Harvey Weinstein, produtor acusado de estupro e outros crimes sexuais, é preso em Nova York
Produtor se entregou nesta sexta-feira depois de ter sido acusado, por mais de 80 mulheres, de práticas sexuais criminosas.
O ex-produtor Harvey Weinstein foi formalmente preso e acusado nesta sexta-feira (25) por estupro e pela prática de outros atos considerados como má conduta sexual. Segundo informações da Variety, uma fiança de US$ 10 milhões foi estipulada por um tribunal de Manhattan, em Nova York. Ele pagou US$ 1 milhão em cheque administrativo, e concordou em não viajar para fora do Estado de Nova York e Connecticut sem autorização prévia da corte. Ele também concordou em usar um GPS especial como dispositivo de monitoramento, para poder responder o processo em liberdade.
Vestindo uma jaqueta escura e segurando uma pequena pilha de livros, Weinstein, de 66 anos, entregou-se à polícia no centro da cidade de Nova York, pouco antes das 7:30 da manhã (horário local), em um recinto sitiado por repórteres e câmeras de TV. Assista ao vídeo abaixo, postado no Twitter, que registra o exato momento de sua chegada à delegacia (via The Hollywood Reporter):
Uma hora mais tarde, pouco antes das 9:00, ele deixou a delegacia da polícia algemado. Pouco depois, ele apareceu em um tribunal de Manhattan na companhia de seu advogado, Benjamin Brafman, e entregou seu passaporte. Weinstein permaneceu de pé e em silêncio durante todo o processo, enquanto o promotor Joan Illuzzi-Orbon descreveu-o como usando sua “posição, dinheiro e poder para atrair jovens mulheres a situações em que ele foi capaz de violá-las sexualmente.” Weinstein foi acusado de estupro e outros atos sexuais criminosos.
A acusação de ato sexual criminoso relaciona-se com um incidente envolvendo a ex-atriz Lucia Evans (da série “Fair City”). Esta alega que Weinstein obrigou-a a fazer sexo oral nele, durante uma reunião profissional em 2004. A acusação de violação diz respeito a outra mulher, que ainda não foi identificada.
Brafman, o advogado de Weinstein, em uma breve declaração do lado de fora da corte, disse:
“O senhor Weinstein alegará sua inocência. Nós pretendemos agir muito rapidamente para descartar essas acusações.”
Ele ainda acrescentou que Weinstein sustentará que toda a atividade sexual em que ele se envolveu “foi consensual”.
A prisão de Weinstein ocorreu depois que mais de 80 mulheres o acusaram, no ano passado, de má conduta sexual, desencadeando um movimento anti-assédio que se espalhou pelo mundo – gerando movimentos como o “#MeToo” e o “Time’s Up” – e expôs a cultura de cumplicidade dentro da indústria do entretenimento, do esporte, da política e da mídia em geral. As primeiras denúncias – dentre elas a da atriz Rose McGowan (“Conan, o Bárbaro”) – foram o pontapé inicial para que várias outras mulheres tomassem coragem e pudessem falar das violências e assédios que acontecem na indústria cinematográfica.
Logo depois que as acusações vieram à tona em 2017, Weinstein fugiu para o Arizona, onde ele se refugiou e prometeu receber tratamento. Como novas acusações em cadeia surgiram por meio de ações judiciais e novas reportagens, ele emitiu negações gerais. Ele também chegou a se ver como um bode expiatório, alguém injustamente apontado pelas práticas questionáveis de homens poderosos em diversos lugares.
Após as acusações, Weinstein foi demitido da sua empresa e expulso da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas dos EUA e da Academia Britânica de Cinema e Televisão, responsáveis pelas premiações do Oscar e BAFTA, respectivamente. As polícias de Los Angeles, Nova York e Londres mantêm as investigações em andamento, enquanto a The Weinstein Company, a empresa do famigerado produtor, praticamente declarou falência.
Para entender melhor o caso envolvendo Harvey Weinstein, você pode assistir ao vídeo especial sobre o assunto, feito pelo Rapadura no YouTube, clicando aqui.
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