Terry Gilliam afirma que movimento #MeToo se transformou em uma “máfia”
Cineasta afirmou ainda que movimento é "simplista e bobo", mas que considera Harvey Weinstein "um monstro".
>O aclamado diretor e roteirista Terry Gilliam – de filmes como “Brazil: O Filme“, “Os Doze Macacos” e “Medo e Delírio em Las Vegas” e membro do grupo de comédia britânico “Monty Python” – envolveu-se em polêmica com o movimento “#MeToo” nesta sexta-feira (16). Em entrevista à agência de notícias AFP, o cineasta afirmou que muitas das denunciantes saberiam “que uma noite com Harvey Weinstein é o preço que se paga” por uma carreira com maiores oportunidades em Hollywood:
“É um mundo de vítimas. Acho que algumas pessoas se deram muito bem após terem se encontrado com Harvey e outras, não. As que se deram bem sabiam o que estavam fazendo. Todos são adultos, estamos falando de adultos cheios de ambição.”
Para Gilliam, o movimento tornou-se uma espécie de “máfia“, com as pessoas “carregando suas tochas e indo queimar o castelo de Frankenstein”. Ele ainda saiu em defesa do ator Matt Damon (“Pequena Grande Vida“), que em janeiro, afirmou que haveriam “escalas de assédio“, de acordo com as quais comportamento inadequado e estupro seriam coisas diferentes:
“Sinto pena de alguém como Matt Damon, que é uma pessoa decente. Ele veio a público e disse que a maioria dos homens não são estupradores e acabou sendo execrado. Ora, isso é loucura!”
Apesar de ter descrito o movimento “#MeToo” como “simplista” e “bobo“, ele ainda disse considerar Harvey Weinstein “um monstro” e alertou para a existência de mais pessoas com comportamento similar na indústria cinematográfica: “Não acredito que Hollywood irá mudar. O poder sempre leva vantagem – sempre levou e sempre levará“.
Harvey Weinstein está sendo investigado pelas polícias de Los Angeles, Nova York e Londres, apesar de ainda não ter recebido acusações formais. Ao todo, mais de 80 mulheres o acusam de assédio e abuso sexual até o momento. Através de porta-voz, ele vem negando todas as acusações. As primeiras denúncias – dentre elas a da atriz Rose McGowan (“Conan, o Bárbaro”) – foram o pontapé inicial para que várias outras mulheres tomassem coragem e pudessem falar das violências e assédios que acontecem na indústria cinematográfica. Após as acusações, Weinstein foi demitido da sua empresa e expulso das Academia de Ciências e Artes Cinematográficas dos EUA e Academia Britânica de Cinema e Televisão, responsáveis pelas premiações do Oscar e BAFTA, respectivamente.
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