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Notícias   terça-feira, 08 de maio de 2012

Pentágono recusou participar de Os Vingadores por “falta de realismo”

Militares não chegaram a um consenso sobre as relações de comando entre o Departamento de Defesa e a S.H.I.E.L.D.

O Pentágono sempre viu o cinema como uma ótima oportunidade para promover a imagem das Forças Armadas dos EUA. Lá, diferente do Brasil, o alistamento não é obrigatório e, por isso, os militares sempre buscaram formas criativas para incentivar o recrutamento dos jovens. O Departamento de Defesa já patrocinou eventos, games e, principalmente, filmes ao longo dos últimos anos, tentando passar a imagem de que o alistamento pode ser tão divertido como um bom jogo ou filme de ação.

A participação em filmes como a franquia “Transformers” ou o ainda inédito “Battleship – Batalha dos Mares” sempre foi uma constante, gerando economia para os produtores de Hollywood, já que os militares fornecem pessoal e equipamento de graça, em troca de exposição da imagem das Forças Armadas. Neste último, inclusive, o próprio Secretário de Defesa da Marinha, Ray Mabus, faz uma ponta.

Mas, quando foi convidado para participar de “Os Vingadores“, o Pentágono simples recusou qualquer envolvimento com o projeto que foi visto como “muito irreal”. Na verdade, o problema nem era a presença de um deus, um super-soldado, um monstro verde gigante e milhares de aliens invasores. Segundo o próprio Departamento de Defesa, eles não conseguiram encontrar uma relação entre a S.H.I.E.L.D., liderada por Nick Fury, e o Governo Americano.

“Nós não conseguimos conciliar a irrealidade de uma organização internacional deste tipo e o nosso lugar neste universo”, disse Phil Strub, responsável pelas relações do Pentágono com Hollywood. “Para quem a S.H.I.E.L.D. responde? Nós trabalharíamos para a S.H.I.E.L.D.?  Chegamos a um ponto em que nada mais fazia sentido. Nós encontramos uma barreira intransponível e não tínhamos como ir em frente”.  

Strub também explicou que os F-22 Raptors e F-35 Joint Strike Fighters que aparecem no Porta-Aviões voador da S.H.I.E.L.D. foram inseridos digitalmente no filme e não foram fornecidos pelo Pentágono. O Departamento de Defesa já tinha colaborado anteriormente com a Marvel em “Homem de Ferro” fornecendo  F-22 Raptors. Em “Os Vingadores” aparecem também soldados da Guarda Nacional Americana defendendo Nova York, mas não foi informado se eram figurantes ou membros reais da força militar reserva do país. Nos EUA, a Guarda Nacional pode ser chamada a agir pelos governantes em situações de emergências domésticas ou desastres, como os causados por furacões, enchentes ou terremotos.

No Universo Cinematográfico Marvel (diferente das HQs), o acrônimo S.H.I.E.L.D. significa Strategic Homeland Intervention, Enforcement and Logistics, traduzido livremente como Divisão Estratégica de Intervenção, Execução e Logística Nacional e deveria, teoricamente, estar na jurisdição do US Department of Homeland Security, o Departamento de Segurança Interna dos EUA, não o Departamento de Defesa.

Já que “Os Vingadores” se tornou a maior bilheteria de estreia de todos os tempos em um final de semana e caminha para se tornar um dos maiores sucessos de Hollywood, especula-se que o Pentágono fez um mau negócio e perdeu um boa oportunidade para fazer o excelente marketing das Forças Armadas, pois tudo que os fãs não esperam de um filme assim é “realismo”.

“Os Vingadores” é estrelado por Chris Evans (“Qual é o Seu Número?”), Samuel L. Jackson (“Pulp Fiction”), Scarlett Johansson (“Encontros e Desencontros”), Mark Rufallo (“Minhas Mães e Meu Pai”), Jeremy Renner (“Missão Impossível: Protocolo Fantasma”), Chris Hemsworth (“Thor”) e Robert Downey Jr. (“Homem de Ferro”), entre outros. O filme é roteirizado pelo diretor  Joss Whedon (“Serenity  – A Luta  pelo Amanhã”) em parceria com Zak Penn (“X-Men: O  Confronto Final”), entre outros.

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Neca Boullosa
@necaboullosa

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