Publicado inicialmente na terça-feira (20), a notícia em questão teve múltiplas atualizações nos dois dias seguintes. Segue abaixo o reporte completo com as últimas atualizações.

Como publicado na terça-feira (20), pelo Deadline, o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, não produzirá mais filmes do Homem-Aranha. O fato se dá em razão dos estúdios Disney e Sony – dona dos direitos para cinema do herói – não terem entrado em novo acordo financeiro e criativo em relação à permanência do personagem no Universo Cinematográfico da Marvel. A discussão vinha ocorrendo nos últimos meses. Até o momento, apenas a Sony se pronunciou sobre a questão.

A Sony emitiu uma declaração esclarecendo e confirmando que de fato Kevin Feige não terá mais controle criativo sobre o Homem-Aranha, colocando ele para fora do MCU. O estúdio também parece indicar que apenas mais um filme solo do personagem na versão de Tom Holland ainda seria produzido. Veja a declaração abaixo:

“Muitas das notícias de hoje sobre o Homem-Aranha descaracterizaram recentes discussões sobre o envolvimento de Kevin Feige na franquia. Nós estamos decepcionados, mas respeitamos a decisão da Disney de não mantê-lo como produtor chefe do nosso próximo filme live-action do Homem-Aranha”.

“Nós esperamos que isso mude no futuro, mas entendemos que as várias responsabilidades que a Disney confia a ele [Feige] – incluindo todas as novas propriedades da Marvel – não permitem que ele tenha tempo para trabalhar em um IP que eles não possuem”.

“Kevin é incrível, nós estamos gratos por sua ajuda e apreciamos o caminho em que ele ajudou a nos colocar, no qual iremos continuar”.

Segundo as fontes iniciais do Deadline, tudo se resume, basicamente, a dinheiro. A proposta da Sony seria a de manter os termos atuais, onde a Disney/Marvel recebe na faixa de 5% da bilheteria e todo lucro de merchandising. Em um momento onde “Homem-Aranha: Longe de Casa” acaba de se tornar a maior bilheteria da Sony (US$ 1,109 bilhão arrecadados mundialmente) – sucesso que abriu portas para um relançamento nos EUA-, a proposta da Disney/Marvel seria de dividir o benefício da venda de ingressos em 50/50 daqui pra frente, o que não foi aceito pela Sony.

Já um artigo do Hollywood Reporter indica que a Disney buscava um aumento de 5 para 30% da bilheteria, não os 50% que o Deadline indicou. Ainda segundo fontes do THR, Tim Rothman, chefe da Sony Pictures, teria afirmado que: “já aprendemos tudo que poderia aprender da jogada de Kevin [Feige], e fizemos ‘Venom’ e ‘Homem-Aranha no Aranhaverso’ sozinhos”.

Já quanto ao acordo de merchandising feito em 2011 envolvendo o personagem, a Sony havia cedido os direitos para a Disney por um pagamento único de Us$175 milhões. Segundo elabora o THR, no acordo de 2015 entre Sony-Disney, uma cláusula foi colocada exigindo que a Disney pague um royalty de cerca de Us$30 milhões para Sony anualmente. No entanto, tal royalty estaria ligado ao sucesso dos filmes produzidos por Feige: quanto mais sucesso eles fizessem financeiramente, menor a taxa do royalty.

É interessante notar que quando o acordo inicial foi feito entre Sony e Disney, em 2015, a Marvel ainda estava na Fase 2 de seu Universo, ainda sem tanta influência como já atingiu agora com o fim de sua Fase 3. A Sony havia feito os dois “Espetacular Homem-Aranha”, e embora eles não tenham sido criticamente aceitos, a bilheteria foi mediana, não um fracasso total. O acordo, que foi acertado entre a produtora Amy Pascal e o presidente do Marvel Studios, Kevin Feige, foi simples: o Homem-Aranha participaria de “Capitão América: Guerra Civil” e Feige produziria dois filmes solo do Aranha junto a Pascal. O acordo foi feito logo depois do vazamento dos emails da Sony, em que Pascal foi severamente prejudicada, tendo saído da presidência da Sony Pictures. Depois do sucesso do personagem dentro do MCU, o acordo foi expandido para mais dois filmes dentro do Universo, com “Guerra Infinita” e “Ultimato”.

O contrato de Tom Holland é com a Sony, em um total de seis filmes, três solos e três conjuntos com a Marvel. Assim, o ator ainda teria obrigação contratual de participar de mais um filme do Aranha apenas pela Sony. Já Jon Watts, diretor dos dois filmes do Homem-Aranha no MCU, e contratado por Feige, estaria liberado de seu contrato e não precisaria voltar para o terceiro filme do herói.

O futuro do Homem-Aranha, e também de Tom Holland no papel, caso um acordo não se estabeleça entre as duas partes, estaria nas mãos de Tim Rothman e Amy Pascal. É válido lembrar que a Sony foi responsável pela animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” assim como “Venom”, ambos os filmes com sequências confirmadas. O estúdio também pretende fazer filmes solos dos vilões do Teioso, com “Morbius” já em produção e “Kraven” podendo ser o próximo.

No entanto, como argumenta Shawn Robbins, analista chefe do site de bilheteria BoxOffice, a quebra do acordo é ruim para ambas as partes.

“Se ambos os lados não chegarem a um meio termo, é um perda para todos. A Marvel não conseguirá resolver o cliffhanger do personagem em seus futuros filmes, o que é algo grande em se tratando de um de seus heróis mais populares. E a Sony, que teve sucesso antes, não conseguiu chegar a um 1 bilhão de dólares na bilheteria sem Kevin Feige e o envolvimento da Marvel”, explicou Robbins.

Embora a Sony possua os direitos para cinema do Homem-Aranha – adquiridos em 1998 -, todo o resto pertence à Marvel, e portanto, caso a Sony queira continuar seus projetos de TV e vídeo games, a renovação do contrato pode ser mais favorável, visto que, mesmo sendo áreas diferentes das empresas, uma decisão pode afetar diversas outras.

A Disney ainda não se pronunciou sobre o assunto. Neste fim de semana (23 a 25) acontece a convenção D23, onde novidades sobre o streaming Disney+ e os futuros filmes do estúdio são esperadas. É possível que alguma notícia sobre o assunto seja divulgada nesse período.

==

Falamos sobre a notícia no vídeo do canal do Cinema Com Rapadura:

Saiba Mais: Homem-Aranha: Longe de Casa