Cinema com Rapadura

OPINIÃO   quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Efeito Borboleta 3: Revelação

Longe da genialidade do primeiro filme da franquia, mas também não tão descartável como o segundo, “Efeito Boboleta 3: Revelação” até que não é tão ruim quanto se possa imaginar para um filme que foi lançado diretamente em DVD no território americano e que, aqui, mais uma vez encontrou mercado para seguir carreira na telona.

Sam tem o poder de viajar no tempo. Só isso já é suficiente para imaginar o que vem a seguir. Com tal poder, ele pode ajudar a solucionar um misterioso assassinato da irmã de uma amiga de infância. Claro que as coisas não são tão simples assim. O ato de voltar ao passado representa inúmeros riscos, uma vez que ele pode mudar o passado e, assim, alterar diversos fatos envolvendo a vida de seus próximos e principalmente a sua. Dessa vez, a fórmula não foi eficiente e caiu na mesmice principalmente por sua previsibilidade.

Ao assistir a “Efeito Borboleta 3: Revelação” é impossível não voltar ao passado também e relembrar a genialidade do primeiro que serviu e serve de inspiração para muitos filmes até hoje. Surpreendente e inovador, o longa original da franquia que foi estrelado por Ashton Kutcher, veio com a fórmula certa, no tempo certo. Um estrondoso sucesso que poderia ficar em nossas lembranças para sempre, isso se não tivessem lançado dois outros filmes que em nada acrescentaram e, muito menos, conseguiram um desempenho semelhante ao primeiro. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que existem fãs da obra que desejam sempre a continuação, por pior que ela seja.

Dirigido pelo desconhecido Seth Grossman, o filme mostra vários sinais da falta de experiência do diretor. O principal é a inconstância da história que o tempo todo é marcada por mudanças de foco, em um momento visa o poder do rapaz e suas consequências, em outro foca em uma história de um assassino marcado pela crueldade e que faz uma série de vítimas que, por coincidência ou não, estão ligadas a ele. Com isso, o filme não se define e fica sempre em uma incômoda posição de falta de identidade.

Um fato intrigante vem ocorrendo com frequência em nosso território. Filmes que nos países de origem são lançados diretamente em DVD, aqui chegam e ganham exibição na telona e, assim, impressionam a todos com sua péssima qualidade diante das outras obras em cartaz. Vale ressaltar que no filme em questão, a má qualidade visual até que deu um aspecto aceitável a obra ao proporcionar cenas visualmente atrativas.

O roteiro de Holly Brix poderia ser melhor se não fosse tão cheio de furos. Em uma obra com tal temática, é muito importante que o roteiro esteja bem amarrado para evitar possíveis e quase sempre prováveis deslizes que possam comprometem o resultado. Isso ocorre no desfecho em que a reviravolta não chama tanta atenção quanto as suas falhas. Algumas perguntas surgem e as respostas não vêm justamente por não existirem.

As atuações são as mais irrelevantes possíveis. Chris Carmack até tenta, mas não consegue convencer na pele de Sam. O rapaz teria que se desdobrar para superar a sua falta de experiência e arrancar algo que o personagem não tinha, profundidade. Assim como ele, todo o elenco passa despercebido. Diferente do elenco, algo que se faz notável é a fotografia. Os tons escuros predominantes na obra dão um toque interessante à medida que eles proporcionam, pelo menos visualmente, o perfeito ambiente de suspense e, assim, o espectador entra na pele do personagem e não sai até achar as respostas que Sam procura.

Algo que também não teve um resultado agradável foi a edição. Alguns cortes bruscos prejudicaram cenas que poderiam ter sido mais adequadas à obra, uma vez que o tempo todo fica a impressão que faltou algo a ser mostrado. Isso dificulta ainda a percepção do foco da obra deixando a mesma mais confusa ainda. É impressionante como conseguem estragar a imagem de um filme único que fez história justamente por sua peculiaridade diante de um mercado tão copiado.

A terceira viagem da franquia promove 90 minutos de desconforto principalmente por ser uma sequência que não chega nem perto da eficiência do original. O longa não deve agradar principalmente por seu enredo repleto de falhas e reviravoltas que em nada ajudam a mesma. Mais uma volta ao passado desnecessária.

Marcus Vinicius
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