa de fato seja a estreia de retorno aos cinemas.

Os exibidores do Reino Unido planejam abrir as portas até o fim de junho. Em declaração à Variety, Phil Clapp, o chefe executivo da Associação de Cinema do Reino Unido, afirmou:

“Nós fizemos apresentações ao governo em relação às medidas de segurança que os cinemas do Reino Unido iriam colocar em efeito para o público e equipe à época da reabertura das salas, e pedimos que, com tais medidas em consideração, fosse permitido a reabertura dos cinemas até o fim de junho”.

Clapp enfatiza, no entanto, que a situação é volátil, e os cinemas irão agir de acordo com as indicações do governo frente ao risco apresentado pela COVID-19. As redes podem estar confiantes na capacidade de abrir as portas entre junho e julho, mas este cenário só será possível diante da autorização governamental. O Reino Unido se tornou o país com maior número de mortes causadas pela doença na última terça-feira (5), ultrapassando a Itália. O número chegou a 29.427 mortes.

O restante do mercado europeu tem a mesma esperança demonstrada pelo Reino Unido. A Vue International, uma das maiores redes de cinema do continente, planeja reabrir as portas até o meio de julho, com pretensões de começar nas próximas semanas na Dinamarca, Alemanha e Holanda. Cinemas na República Tcheca, Noruega e Islândia também já planejam voltar às atividades em breve.

Algumas das medidas de segurança planejadas incluem: salas com um número menor de pessoas, para que o distanciamento social possa ser mantido; horários de sessões mais espaçados para que uma higienização cuidadosa possa ser feita em cada intervalo; troca de ingressos sem contato físico com os caixas; estações de higienização na entrada do cinema. O uso obrigatório de máscaras e a checagem de temperatura também são medidas consideradas.

O dono da Vue International, Tim Richards, mantém-se otimista e acredita que uma abertura até o meio de julho é possível. Segundo ele, uma pesquisa feita pela Vue garante que o público está ansioso para voltar às salas (via Deadline):

“[…] assistir a um filme é a primeira ou segunda escolha de atividade de lazer em todos os nossos mercados. As pessoas querem sair, sentar e relaxar e ser entretidas – elas não querem ficar em uma sala com crianças gritando”.

Na Austrália a esperança é a mesma. A Associação Nacional de Operadores de Cinema, que representa as maiores redes do país, declarou nesta terça (5) estar entusiasmada “sobre a perspectiva de reabrir as portas” e espera “ter condições de fazer isso em julho” (via THR). Kristian Connelly, CEO da rede Cinema Nova colocou as esperanças no filme de Nolan, afirmando:

“Tenet é o totem que guiará a indústria para o seu ‘reboot'”.

Todos parecem estar de acordo em relação ao filme que colocará os cinemas em pé novamente, incluindo o próprio Nolan. Em um reporte feito no início de maio, o CEO da IMAX, Richard Gelfond, afirmou que não conhece “ninguém que está trabalhando mais para reabrir os cinemas e lançar o filme como Nolan”, declaração que gerou certa controvérsia no meio, visto que a saúde mundial ainda está frágil, e lançar um filme nos cinemas não devia ser prioridade.

O ângulo que acaba sendo colocado em foco, neste caso, é a ganância dos estúdios. A atitude da Warner de deixar “Tenet” programado para julho, assim como “Mulher-Maravilha 1984” para agosto, assim como a própria Disney, com “Mulan” programada para 24 de julho, é vista como falta de cuidado em relação ao público, que estaria sendo exposto em um momento ainda frágil. Porém, mesmo que os grandes estúdios de fato precisem voltar a lucrar com seus lançamentos, são as redes de cinema que mais estão correndo riscos financeiros, justificando-se assim a ansiedade em voltar a funcionar.

Christopher Nolan, em um texto publicado no The Washington Post em março, ressaltou a preocupação com as redes de cinema, que seriam as mais afetadas pela crise no entretenimento, e enfatizou que, como cineasta, seu trabalho “nunca pode ser completo sem esses trabalhadores e o público que recebem”.

As estimativas, caso o cenário em que “Tenet” chegue os cinemas se concretize, apontam para uma bilheteria relativamente baixa, mas que seria o suficiente para colocar os cinemas de volta à ativa, preparando terreno para os já mencionados “Mulan” e “Mulher-Maravilha 1984”. Bob Chapek, CEO da Disney, afirmou em reunião com acionistas, que reavaliará o caso dos futuros lançamentos de cinema depois da estreia de “Tenet”, e o impacto que isso causará no mercado.

“Nós teremos uma ideia de como está a situação em breve, porque um filme concorrente irá estrear uma semana antes do nosso. Então, nós temos esperança de uma semelhança de retorno ao normal em termos de números de salas que irão abrir e o número de sessões. Nossos dedos estão cruzados”, afirmou Chapek.

A Associação Nacional de Donos de Cinema, órgão das redes de cinema dos Estados Unidos, também planeja uma abertura gradual até julho. Este mercado é essencial para a normalização dos grandes lançamentos, mas, com o número de mortes por coronavírus já ultrapassando os 70 mil no país, é difícil imaginar um cenário em que aglomerações de pessoas seja possível (ou recomendável). Não há informações sobre a previsão de reabertura das salas da China, o segundo mercado mais importante para Hollywood.

No Brasil, a Abraplex, associação dos multiplex no país, também prevê que as redes possam começar a reabrir a partir de 30 de julho, uma previsão otimista, mas que pode acabar não acontecendo.

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Louise Alves
@louisemtm

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