Cinema com Rapadura

OPINIÃO   sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Quatro Amigas e um Jeans Viajante

As qualidades de “Quatro Amigas e um Jeans Viajante” não lhe privam do rótulo de filme adolescente. Ao contrário, elas ajudam a perceber que tal gênero não está restrito a comédias apelativas e dramas insossos.

Quatro amigas de útero vão passar o verão distante umas das outras pela primeira vez em dezessete anos. Enquanto Lena (Alexis Bledel) visitará os avós na Grécia, Carmen (America Ferrera) pretende passar o verão inteiro com o pai pela primeira vez desde o divórcio. Bridget (Blake Lively), por sua vez, irá a um acampamento de futebol somente para garotas no México e Tibby (Amber Tamblyn) permanecerá na cidade natal trabalhando em uma rede de supermercados e gravando seu documentário.

Às vésperas da separação, elas descobrem em uma loja um jeans que de uma estranha maneira serve em todas elas, com seus diferentes tipos físicos. Fascinadas com a possível mágica, as quatro amigas decidem formar uma irmandade em torno do par de calças e dividi-lo durante as férias. Cada uma, então, teria direito a uma semana com o jeans na torcida de que coisas boas acontecessem quando o usassem. Não demora muito para que esse período tome rumo muito diferente do que elas imaginavam e que as levará a tomar atitudes que fortalecerão a sua fé e amizade.

“Quatro Amigas e um Jeans Viajante” esconde por trás de um argumento bobo e um filme adolescente dramas dignos de gente grande. É evidente o público-alvo que o diretor Ken Kwapis pretende atingir. Da escalação do elenco (duas das protagonistas saíram de famosas séries jovens da TV americana e outra se tornaria o maior sucesso latino nos Estados Unidos da última temporada) à trilha sonora, tudo está ali para agradar aos teens. Não me surpreende, no entanto, que uma parcela do público adulto se encante com as doces e divertidas personagens.

Doença terminal, perda de um dos pais, romance proibido e pais ausentes após o divórcio são dificuldades que um jovem pode enfrentar e vêm enfrentando nos últimos anos. Na atual geração, por exemplo, são problemas cada vez mais comuns. Apesar do tratamento dado ao filme, a seriedade dos assuntos permanece e é justamente esta dosagem certa de leveza e de drama que faz deste um filme cativante.

O elenco, apesar de jovem, traz duas grandes promessas das jovens atrizes de Hollywood. Tamblyn já foi indicada ao Globo de Ouro e ao Emmy por seu trabalho na série “Joan of Arcadia”. Já Ferrera é a mais recente ganhadora dos prêmios Emmy, SAG e Globo de Ouro como melhor atriz em comédia graças ao mais novo sucesso da televisão americana “Ugly Betty”. Quanto a Bledel e Lively, o trabalho das duas não se compara ao das primeiras, mas ainda assim elas não fazem feio.

Em relação aos apuros técnicos, o longa-metragem não apresenta nenhuma novidade, ainda que alguns planos e posições de câmera não sejam tão comuns a filmes do gênero. Entretanto, quem disse que um filme para ser bom precisa apontar novas tendências ou revolucionar a linguagem cinematográfica? “Quatro Amigas e um Jeans Viajante” é desses filmes que se baseiam no roteiro, ainda que com suas limitações. A mais notável talvez seja não agradar a todos os tipos de público, mas, aqueles que conseguirem enxergar a delicadeza e inocência da fita, características tão marcantes da juventude, terão momentos divertidos e emocionantes em frente à TV.

Igor Vieira
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