Filmes com protagonistas femininas arrecadam mais que os protagonizados por personagens masculinos, segundo estudo
Pesquisa realizada pela Creative Artists Agency e Shift7 mostra o sucesso dos longas estrelados por mulheres.
“Trolls“, “Tartarugas Ninja: Fora das Sombras“, “Moana: Uma Mar de Aventuras“, “Divertida Mente” e “Mulher Maravilha“. Todos fazem parte de uma tendência, foram sucessos de bilheteria globais que tiveram mulheres em seus papeis principais (via New York Times).
De acordo com pesquisas da Creative Artists Agency (CAA) e da Shift7, empresa criada pela ex-diretora de tecnologia do Estados Unidos, Megan Smith, os principais filmes de 2014 a 2017 que foram protagonizados por mulheres arrecadaram mais do que os protagonizados por homens, sejam eles em qualquer faixa de orçamento. A pesquisa também descobriu que os filmes aprovados no teste de Bechdel, que verifica se a obra possui pelo menos duas mulheres que conversam entre si sobre algo que não seja um homem, tiveram performance melhor nas bilheterias do que obras que foram reprovadas.
De acordo com Christy Haubegger, agente da CAA, “a percepção de que não é um bom negócio ter protagonistas femininas não é verdade; elas são um ativo de marketing“. Ainda assim, lançar mulheres em papéis de liderança é mais exceção do que regra em Hollywood. As mulheres representam cerca de um quarto dos dos protagonistas dos principais filmes de 2017 e interpretaram aproximadamente um terço dos personagens principais, de acordo com um estudo da Universidade Estadual de San Diego.
O novo relatório da CAA faz parte de um esforço para pressionar Hollywood a colocar mais mulheres e pessoas de diferentes etnias na tela e nos bastidores, com os defensores argumentando que uma maior diversidade melhora a lucratividade. Em 2017, a agência já havia divulgado um relatório indicando que filmes com elencos multiétnico tiveram melhor desempenho nos finais de semana de abertura do que aqueles com elencos mais homogêneos. Este estudo foi elaborado em parceria com um grupo de trabalho da organização Time’s Up, idealizada pelas fundadoras do movimento no final de 2017.
O relatório da CAA e do Shift7 analisou os principais filmes nas bilheterias globais de 2014 a 2017, usando informações do Gracenote, um banco de dados e provedor de tecnologia da empresa Nielsen. O recorte temporal foi determinado pela CAA com base em um estudo sobre diversidade. O termo “protagonista” foi aplicado apenas ao artista listado em primeiro via Gracenote. Por exemplo, tanto em “Star Wars: O Despertar da Força“, quanto em “Star Wars: Os Últimos Jedi“, os protagonistas foram listados como homens: Harrison Ford e Mark Hamill, respectivamente, ignorando o fato de Daisy Ridley ter mais tempo de tela do que ambos e ter participado dos dois filmes. Já “Tartarugas Ninja: Fora das Sombras” teve como protagonista Megan Fox, e “Trolls” foi liderado por Anna Kendrick.
A análise foi baseada em 350 filmes com orçamentos listados no Gracenote. Destes, 105 foram liderados por mulheres e 245 por homens, Os dados foram subdivididos ainda mais pelo tamanho do orçamento, em parte porque os filmes feitos com mais mais de US$ 100 milhões são uma parte fundamental dos negócios e os autores do estudo decidiram que precisavam ser analisados em uma categoria própria. Nessa categoria, haviam 75 filmes dirigidos por homens e 19 filmes estrelados por mulheres.
As outras categorias foram divididas em filmes com orçamento menor que US$ 10 milhões; os de US$ 10 milhões a US$ 30 milhões, os de US$ 30 milhões e US$ 50 milhões e por fim, os com orçamentos ente US$ 50 milhões e US$ 100 milhões.
Em cada faixa, o salário médio dos filmes liderados por mulheres superou o de seus pares masculinos. O valor médio ou a média aritmética, que muitas vezes é considerada mais estatisticamente significativa porque reduz o impacto dos outliers, produziu os mesmo resultados, com uma exceção: na categoria com orçamentos entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões, a média de arrecadação para filmes liderados por homens foi de US$ 104 milhões, e para mulheres, US$ 102 milhões.
O estudo também extraiu informações do Bechdeltest.com, que aplicou o teste a 319 dos filmes analisados no relatório da CAA. Desses, 60% passaram. Os pesquisadores descobriram que nenhum filme entre 2014 e 2017 faturou US$ 1 bilhão sem passar no teste de Bechdel e nenhum filme fez US$ 1 bilhão sem passar no teste desde 2012.
Enquanto mulheres respondem por cerca de metade dos ingressos de cinema vendidos, Haubegger disse acreditar que o maior sucesso dos filmes estrelados por mulheres e pessoas de diferentes etnias pode ser atribuído a uma sede por novos enredos e também disse que a percepção de que tais filmes são arriscados significa que eles vão enfrentar mais escrutínio do estúdio desde o início.
Saiba Mais: Time's Up