Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 09 de julho de 2009

17 Outra Vez (2009): feito para meninas pré-adolescentes

"17 Outra Vez" é mais um filme para exibir o astro teen Zac Efron. Sem inovar, o longa-metragem prova que o jovem é capaz de carregar uma história previsível, divertindo as fãs adolescentes e os adultos por elas arrastados ao cinema.

Zac Efron tem carisma. Isso é inegável. Mas não são todos que reconhecem o talento do rapaz. É preciso muito talento para carregar, praticamente sozinho, um filme como “17 Outra Vez”, pouco original e bastante previsível.

Na trama, Efron é Mike O’Donnell, um garoto que, aos 17 anos, está no auge de sua vida. É o astro do time de basquete, popular, apaixonado e está prestes a conseguir uma bolsa em uma universidade, graças a seu talento para o esporte. É durante o jogo que irá decidir seu futuro que Mike descobre a gravidez de sua namorada. Como é um bom menino (para o suspiro garantido das adolescentes da plateia), o adolescente decide abandonar o basquete, a faculdade e, praticamente, seu futuro, para ficar com a garota que ama e dar início a uma família.

Vinte anos depois, Mike é vivido por Matthew Perry, um homem que, com quase 40 anos, alcançou muito pouco em sua vida. A garota com quem se casou agora quer o divórcio e os dois filhos adolescentes do casal vivem suas vidas tentando ignorar a existência dos pais.

É nesse contexto que Mike volta a ter 17 anos. Um dia, após uma estranha conversa com o zelador de sua antiga escola, ele retoma volta a sentir a vitalidade de um adolescente de 17 anos. A diferença aqui é que, ao invés de voltar ao passado, Mike tem 17 anos no presente e deve conviver com os próprios filhos enquanto estuda e tenta reconquistar o que perdeu quando era jovem.

A premissa é conhecida. Trocas de corpo, retorno ao passado, mudanças de idade. Os macetes são clássicos quando Hollywood quer fazer uma comédia com um ensinamento moral. O mesmo ensinamento que “O Mágico de Oz” construiu de maneira brilhante em 1939: “Não há lugar como o nosso lar”.

O diferencial de “17 Outra Vez” é o carisma do protagonista. Para segurar a química com Leslie Mann e garantir as risadas para os momentos de conflito de gerações, sem cansar, é preciso talento. E Zac Efron prova que o tem. Explorando a beleza que faz com que ele seja um dos favoritos entre as meninas de 13 anos, Efron conquista. Não precisa mais do que um sorriso e alguns rápidos passos de dança para convencer que, aos 17 ou aos 22, ele está no auge de sua carreira.

“17 Outra Vez” é uma reunião de piadas óbvias e resoluções fáceis, mas não deixa de ser divertido. O filme, assim como a grande maioria das comédias americanas, é um exemplo da obsessão de Hollywood e do povo norte-americano com o tema “high school”. Mike não consegue levar sua vida sem se lembrar das conquistas fúteis da adolescência. As figuras típicas estão todas lá. Da cheerleader ao nerd, sem esquecer o atleta valentão. Por serem exemplares tão conhecidos da plateia, não há muito espaço para inovar nas piadas ou nos conflitos paralelos.

A mão do produtor Adam Shankman, diretor de “Hairspray – Em Busca da Fama”, é óbvia. Sua experiência com filmes sem muita profundidade, mas bastante divertidos, parece ter guiado o diretor iniciante Burr Steers. O cineasta não ousa e abusa do carisma de Zac Efron, bem como do estereótipo nerd de Thomas Lennon, que interpreta o amigo de Mike, Ned, viciado em quadrinhos e ficção científica. A trilha sonora do filme é uma das grandes surpresas. A mistura de pop, rock e hip hop deve agradar aos mais jovens, sem cansar os mais velhos. As músicas ajudam a pontuar os momentos mais emocionantes sem exageros.

Não espere muito de “17 Outra Vez”. O filme foi feito para meninas pré-adolescentes e deve agradá-las sem esforços. O resto do público deve se divertir pouco com as referências isoladas às dificuldades da paternidade e ao mundo nerd.

Lais Cattassini
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