Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 02 de setembro de 2005

Ameaça Invisível – Stealth

Rob Cohen na direção é certeza de um filme bom, intrigante e repleto de ação. Um filme interessante que não foge do padrão, mas agrada se você não espera uma quebra de clichês.

Essa não foi a primeira vez e nem será a última que um filme abordará o tema da Inteligência Artificial. E tal tema geralmente nos trás excelentes filmes e personagens que marcam a história do Cinema. Quem nunca viu ou ouviu falar dos simpáticos C3PO e R2D2 da franquia "Star Wars"? Ambos são exemplos de que a Inteligência Artificial, apesar de algo ainda um pouco distante, já invadia o imaginário das pessoas em 1977. A verdade é que antes mesmo desses dois trapalhões intergalácticos, já tínhamos a idéia por trás dos circuitos cruéis de HAL 9000 em "2001, Uma Odisséia no Espaço" do mestre Stanley Kubrick. Muito parecida com o último citado, a máquina da vez em "Stealth" é uma aeronave militar e, assim como HAL, volta-se contra seus comandantes.

A Marinha Americana fabrica um bombardeiro secreto apelidado de Eddie. O equipamento é dotado de inteligência artificial e autonomia para a realização de vôos clandestinos. Uma equipe de elite é recrutada para a realização de testes da máquina, mas logo descobre que confiar na inteligência artificial, principalmente em cenários militares, pode se transformar num engano desastroso.

A idéia central é basicamente essa: será que uma aeronave pode ser mais bem pilotada por um computador do que por um ser-humano? Idéia que desde o início é intrigante e instigante. A partir do tema principal, o filme possui alguns pontos positivos. Enumerando, temos as ótimas atuações, mas não muito exigidas, de Josh Lucas (Tenente Ben Gannon), Jessica Biel (Kara Wade) e Jamie Foxx (Henry Purcell) nos papéis principais e ninguém menos que Sam Shepard como coadjuvante e eventual vilão da história. O segundo ponto positivo é que, além de herdar as características más, a aeronave ainda possui uma voz tão fria e quase que idêntica a de HAL 9000. Porém, enquanto HAL age por vingança e prazer, Eddie age por instinto natural. Isso mesmo, a nave passa a agir por instinto e busca destruir possíveis alvos militares inimigos dos EUA, o que torna o filme, em parte, interessante.

Responsáveis pelo lado flexível do filme, temos as diferentes personalidades, mas fiéis, das personagens de Josh Lucas, Jessica Biel e Jamie Foxx. O trio forma uma união quase imbatível, tanto no ar como em terra, e outro ponto positivo é a reação de cada um quanto à chegada do novo integrante robô. Enquanto alguns são absolutamente contra, Henry Purcell, personagem de Jamie Foxx é a favor da ajuda, apesar de não dar o braço a torcer.

Apesar de tanta ação, sempre tem que haver um romance na história pra agradar a gregos e troianos. Romance tolinho, desnecessário ao filme que de certa forma acaba com aquela amizade tão bonita mostrada até metade da história. Fora o romance sem fundamento, percebemos alguns exageros típicos de filmes de ação: vôos tremendamente rápidos, resgates absurdos, explosões, fugas, enfim, tudo no melhor estilo James Bond.

Mas se você está pensando que o filme é uma coisa neutra do início ao fim, você está enganado. Em certo ponto do enredo há uma reviravolta que agrada e que difere de muita trama parecida. Um filme interessante que não foge do padrão, mas agrada se você não espera uma quebra de clichês.

Bruno Sales
@rmontanare

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