Cinema com Rapadura

Notícias   quarta-feira, 08 de agosto de 2012

Diretor Matthew Chapman fala sobre seu novo longa, o suspense A Tentação

Cineasta ainda abordou a dura realidade dos roteiristas, seu apoio às causas LGBT e atuais e futuros projetos junto ao cinema brasileiro

O diretor britânico Matthew Chapman (“O Júri”) conversou com o Cinema com Rapadura sobre seu mais recente filme: o suspense “A Tentação”, estrelado por Liv Tyler (“O Incrível Hulk”) e Patrick Wilson (“Jovens Adultos”), que estreia no Brasil nesta sexta (10).

Aproveitamos a oportunidade para saber sobre outros projetos do diretor que, casado com a produtora e atriz brasileira Denise Dumont (“O Beijo da Mulher Aranha“), tem contribuído cada vez mais com a filmografia brasileira. Longe da direção por 14 anos – desde que dirigiu “No Coração da Noite” em 1988 – o cineasta saiu de trás das câmeras e se dedicou mais a roteirizar produções: 

“Eu dei uma pausa porque minha filha nasceu e, se eu dirigisse, eu perderia muito de seu primeiro ano de vida. Escrevi “Jogos de Adultos”, estrelado por Kevin Spacey e Kevin Kline e me interessei por várias questões sociais e políticas, escrevendo dois livros sobre o conflito (insano) entre o ensino do criacionismo nas aulas de ciência ao lado da evolução. Eu também escrevi um musical que já tem um produtor da Broadway definido. Estou de volta e quero continuar dirigindo.”

Sobre seu mais recente trabalho, “A Tentação”, que mistura thriller com drama, além de se passar em “tempo real”, Chapman comenta:

“Há sempre algum ‘conflito’ que envolve um thriller. De certa forma, não importa o que é – infidelidade, roubo, assassinato – porque a forma te leva junto. A questão em ‘A Tentação’ é filosófica. Eu queria usar um formato que trouxesse as pessoas para a história. É uma espécie de suspense filosófico para atrair o público feminino!”

Na trama, que envolve um triângulo amoroso entre um jovem sedutor, uma bela mulher e o marido dela, um religioso fervoroso, Chapman dá sua opinião sobre a relação entre a humanidade e a fé:

“O escritor norte-americano Sam Harris (‘A Morte da Fé’) disse recentemente: ‘O ateísmo é apenas uma maneira de limpar o espaço para melhores conversas’. Quando percebemos que é nosso trabalho cuidarmos de nós mesmos e do nosso planeta, a vida melhora em todos os sentidos. A religião conforta alguns mas, por outro lado, cria homens-bomba, homofobia e desrespeito institucionalizado com relação as mulheres. Pode ser difícil SER bom, mas não é difícil descobrir O QUE é bom. Fé não precisa de todos esses livros e controvérsias gigantescas e confusas para dizer: ‘trate os outros como você gostaria de ser tratado'”.

Tomando carona na resposta de Chapman e na questão da homofobia, seu próximo projeto, “Flores Raras”, dirigido pelo cineasta brasileiro Bruno Barreto (“Última Parada 174“), retrata o romance entre a escritora norte-americana Elizabeth Bishop e a arquiteta brasileira Lota Macedo, nos anos 50:

“O filme é uma história de amor entre duas mulheres inteligentes que eram fortes de maneiras muito diferentes. Fiquei muito feliz de estar envolvido neste projeto, pois sou grande defensor dos direitos da comunidade LGBT.”

Apesar de morar no exterior, a ligação familiar de Chapman com o Brasil é grande. Seu sogro, que não teve a oportunidade de conhecer em vida, foi Humberto Teixeira, compositor musical que teve sua vida retratada no documentário “O Homem que Engarrafava Nuvens” (vencedor dos prêmios de Melhor Filme e Melhor Trilha Sonora da Academia Brasileira de Cinema em 2011). Produzido por Denise Dumont, o longa contou com sua participação como produtor associado. Chapman comentou também sobre a obra do falecido sogro:

“Humberto Teixeira nunca conseguiu o crédito que merecia como letrista, muito menos como compositor. Aqueles que cantaram suas músicas, aqueles que eram vistos, ficaram com os créditos. Mas se você ouvir as canções que ele escreveu sozinho no início da carreira – letra e música – e as que ele compôs por conta própria no final da carreira, todas são lindas e melodicamente consistentes.”

E mostrou-se incomodado em como a situação se reflete no cinema:

“Eu acho que um roteirista tem muito em comum com um compositor/letrista. Roteiristas são subestimados. É difícil escrever um filme, exige muito do profissional. Você é a fonte de tudo. Sem você, nada acontece. Você lança o projeto e, em seguida, todo mundo se joga nele, o dirige e fica com a maior parte dos créditos quando ele é finalizado.”

Além de sua participação “Flores Raras”, Chapman abre o jogo e já adianta que podemos ver seu nome em futuras produções nacionais:

“Estou escrevendo um filme para [o cineasta] Daniel Filho, diferente de tudo que ele já dirigiu antes. É um thriller noir ambientado no Rio de Janeiro atual e um dos melhores roteiros que já escrevi. Estou muito orgulhoso deste roteiro e mal posso esperar para ver o que Daniel vai fazer com ele.”

Saiba Mais: , , ,

Léo Freitas
@LeoGFreitas

Compartilhe


Notícias Relacionadas