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Notícias   quinta-feira, 23 de maio de 2019

Estudo mostra aumento na representatividade LGBTQ em filmes de grandes estúdios, mas revela ausência de personagens transgêneros

Pesquisa realizada pela organização GLAAD analisou 110 dos principais filmes lançados no circuito comercial de 2018.

Estudo mostra aumento na representatividade LGBTQ em filmes de grandes estúdios, mas revela ausência de personagens transgêneros>

A organização norte-americana GLAAD (“Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação“, na sigla em inglês) divulgou seu estudo anual sobre representatividade LGBTQ em filmes dos principais estúdios de Hollywood. Em 2018, mais personagens LGBTQ estiveram presentes nos 110 filmes analisados, apesar da completa ausência de personagens transgêneros. Comédias e dramas foram os gêneros mais representativos, com filmes de nicho logo em seguida. Por outro lado, animações, filmes para toda a família e documentários não tiveram qualquer representação.

O relatório mostra que gays, lésbicas e bissexuais estiveram representados em 20 das 110 obras – ou seja, em 18,2% delas -, um aumento em relação a 2017, quando a representatividade foi de apenas 14,2%, a menor desde o surgimento deste tipo de estudo. Pela primeira vez, o número de personagens gays e lésbicas que apareceram nos filmes foi o mesmo – 11 para cada lado. Todavia, apenas três filmes possuíam personagens bissexuais.

Além disso, foi observada uma queda de 15% em relação a 2017 na diversidade étnica dos personagens LGBTQ. A principal mudança foi entre os LGBTQ de origem latina, que teve queda de 28,7%. Todavia, os seis personagens de origem asiática observados mostram uma importante evolução na representatividade desse grupo em relação ao ano anterior, quando simplesmente não foi representado.

A maior preocupação do estudo é com papéis transgêneros e não-binários, que estiveram completamente ausentes de todos os 110 filmes dos principais estúdios de Hollywood. Esse dado, aliado ao Índice de Responsabilidade dos Estúdios criado pela GLAAD, que analisa como personagens LGBTQ são usados na trama, mostra que os grandes estúdios estão consideravelmente atrás dos independentes e da televisão na representatividade desse grupo.

Com base nas análises, cada estúdio recebeu uma avaliação, que varia de “excelente” a “falha”. Nenhum estúdio recebeu o selo “excelente”, e só a 20th Century Fox e a Univeral foram consideradas “boas”, com filmes como “Bohemian Rhapsody“, “Deadpool 2“e “Com Amor, Simon” pela Fox e “Não Vai Dar” e “Green Book – O Guia” pela Universal. A Paramount e a Warner Bros. foram consideradas “insuficientes” e a Lionsgate e a Disney consideradas “falhas”.

Entre os sete anos já estudados, 2018 teve a segunda maior porcentagem de representatividade LGBTQ da história, atrás somente de 2016, que teve 18,4%. Apesar disso, o estudo deste ano destaca também que mais da metade dos personagens representados apareceram em menos de três minutos de tela.

Junto com o lançamento do relatório, a CEO da GLAAD, Kate Ellis, fez um pronunciamento onde exaltou determinados filmes que foram notadamente inclusivos e bem recebidos pelo público global:

Os lançamentos de sucesso de filmes como Com Amor, Simon‘, ‘Deadpool 2 e Não Vai Dar‘ trouxeram novas histórias LGBTQ para audiências ao redor do mundo e melhoraram a inclusão LGBTQ em filmes.

Além disso, ela enfatizou que ainda há áreas em que os estúdios podem melhorar, mas reconhecendo uma melhora geral na representatividade:

Ainda que a indústria do cinema deva incluir mais histórias de pessoas LGBTQ de etnias diversas e transgêneros, os estúdios estão finalmente atendendo às demandas do público LGBTQ e seus aliados pelo mundo, que querem ver mais diversidade nos filmes.

Os estúdios citados responderam enumerando seus vários projetos futuros que incluem personagens LGBTQ, desde musicais até animações.

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Tiago Fiszbejn
@tfiszbejn

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