Cinema com Rapadura

Entrevistas   sábado, 19 de dezembro de 2020

[Entrevista] “Esse trabalho deve fazer de mim alguém melhor”, diz Patty Jenkins sobre direção de Mulher-Maravilha 1984

O Cinema Com Rapadura teve a chance de participar de um evento virtual com a cineasta, que contou sobre experiência em uma grande produção como esta.

[Entrevista] “Esse trabalho deve fazer de mim alguém melhor”, diz Patty Jenkins sobre direção de Mulher-Maravilha 1984>

Três anos após o sucesso de “Mulher-Maravilha” (2017), que marcaria a chegada da mais icônica super heroína da cultura pop ao cinemas, e daria abertura a uma nova era de filmes do gênero protagonizados por personagens femininas, em 17 de dezembro de 2020, tivemos a estreia do tão aguardado “Mulher-Maravilha 1984” no Brasil.

O longa, sequência direta do primeiro filme, nos coloca em 1984, onde encontramos Diana Prince (Gal Gadot) desconectada de relações humanas profundas, consequência do trauma causado pela perda de Steve Trevor (Chris Pine), mas salvando o mundo diariamente como a anônima heroína Mulher-Maravilha. Com um roteiro cheio de lições sobre coragem, altruísmo e honestidade, “Mulher-Maravilha 1984” consegue equilibrar nostalgia, emoção e ação para nos entregar uma sequência digna da personagem.

Um dos motivos do sucesso se repetir no segundo filme solo da heroína é, com certeza, o envolvimento de uma das nossas duplas dinâmicas favoritas: Patty Jenkins e Gal Gadot. Jenkins, além de produzir e roteirizar, também segue na direção da franquia. Gadot, por sua vez, produz e continua provando que é a única escolha possível para viver Diana Prince nas telonas.

Tanto em entrevistas quanto no produto final, fica nítido o carinho da dupla de produtoras pela personagem que, não à toa, nos traz tanto de suas visões sobre o que significa ser um símbolo positivo para o mundo. E vivendo tão intensamente a experiência e as dificuldades que envolvem uma superprodução como esta, era de se esperar que a essência de Diana Prince também acabasse sendo absorvida pela equipe responsável pela adaptação.

Em evento virtual com participação do Cinema Com Rapadura, Patty Jenkins nos mostra o quanto da Mulher-Maravilha vive dentro dela, quando fala sobre conseguir tirar lições dos momentos de adversidade e como seu trabalho de diretora deve ser feito de modo a fazer dela uma pessoa cada vez melhor, ao invés de alguém motivado pelo próprio ego e em busca de validação individual, traços encontrados em Maxwell Lord (Pedro Pascal) que é um dos vilões do novo longa.

CCR: Em produção de filmes no geral, mas também em termos do esforço de trazer uma personagem tão icônica à vida, eu imagino que vocês tenham atravessado muitas adversidades e nem todos os momentos devem ter parecido justos para vocês. Então eu gostaria de saber, se em algum momento você se sentiu como a jovem Diana no início do filme: como se estivesse aprendendo uma lição valiosa, mas não conseguisse compreender aquilo ainda.

Patty Jenkins: Eu com certeza enfrentei muitas dificuldades e eu tenho momentos de Mulher-Maravilha o tempo todo. Tanto da Jovem Diana quanto da adulta. São momentos em que eu realmente observo a humanidade, e esse ano foi um grande desafio por conta de algumas das coisas que eu vi a humanidade fazer, e sinto como se quase perdesse minha fé. Quando eu vejo todo o ódio e a negatividade, tenho que ter um diálogo interno e me trazer de volta para a ideia de que “não, nós temos que continuar nos esforçando para espalhar mensagens positivas e coisas boas para o mundo”.

Mas a parte mais interessante é que apesar de todas estas coisas ruins e das adversidades que enfrentei na minha carreira para chegar onde cheguei, eu sempre repeti para mim mesma que o melhor diretor é alguém cujo trabalho não é sobre ele mesmo. Alguém que se desafia constantemente para ajudar todos esses outros artistas e outros profissionais a brilharem. É quase como o trabalho de um pai ou uma mãe, por isso eu sempre repeti internamente que, se feito de maneira correta, este trabalho deveria fazer de mim uma pessoa melhor.

Se você abraçar esse ofício de outra forma, isso pode te transformar em outro tipo de pessoa, claro, mas eu sempre tento pensar em algo tipo “ok, essa situação está me chateando bastante, mas como é que eu posso usar isto para aprender a perdoar, sabe?”

Eu tento mesmo colocar isso na minha cabeça porque, do contrário, situações negativas podem te desgastar e acabar te derrubando. O trabalho de um diretor é encarar um problema após o outro, então se você não abraçar o processo e pensar “ah, isso é interessante. O que eu posso fazer para mudar isso?” essas situações podem acabar te derrubando. Ótima pergunta!

A busca por crescimento pessoal e a ideia de não desistir ou ceder aos seus próprios desejos em detrimento do bem maior, são o centro da narrativa de “Mulher-Maravilha 1984” e, quando vimos o quanto essas lições foram absorvidas pela diretora, fica mais claro do que nunca que o futuro desta icônica personagem está em ótimas mãos. O que também fica claro é que, assim como nos sentimos em relação à Diana Prince, é impossível não se apaixonar ou não se sentir inspirado pela existência de profissionais dedicados a fazer o seu melhor pelos personagens que amamos, como Patty Jenkins e Gal Gadot.

“Mulher-Maravilha 1984” está em cartaz nos cinemas brasileiros. Leia nossa crítica.

Saiba Mais: , ,

Cinema com Rapadura Team
@rapadura

Compartilhe


Notícias Relacionadas