Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quarta-feira, 21 de maio de 2008

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Desde os primeiros acordes da famosa trilha musical de John Williams, “Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal”, prepara o terreno para mostrar a que veio: entreter.

Com elementos de “Loucuras de Verão”, “Star Wars”, “E.T.”, “Contatos Imediatos do Terceiro Grau” e praticamente de qualquer sucesso das antigas matinês de aventura dos anos 30, 40 e 50, o filme é dotado de elementos nostálgicos imediatamente reconhecíveis que são capazes de despertar a criança adormecida até no mais aborrecido dos adultos.

Este novo capítulo de uma das mais bem sucedidas franquias na história do cinema mantém todos os elementos que a permitiram atingir este status: um herói surrado, coadjuvantes competentes, um par romântico (Karen Allen está de volta como a durona e ainda adorável Marion de “Os Caçadores da Arca Perdida”), elementos místicos e, naturalmente, muitas cenas de ação e perseguição.

No entanto, 19 anos se passaram desde a última aventura cinematográfica do famoso arqueólogo ("Indiana Jones e a Última Cruzada") e algumas mudanças mostram-se inevitáveis. A história se desenrola no ano de 1957, então saem de cena os nazistas pré-segunda guerra e entram os soviéticos comunistas da guerra fria.

Já na cena de abertura da película, vemos Indiana num depósito militar americano cercado de inimigos cuja líder é Irina Spalko, uma agente soviética especializada em fenômenos paranormais, interpretada de maneira impecável por Cate Blanchett. Com o característico sorriso no rosto e o indefectível chicote em mãos, Jones promove um espetáculo de ação que demonstra tanto sua boa forma física (e é claro, um exímio trabalho dos dublês), como serve de prévia para o que nos aguarda nas aproximadas duas horas de projeção.

Passando por cenários corriqueiros como a universidade onde leciona até atingir paisagens exóticas que culminam na porção peruana do Rio Amazonas e uma lendária cidade de ouro, o herói enfrenta não apenas seus inimigos declarados, mas uma série de desafios de cunho emocional que adicionam novas surpresas a já recheada biografia do personagem.

O humor se faz presente constantemente em forma de piadas e sacadas inteligentes que mostram um surpreendente vigor por parte dos realizadores. Há muito que George Lucas, criador e co-roteirista da série, não apresenta algo tão digno de sua fama na indústria hollywoodiana, e Steven Spielberg, que novamente toma as rédeas da direção, volta a fazer uma épica e bem-humorada aventura familiar.

A cinematografia apresentada está tão à frente de filmes de aventura como “A Lenda do Tesouro Perdido” ou “Tomb Raider” que é um tanto quanto embaraçoso até mesmo mencioná-los na mesma categoria. O time de atores, equipe técnica, efeitos especiais e designers parecem entender perfeitamente a maneira como Spielberg busca alcançar elementos físicos icônicos como, por exemplo, a já citada cidade de ouro ou uma série de gigantescas quedas da água de modo a extrair um sentimento de encantamento da platéia fortemente enraizado em fantasias e sonhos infantis.

O roteiro de David Koepp ("Homem-Aranha" e "Jurassic Park") pode não ser um perfeito exemplo de exposição equilibrada e dramaturgia, mas no final das contas não é isso que realmente importa. A mensagem aqui é clara: quando se trata de cinema de entretenimento, o que gostamos mesmo é de sermos levados com nossos heróis em aventuras de faz-de-conta para lugares inacreditavelmente belos e perigosos onde tudo é possível e com surpresas que superam nossas mais fantásticas imaginações.

Sandro Casarini
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